07 de agosto, de 2025 | 11:10

Irmão de acusada pela morte de Caio afirma que casal tinha relacionamento conturbado e dívidas com agiotas

Durante depoimento na noite de quarta-feira, a mãe de Caio, Arlete Aparecida Campos Rodrigues, contestou acusações e disse que o filho não tinha dívidas e nem agredia a esposa

Wellington Fred
Sessão do Júri foi retomada na manhã desta quinta-feiraSessão do Júri foi retomada na manhã desta quinta-feira

Foi retomada às 9h45 desta quinta-feira (7), a sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri da Comarca de Timóteo no Fórum Doutor Geraldo Perlingeiro de Abreu, que irá julgar se os réus Luith Silva Pires Martins, 41 anos, e João Victor Bruno Coura de Oliveira, 23 anos são os responsáveis pela morte de Caio Campos Domingues, ocorrida no dia 04 de abril de 2023, em Lavrinha, zona rural de Jaguaraçu.

No fim do primeiro dia de julgamento, João Glauceste Pires Martins, irmão de Luith também foi ouvido, e relatou que o casal não vivia bem e enfatizou que Caio Domingues era agressivo com a esposa. Pela manhã desta quinta, ele concedeu entrevista ao Diário do Aço e deu mais detalhes sobre sua versão apresentada perante a juíza e jurados. O vídeo completo pode ser assistido ao fim da notícia.

“Existe uma versão que as pessoas não conhecem. Nós decidimos ficar em silêncio durante esse período, para preservar nossa imagem familiar também, mas a Luith sofria diversos tipos de violência doméstica, tanto verbal, como física também. Isso foi relatado no júri ontem, nós apresentamos provas e evidências que foram demonstradas. Os filhos da Luith gravaram testemunhas em que eles presenciaram a mãe levando tapa na cara, gritos de madrugada, pedido do socorro da mãe onde ela corria para dentro do quarto dos filhos”, afirmou.

“O Caio, em presença de pessoas que o agradavam, que podiam o beneficiar, mantinha a pose de um bom marido, mas para família ele não tinha pudor”, continuou. João ainda justificou o motivo da irmã não ter feito nenhum registro contra o Caio devido às supostas agressões. “A Luith, apesar de tudo que ela vivenciou, acreditava no amor do Caio, como mulher, dona de lar e mãe dos filhos, ela queria manter a família unida. Então isso foi algo que ela sempre prezou, que a família se mantivesse unida e que o Caio iria mudar”, pontuou

Neste segundo dia de julgamento, está prevista a oitiva de oito testemunhas da defesa dos acusados. O primeiro a ser ouvido foi o delegado Jorge Caldeira, de forma remota, que deu detalhes de sua atuação no dia do assassinato aos jurados.

O réu João Victor é defendido pelos advogados Flaviano Dueli de Souza e César Junio. A defesa de Luith é composta por cinco advogados: Lorena Iara Vidal Santos, Larissa Alves de Oliveira, Heraldo Maria de Oliveira, Caio Barbosa Ulhôa e José Constantino Filho Coronel. Eles preferiram não se manifestar perante à imprensa.

Nos depoimentos tomados pelas testemunhas, a defesa procurou explorar a versão de que a vítima era violenta com a esposa, fato que a família da vítima nega ter conhecimento. Também inexistem registros policiais feitos por Luith em relação à violência doméstica.
Wellington Fred
Arlete reforçou a idoneidade de seu filhoArlete reforçou a idoneidade de seu filho

Primeiro dia
Na sessão desta quarta-feira (6), dentre várias pessoas que prestaram depoimento, esteve o prefeito de Timóteo, Vitor Prado, que na época dos fatos trabalhava na Polícia Militar e era o oficial responsável pela equipe tática que abordou e efetuou a prisão de João Victor na manhã seguinte ao crime, no distrito de Cava Grande. Vitor respondeu às perguntas da acusação e da defesa dos dois réus durante mais de duas horas.

O delegado Gustavo Cecílio foi o primeiro a ser ouvido. Ele também deu respostas relacionadas à apuração dos fatos por cerca de uma hora. Igualmente foi ouvido o policial militar Sebastião Lourenço, que atuou no registro da ocorrência no dia do crime.

Mãe de Caio
Arlete Aparecida Campos Rodrigues, mãe de Caio, passou mal durante o júri, foi conduzida ao hospital de Timóteo pelo Samu, mas retornou ao fórum para prestar depoimento. Sob forte comoção, ela relatou como era o relacionamento de Caio com Luith e desconheceu as supostas agressões do filho contra a então esposa. Ela também relatou que não tem conhecimento de que Caio tinha dívidas com agiota, mas confirmou que a acusada contraiu dívidas diversas.

Família da Luith reforça ameaça de agiotas
Ainda durante a entrevista ao Diário do Aço, João Glauceste afirmou que foi a partir de sua família que Caio começou a ter melhores condições, e que seu avô foi um avalista para que ele pudesse começar a graduação, por meio do programa Fies.

“O meu avô foi avalista para que ele pudesse estudar. Foi daí que ele começou a alavancar. A vida sempre existiu, porque o nome da loja Giftmania estava no nome do Caio, e o nome dele permaneceu sujo pelas dívidas que não foram pagas. Neste meio tempo tivemos diversas ameaças vindas de agiotas, inclusive que residem em Timóteo, e o Caio, na tentativa de sanar as dívidas, a pedido da Luith, ele exigiu que a casa onde meus pais moram fossem passadas para o nome deles. Como nós nos impomos, ele pediu que a metade da herança da casa da minha mãe fosse passada para o nome dele, e que a Luith só iria entrar em casa no momento em que ela passasse a parte dos bens dela na moradia para o nome dele, tanto que isso foi uma prova apresentada ontem durante o júri”, finalizou.
Wellington Fred
Joao Glauceste Pires Martins conversou com o repórter Wellington FredJoao Glauceste Pires Martins conversou com o repórter Wellington Fred

Denúncia do Ministério Público
Segundo a denúncia, Luith, esposa da vítima à época, teria arquitetado um plano minucioso para tirar a vida do marido, com o auxílio de João Victor, com quem mantinha contato há cerca de seis meses. O crime teria sido motivado por interesses financeiros, já que Luith possuía diversas dívidas. A acusada também pretendia se apropriar dos bens da vítima, bem como receber o valor do seguro de vida. Para tanto, teria prometido a João Victor o pagamento de R$ 10 mil para executar o homicídio.

Trabalham pela acusação dos réus os promotores de Justiça Frederico Duarte Castro e Jonas Junio Linhares Costa Monteiro, junto aos advogados assistente de acusação Ignácio Luiz Gomes de Barros Júnior, Marina Suda e Isla Karoline.

Ainda conforme a acusação, o crime foi cometido com motivo torpe e mediante promessa de recompensa, além de ter sido praticado com dissimulação, traição, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima. Caio foi surpreendido dentro de seu carro, com o cinto de segurança afivelado, sendo atingido por disparos de arma de fogo efetuados por João Victor. Luith teria dirigido o veículo até o local do crime, onde João Victor os aguardava escondido. Após os disparos, ela teria dado fuga ao executor e retornado ao local para simular tentativa de socorro.

Com o intuito de forjar um latrocínio, os denunciados teriam combinado a simulação do roubo de uma bicicleta que estava na traseira do veículo, a fim de justificar a morte da vítima como resultado de um assalto.
Além do homicídio qualificado, João Victor também responde por posse irregular de arma de fogo, já que a arma utilizada foi localizada em sua residência no dia seguinte ao crime.

Com a paralisação da sessão na noite de quarta-feira (06/08), os jurados - dois homens e cinco mulheres - foram levados de forma isolada para um hotel, onde permaneceram incomunicáveis até a retomada do julgamento nesta quinta-feira.

Caso condenados, os réus estão sujeitos a penas que podem variar entre 12 e 30 anos de reclusão apenas pelo homicídio, além de pena adicional prevista no Estatuto do Desarmamento.

Acesso restrito
A sessão é presidida pela juíza Marina Souza Lopes Ventura Aricodemes. Com um esquema reforçado de segurança, que será mantido nesta quinta-feira, o Tribunal do Júri da Comarca de Timóteo recebe, entre o público, familiares dos réus e da vítima, além do público, de acordo com as vagas existentes no auditório. Veja, abaixo, o vídeo com a entrevista de João Glauceste.



Já publicado sobre o julgamento:
- Acusação detalha provas contra réus no caso Caio Domingues em Timóteo prevê pena maior para a mandante
- “Eu acordo e durmo pensando nele”, diz irmã de Caio Domingues ao pedir por justiça
- Acusados da morte de Caio Domingues serão julgados nesta quarta-feira em Timóteo
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Comentários

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O Crítico

08 de agosto, 2025 | 10:09

“Nenhum é santo nessa história. Só que dois cometeram um crime hediondo”

Marilene

07 de agosto, 2025 | 16:27

“Experiência própria:
Meu sobrinho declarou durante o juri popular que a mãe era cheiradora de cocaína, garota de programa; que a minha mãe guardava o pó para ela. Que ele encontrou no criado um pó num papel...
O promotor Francisco de Assis Santiago disse: você acabou de matar a sua mãe pela segunda vez, com o objetivo de defender o pai.

O que uma defesa é capaz de fazer ???”

Amor

07 de agosto, 2025 | 13:45

“O irmão fala que ela acreditava no amor e outros melodramas.

Imagina se fosse amor, se não fosse pela união, pelo resguardo da família, inclusive os filhos que agora estão sem o pai e com uma família dividida???

A turma do amor!”

Marimg

07 de agosto, 2025 | 13:40

“Se agredia a esposa, temos leis para isto. Mas, ela, então resolveu fazer justiça com as próprias mãos.

O irmão, família, amigos tem direitos de falarem o que quiserem. Não significa que seja verdade.”

Pereba

07 de agosto, 2025 | 12:44

“Morto não fala, tem que ter alguma narrativa, se tem dívida com agiota, e fácil, chama o camarada, e pergunta quem que fez a dívida, simples assim.
Mas não tem escape, crime pesado.”

Alvaro

07 de agosto, 2025 | 12:15

“Isso mesmo João, fala toda a verdade. As pessoas precisa saber que Caio não era esse santo que todo mundo pensa. Nada justifica tirar a vida dele, mas TODA A VERDADE precisa ser dita né familia Campos Domingues.”

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