07 de fevereiro, de 2023 | 08:50
Vale do Aço tem a maior população em situação de pobreza e de baixa renda do interior de Minas
Arquivo DA
Os quatro municípios da RMVA totalizaram 92.945 habitantes com renda familiar mensal de até R$ 210 por morador

Os quatro municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço concentram a maior população total em situação de pobreza e de baixa renda do interior de Minas Gerais. O Levantamento foi realizado pelo Observatório das Metropolizações Vale do Aço do IFMG Ipatinga, com base no Cadastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais do Governo Federal, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo também acumulam o maior percentual de pobres entre as maiores aglomerações urbanas do estado, fora da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Juntos, os municípios encerraram 2022 com 92.945 pessoas em situação de pobreza e com 184.331 pessoas em situação de baixa renda.
Critérios
Em números percentuais, a região também se posiciona como a aglomeração urbana que concentra a maior proporção de pessoas em situação de pobreza no interior mineiro (21,99%), mas é superada por Governador Valadares em população de baixa renda (47,98% contra 43,61%).
Pelos critérios do CadÚnico, são consideradas pessoas em situação de extrema pobreza aquelas com renda familiar mensal de até R$ 105, considerando a soma das rendas de todos os moradores dividida pelo total de residentes no domicílio; enquanto são consideradas em situação de pobreza as pessoas que residem em domicílios com renda somada e dividida por todos os moradores da casa entre R$ 105,01 e R$ 210. Já as famílias com renda mensal total de até três salários mínimos (R$ 3.906) ou com renda de até meio salário mínimo por morador (R$ 651) são consideradas como baixa renda.
Pobres e de baixa renda
Considerando as somas dos residentes, a região, com uma população de 422.684 habitantes, de acordo com a prévia do Censo Demográfico divulgada em 25 de dezembro de 2022, lidera o número de pessoas em situação de baixa renda e de pobreza entre as maiores aglomerações do interior de Minas Gerais. Juntos, os quatro municípios da Região Metropolitana totalizaram 92.945 habitantes com renda familiar mensal de até R$ 210 por morador registrada na base do CadÚnico ao fim de dezembro passado.
O número chega ser superior ao de Uberlândia, que com 725.536 habitantes na prévia de 25 de dezembro do IBGE, registrava 80.402 moradores com renda familiar mensal de até R$ 210 por pessoa. Montes Claros registrava 76.702 moradores nesta faixa, Juiz de Fora somava 75.300 pessoas em situação de pobreza, Governador Valadares aparecia com 51.797 moradores nesta situação e Uberaba somava 43.776 habitantes nesta faixa de renda.
Dentro do Vale do Aço, proporcionalmente, Ipatinga, com 50.475 pessoas (23,91%), e Santana do Paraíso, com 8.756 moradores (23,52%), eram os municípios com o maior número de moradores em situação de pobreza em dezembro de 2022; enquanto Timóteo, com 13.482 residentes ou 17,32% da população, era o município com o menor contingente populacional nesta situação.
No que diz respeito à população de baixa renda, porém, a região lidera no total absoluto, mas é superado por Governador Valadares no percentual de pessoas nesta situação. Enquanto Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo somaram 184.331 pessoas com renda mensal de até três salários mínimos ou com renda familiar de até meio salário mínimo por morador, o que corresponde a 43,61% da população residente, considerando a prévia do Censo Demográfico do IBGE, Valadares registrava 125.944 moradores na base do CadÚnico, o que corresponde a 47,98% de sua população residente.
Na região, a proporção de pessoas de baixa renda era maior em Coronel Fabriciano, que somava 46.206 moradores nesta condição (47,82%), seguido por Santana do Paraíso (17.705 residentes em situação de baixa renda ou 47,71% da população). Ipatinga somava 93.900 domiciliados em situação de baixa renda (44,48%), enquanto Timóteo, com a proporção mais baixa da região, somava 26.520 moradores (34,06% da população).
Combate à pobreza passa pela educação
Entretanto, como lembra o coordenador estatístico e de pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço, o geógrafo William Passos, no longo prazo, o combate à pobreza passa pela educação. Apesar do importante papel das políticas de transferência direta de renda, como o Bolsa Família, que motivaram a criação do CadÚnico dos Programas Sociais do Governo Federal, estas políticas só combatem as necessidades mais urgentes de alimentação, roupa e manutenção da moradia, isto é, tratam-se de políticas com caráter assistencial de combate à vulnerabilidade.
Efetivamente, o combate à pobreza se faz com geração de emprego formal, algo que vem acontecendo nos quatro municípios da Região Metropolitana. Contudo, no longo prazo, a forma mais eficaz de combate à pobreza é o investimento em educação, mas não em qualquer educação. É o investimento em educação de qualidade, e nisso o governo federal certamente poderia ajudar o Vale do Aço, com a expansão do IFMG já instalado em Ipatinga, com a ampliação do Cefet, como o que temos em Timóteo lembrando que a expansão ou ampliação pode se dar também com a criação de novas unidades em outros municípios da região , mas, sobretudo, com a instalação no Vale do Aço de uma universidade”, alerta.
Ele acrescenta que das regiões mais importantes de Minas Gerais, o Vale do Aço é a única que não tem uma universidade pública, nem federal nem estadual, o que ele considera como um absurdo”. Para William, uma saída alternativa poderia ser a verticalização do IFMG, oferecendo mais cursos superiores e até mesmo cursos de mestrado e doutorado.
Apesar de a Universidade Federal de Ouro Preto manter cursos superiores à distância na região, William considera insuficiente. Para ele, cursos dessa modalidade, em que pese seu importante papel social de acesso, não impactam a economia local com o que ele classifica como economia universitária”, isto é, setor imobiliário, hospedagem, alimentação, comércio, entretenimento e lazer.
A renda dos estudantes traz um enorme impacto à economia local, movimentando setores intensivos em contratação de mão de obra, como, por exemplo, o setor de alimentação. Com este impacto, os estudantes trazem emprego formal, massa salarial e formalização de novas empresas, o que, por sua vez, ajuda a combater a pobreza”, conclui.
Publicado anteriormente:
Camada rica do Vale do Aço acumula patrimônio líquido de mais de R$ 13 bilhões
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Aqui é Eu de Novo
12 de fevereiro, 2023 | 14:17Duas opções : "que pode ajudar ,a alavancar o vale do aço ,neste ranque ,uma ;é a retirar os que já são aposentados, que ainda estão fazendo,parte de diretoria de sindicatos e a outra é retirar os indicados que também já são aposentados e que ainda mamam, na teta do dinheiro público isso ,não resolveria !!!mas ajudaria!!”
Cidadão Que Estuda
11 de fevereiro, 2023 | 19:07Sr. Welton de Oliveira, minha sábia avó já me dizia: "quem fala muito dá bom dia a cavalo". A Sra. Amanda lhe deu uma aula, de tamanha enVERGAdura, que se eu fosse o senhor mandava mensagem aos jornalistas para remover seu vergonhoso comentário. Cruzes!”
Amanda
11 de fevereiro, 2023 | 12:36Sr. Welton de Oliveira, não são os "benefícios sociais" de fato a causa da escassez de funcionários aptos a preencherem as vagas de grandes empresas, a educação de base sem qualidade é um degrau para esse agravo. Antes de criticar se informe da razão e do porque os serviços sociais existirem. Na pandemia com a liberação do auxílio Brasil sem rastreio de pagamento até mesmo candidatos a vereadores chegaram a receber o benefício pago pelo governo, não foram um ou dois. Não é a existência dos benefícios de assistência que causa essa realidade, é a exigência absurda. As escolas públicas não ensinam as crianças a pensarem, elas são treinadas, quando chega a época de provas de desempenho do governo federal as crianças dias antes são ensinadas a decorar. Portanto, se informe. Visite famílias que fazem bom uso da oportunidades de assistência garantidas por lei e pela nossa constituição. Passar bem!”
Welton de Oliveira
11 de fevereiro, 2023 | 08:18Pode ter certeza! Maior parte desta população considerada em situação de pobreza está vivendo às custas do governo, recebendo bolsa família ou algo parecido.
E enquanto isso as empresas de todo Brasil com déficit de mão de obra. Tirem esses auxílios e vejam grande parte dos problemas de falta de mão de obra serem resolvidos.”
Amanda
11 de fevereiro, 2023 | 00:22"A pior pobreza do ser humano é a pobreza mental", a falta de senso crítico, a falta de sensibilidade a dor e compreensão com os semelhantes, a prepotência em se achar melhor em alguma coisa, o uso abusivo do chamado abuso de poder, a falta da consciência de classe tornou o vale do aço "no novo tempo" sem nada de novo em relação a valores ,vivemos em tempos de regresso moral, social e humanitário.”
Aqui é Eu
09 de fevereiro, 2023 | 08:25Está faltando equilíbrio !!!! os empresários do setor metal mecânico reduzem suas margens de lucros, com isso os salário dos trabalhadores do setor dende a aumentam, o setor público enxuga a máquina administrativa arrancando os indicados/militantes aí há um possível equilíbrio."pois empresa grandes, temos !!!mão de obra qualificada , também temos ,mas temos o contra peso vários indicados/militantes com salários autos e muitos desses já são até aposentados e ficam ainda mamando na teta do dinheiro público !!!! e com isso dificultando até a maior valorização ainda mais dos concursados.”
Mineirinha
08 de fevereiro, 2023 | 15:26Se Bolsonaro tive continuado no governo esse número de pobres no Vale do Aço acredito que iria aumentar muito, pois infelizmente no Vale do Aço tem muitos pobres quê apoiam ele e preferem ficar olhando igreja e passar necessidades. Se Deus quiser e todos fizerem a sua parte vamos vencer em nome de Jesus Cristo.”
Evaldo de Paula Reis
08 de fevereiro, 2023 | 06:36Muito estranho essa reportagem, Ipatinga em 9° no PIB estadual, à frente de Montes Claros. Governador Valadares nem aparece entre as 10. Como assim? Tem alguma explicação?”
Canhotinho
07 de fevereiro, 2023 | 22:49Na minha leitura de ambiente, essa matéria está um pouco equivocada. Estão armando barraca para receber currículos na região, empresas atrás de mão de obra para início imediato. Citarei aqui algumas da região: USIMEC, Sankyu, Convaço, Coelho Diniz e etc. Como assim maior situação de pobreza do interior mineiro? Não estou falando que o salário é aquém do que se deveria pagar, isso é outro assunto. Mas só o preenchimento destas vagas já é o suficiente para rever essa matéria.”
D2
07 de fevereiro, 2023 | 22:26O interessante q as empresas não está achando mão de obra! Melhor pingar do q faltar !!!”
Paulo
07 de fevereiro, 2023 | 16:55E o bozo ganhou disparado no vale do aço. Hj seja temos muitos pobres de direita, Será que tem alguma coisa a ver com religião?”
Celio Cunha
07 de fevereiro, 2023 | 16:27A pobreza é um câncer alimentado pela burguesia; ela tudo tem/pode, ter bons carros, morar nos melhores quadrantes das cidades, ter a melhor segurança- do estado- melhor saúde - do sus sempre no jeitinho- melhores cargos comissionados etc. Lado outro; é contra a ascensão do pobre, acha que o pobre tem que gostar do restos, que ser pobre é sinônimo de quem não pode viajar, não precisa de lazer, que ele deve morar mesmo é nas favelas e por aí vai o pensamento dos ricos deste país, em relação ao pobre. Mas sobre o apontamento da matéria, só não percebe o empobrecimento, não só do vale do aço mas comumente de todo o país, quem não tem sensibilidade, porque ela está aí batendo a porta para todos verem. Defendemos no passado e continuaremos a defender que é uma vergonha para as autoridades do Vale do Aço, ainda não termos uma UNIVERSIDADE PÚBLICA, para alcançar tudo isso que concluiu com brilhantismo o sr Willian.”
Daniel Florentino de Souza
07 de fevereiro, 2023 | 14:45Alguma coisa errada não está certa vão nos clubes de nossa região finais de semana tudo lotado na lagoa Silvana não acha nem lugar pra fazer um churrasco, bares lotados shows lotados.muito cuidados com esses dados”
Gildázio Garcia Vitor
07 de fevereiro, 2023 | 13:18Os Professores das redes municipal e estadual de Ipatinga temos vivenciado esta realidade no dia a dia, principalmente no retorno das aulas presenciais a partir de 2021. São muitas as crianças e adolescentes que têm como principal refeição do dia, quando não a única, a merenda oferecida pela Escola.”
Lucimar
07 de fevereiro, 2023 | 13:07O servidor público de Fabriciano por exemplo, não tem aumento real e nem mesmo recomposição da inflação há tempos. A maioria está com certeza na lista de baixa renda.”
Edmilson "eu Mesmo"
07 de fevereiro, 2023 | 12:41É a nova classe que nasceu no governo do bozó! Vendem o almoço pra salvar a janta, mas querem a volta da ditadura. E a maioria deles tem motocas e participou da motociata do minto.”
Eu
07 de fevereiro, 2023 | 12:34Os pobres metidos a ricos de Ipatinga e região...passam fome pra poderem ter carros e iPhone, muitos vivem de pequenos e grandes golpes, frequentam shopping e as igrejas chics pra serem abençoado$...”
Antonio M.
07 de fevereiro, 2023 | 12:33Matéria interessante! Alguém se lembra do percentual nessa região que elegeu, apoiou e tentou reeleger o bozó? E desse percentual da estatística, quantos deles andam de moto e participaram da motociata do bozó? rs”
Francisco Xavier Nunes
07 de fevereiro, 2023 | 11:44Precisamos mudar esta historia depressa! Socorro gestores publicos.
Muda brasil, depressa.”
Edimir Rodrigues
07 de fevereiro, 2023 | 10:59SÓ PARA LEMBRAR QUE QUANDO AS GRANDES EMPRESAS DA REGIÃO ERAM ESTATAIS A REGIÃO FIGURAVA NO TOPO DO ESTADO. AINDA EXISTEM VELHOS CAUDILHOS QUE DEFENDEM PRIVATIZAÇÃO.”
Joseph
07 de fevereiro, 2023 | 10:22Matéria muito interessante e preocupante. Pergunta pra Marina Silva, ela sabe mais que essa matéria.”