13 de fevereiro, de 2023 | 08:04
Brasil tem mais de 281 mil pessoas em situação de rua
Pobreza extrema, que empurra pessoas para fora de residências cresceu 38% nos últimos três anos, aponta estimativa do Ipea
Alex Ferreira/Arquivo DA
O salto em três anos foi de 21% ? 232.147 pessoas ? para os atuais 281.472 brasileiros vivendo nessas condições; quando a conta é ampliada para uma década, o crescimento foi de 211%

O Instituo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) calcula que 281.472 pessoas estão em situação de rua no país, uma alta de 38% em relação a 2019. Os dados constam em reportagem divulgada no fim de semana pelo jornal O Globo. Quem costuma viajar a Belo Horizonte de ônibus consegue ter uma ideia da realidade da população morando nas ruas. É impossível passar pelo centro da capital mineira e não se assustar com a quantidade de pessoas morando embaixo de marquises e viadutos. A realidade grita em cidades de pequeno e médio porte também. É impossível não perceber que o Centro de Ipatinga e outras áreas públicas têm presença de pessoas em situação de rua.
O país carece de dados oficiais sobre pessoas em situação de rua. Essa população ficou de fora inclusive do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contempla apenas pessoas domiciliadas.
Apesar de não ser o único motivo, a falta de renda é a principal causa a levar uma pessoa a viver em situação de rua, afirma Marco Natalino, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"O fator econômico inclui falta de renda e de oportunidade de trabalho nos locais de moradia. Isso se manifesta também no caso de pessoas que até têm uma habitação longe dos grandes centros, mas passam a semana ou vários dias dormindo de forma improvisada nas ruas e trabalhando como lavador de carro, ambulante e outras coisas”, diz Marco Natalino em entrevista ao jornal.
Mapeamentos são essenciais para a elaboração de políticas públicas voltadas a essas pessoas. O estudo conduzido por ele justamente com esse objetivo estima o tamanho da população em situação de rua com base em dados de prefeituras e do Cadastro Único, do governo federal.
Os números consolidados de 2022 apontam pelo menos 281.472 pessoas vivendo nas ruas pelo país, o que representa uma alta de 38% em relação a 2019, período pré-pandemia.
Quando a conta é ampliada e abrange o ano de 2012, o salto foi de 211% em uma década em 2012, eram 90.480 pessoas sem um teto no Brasil. Em 2022 saltou para 281.472 pessoas.
A partir de 2015, houve crescimento da população em situação de rua motivado pelo fator econômico, com aumento do desemprego, da informalidade, queda da renda e da alta da pobreza”, analisa o pesquisador, apontando o agravamento da situação com a crise sanitária de Covid-19.
Com a dificuldade de consolidação de dados por parte do poder público, os números reais, no entanto, podem ser ainda maiores.
O estudo aponta, também que a crise financeira gerada nos dois anos de vigência da pandemia de covid-19 também influenciou no crescimento das pessoas em situação de rua. Os que viviam de bicos”, sem renda oficial, ficaram impedidos de realizar qualquer trabalho, não conseguiram dinheiro para alugueis e muitas pessoas se viram na situação de ter que ir morar na rua.
Além do fator econômico, Natalino aponta outros dois conjuntos de elementos que levam a essa realidade: a quebra de vínculos familiares e comunitários, que formam a primeira rede de apoio, e os aspectos ligados à saúde mental, que incluem o vício em drogas lícitas ou ilícitas.
Fonte: Ipea


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Como frear o crescimento da população em situação de rua?
Frear o crescimento da população em situação de rua é um dos desafios do atual governo. O primeiro passo para aprimorar as políticas públicas voltadas à população em situação de rua é melhorando os indicadores, diz Natalino. Precisamos, primeiro, conhecer melhor essa realidade, para aí podermos tratar adequadamente”, aponta Marco Natalino.
Em seguida, o pesquisador elenca alguns pontos considerados essenciais para amenizar a situação:
Políticas de transferência de renda - São uma espécie de vacina” contra os efeitos deletérios da pobreza sobre a vida das pessoas, afirma. Há uma política de seguro desemprego. Mas, muitas vezes, como não há emprego formal pra essa população, o ideal são políticas de transferência de renda como o Bolsa Família.”
Seria interessante pensarmos em transferências de renda pontuais para as situações de choque econômico. Às vezes é o desemprego ou a morte da pessoa provedora econômica da família que leva a essa situação de vulnerabilidade. E pode resultar não só em uma situação de rua, mas uma série de outros problemas derivados da pobreza”, alerta.
Melhora na infraestrutura da assistência social - Isso inclui um atendimento mais digno em espaços de convivência e atendimento psicossocial, além da melhora dos albergues e dos abrigos sociais, com ambientes mais limpos e tratamento de melhor qualidade. Eu chamo esse aspecto de reordenamento institucional das políticas de assistência social”, diz o pesquisador.
Políticas de saúde - O destaque negativo vai para a exclusão dessa população dos equipamentos de saúde. Às vezes a pessoa chega lá sem documento e não é atendida. Ou chega em uma situação em que é estigmatizada e não consegue atendimento. Isso tem que mudar."
Políticas habitacionais - É um aspecto que vem ganhando força, afirma Natalino. Ele explica que existe uma tendência entre especialistas, sociedade civil e governos municipais, estaduais e federal de adotar uma metodologia de 'moradia primeiro'. Ou seja, identificar a situação de rua como um problema, antes de tudo, de falta de moradia. E, a partir daí, pensar em políticas habitacionais.”
É interessante porque alia o acesso à moradia a serviços de assistência social e serviços psicossociais, para que a pessoa consiga botar sua vida nos eixos. E é o que a experiência internacional mostra que tem melhor resultado”, conclui.
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Pastor Ateu.
13 de fevereiro, 2023 | 08:48E muitos dessas pessoas são foragidas da justiça que jogam os documentos fora pra não serem mais identificadas...outras vão para a rua porq querem a liberdade de não terem mais compromissos com nada e nenhuma conta pra pagar...e outros são como o mendigo Givaldo, esperam uma oportunidade de virar celebridade...”