29 de agosto, de 2021 | 20:00
Camada rica do Vale do Aço acumula patrimônio líquido de mais de R$ 13 bilhões
Concentração da renda e da riqueza na região está nas mãos de pouco mais de 15% da população, aponta estudo
O perfil sociodemográfico da elite financeira do Vale do Aço foi mapeado pelo geógrafo William Passos, por meio do Observatório das Metropolizações. Utilizando dados das declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2019 (ano fiscal 2018), da Receita Federal e com dados gentilmente cedidos pelo economista, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (2013-2015), Marcelo Neri, foi possível identificar quanto a camada rica injeta na região, que acumula patrimônio líquido de
mais de R$ 13 bilhões.
Conforme o estudo, a camada rica do Vale do Aço - percentual da população que acumula maior patrimônio líquido -, formada por 15,44% dos moradores (76.860 habitantes em 2019), que declara IRPF, acumulou patrimônio líquido de R$ 13.340.383.367,93 em 2019 e injetou mensalmente R$ 551.078.570,93 na economia da região naquele ano.
No que diz respeito à renda e ao patrimônio líquido per capita da população da Região Metropolitana oficial, formada por Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, contabilizados apenas a partir das declarações à Receita Federal, os resultados apontam, respectivamente, para os valores de R$ 884,94 e R$ 19.219,49, indicando uma significativa concentração da renda e da riqueza do Vale do Aço nas mãos de pouco mais de 15% da população da Região.
Patrimônio líquido
Com relação ao que o geógrafo William Passos denomina por camada rica do Vale do Aço, isto é, aquela obrigada a realizar anualmente a declaração do IRPF, esta, em Ipatinga, correspondeu a 16,02% da população do município. Essa parcela da população declarou, em 2019, renda mensal formal a partir de R$ 6.634,88, injetando mensalmente R$ 279.978.666,24 na economia da região.
Em termos de patrimônio líquido (valor dos bens acumulados menos as dívidas ou compromissos a pagar), a elite de Ipatinga, a 1.509ª mais rica do país, formada por 42.198 pessoas, concentrou R$ 7.213.406.718,18 em 2019, ficando atrás, em valores per capita, no Vale do Aço, da elite patrimonial de Joanésia, no Colar Metropolitano, formada por apenas 5,75% da população do município (263 pessoas), que acumulou o 2º maior patrimônio líquido per capita do Brasil, de acordo com os dados da Receita Federal, concentrando, no ano de 2019, R$ 524.781.868,16 em bens, imóveis e propriedades urbanas e rurais.
Mais ricos
Quanto à renda mensal auferida formalmente, a segunda elite mais rica do Vale do Aço reside em Timóteo, sendo formada por 15,78% da população daquele município (14.177 pessoas), que alcança rendimentos mensais a partir de R$ 6.204,67. Esta elite injetou, em 2019, R$ 87.963.606,59 todos os meses na economia da região. Em termos de patrimônio líquido, a camada rica de Timóteo concentrou R$ 2.021.802.810,19 naquele ano.
Por sua vez, as camadas ricas de Coronel Fabriciano (13,99% da população com renda formal mensal a partir de R$ 5.465,45) e Santana do Paraíso (15,95% da população com renda formal mensal a partir de R$ 4.594,64) posicionaram-se atrás da elite de Caratinga, na Região Metropolitana Expandida assim denominada por William -, (11,28% da população com renda formal mensal a partir de R$ 6.088,43) sendo, porém, mais ricas que a elite de Belo Oriente (8,92% da população com renda formal mensal a partir de R$ 4.401,27).
Em termos de patrimônio líquido, as elites de Fabriciano, Paraíso, Caratinga e Belo Oriente declararam à Receita Federal acumularem, respectivamente, R$ 1.921.232.527,31, R$ 329.326.702,08, R$ 1.747.434.828,95 e R$ 107.179.781,22 em 2019, um total somado de R$ 4.105.173.839,56.
Contribuição
Quanto à contribuição financeira para a economia regional, as elites dos quatro municípios injetaram R$ 183.136.298,10 todos os meses na economia do Vale do Aço, com a elite de Fabriciano injetando R$ 84.020.362,85, a de Paraíso, R$ 25.403.764,56, a de Caratinga, R$ 63.228.345,55 e a de Belo Oriente, R$ 10.483.825,14. Todos os dados foram tabulados e analisados com exclusividade pelo geógrafo, pesquisador e consultor em desenvolvimento regional William Passos, para o Diário do Aço.
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Jane
03 de setembro, 2021 | 12:37Imagina se estas pessoas realmente ricas na região direcionassem 10% de seus lucros, nem estou falando em patrimônio total, para projetos educacionais, bibliotecas e cultura de fato e de nível para as camadas mais pobres. A criminalidade na cidade seria menor, a pobreza e por consequente giraria mais dinheiro. É uma pena termos uma região retrato do resto do Brasil inclusive em desigualdade. É estranho que com tanto dinheiro não tenhamos mais orquestras e mais projetos realmente inovadores na cidade. Todos acomodados. E o poder público deveria facilitar, acredito que tenham entre estes ricos pessoas bem intencionadas, mas temerosas de assumir certas ações. Vamos unir pessoal, nem só para festas. O mal se agrega tão rápido. Então pessoas DO BEM, se unam para tocar algum projeto que eleve a qualidade de vida dos jovens desta região. pois até seus herdeiros se beneficiaram de uma comunidade mais rica e pacífica. Se eu tivesse 10 milhões líquidos tocaria um projeto de educação tecnologica par jovens: aulas de programação, criação de games, desenvolvimento front-end etc é uma indústria que não ocupa muito espaço - coisa que a cidade tem pouco e caríssimo.”
Márcio de Paula
31 de agosto, 2021 | 01:01Boa pauta. relevante levantamento de dados. Parabéns a equipe do DA.”
Tião Aranha
30 de agosto, 2021 | 11:52Tem sentido, as duas usinas, conhecidas internacionalmente e a de celulose são as maiores responsáveis pelo progresso da região. Conheço cidadãos comuns dessas regiões vivendo normalmente com aplicações de mais de 10 milhões de reais, sem falar do patrimônio que possuem em áreas nobres. É uma pena que a minoria que desfruta do luxo ou benesses deste país. País das maravilhas. Risos.”