26 de outubro, de 2021 | 09:45

Começa em Ipatinga o julgamento do vereador que matou o prefeito de Naque

Alex Ferreira
Sessão foi iniciada pouco depois das 9h desta terça-feira, no Tribunal do Júri em IpatingaSessão foi iniciada pouco depois das 9h desta terça-feira, no Tribunal do Júri em Ipatinga

Começou por volta de 9h10 desta terça-feira (26), a sessão do Tribunal do Júri, da Comarca de Ipatinga, o julgamento do ex-vereador de Naque, Marcos Alves de Lima, o Marquinho do Depósito, 58 anos, autor confesso do assassinato do então prefeito Hélio Pinto de Carvalho, o Hélio da Fazendinha, de 55 anos, no dia 13 de julho de 2019.

Veja aqui o resultado do julgamento, concluído às 20h de 26/10

O julgamento, conforme já noticiado pelo Diário do Aço deveria ocorrer no Fórum da Comarca de Açucena, mas dada a comoção gerada pelo caso, o processo foi desaforado e veio parar no Fórum Valéria Vieira Alves, em Ipatinga e está em andamento nesse momento.

O juiz da vara do Tribunal do Júri, João Paulo Júnior, preside a sessão e a acusação está a cargo do promotor de Justiça Jonas Junio Linhares Monteiro, que tem como assistente da acusação o advogado Fabriny Neves Guimarães, de Governador Valadares .

Três advogados atuam na defesa de Marquinho do Depósito, Eliseu Borges Brasil e Gerci Moreira Mendes Júnior, além de Evaldo Braga da Silva, que veio de Governador Valadares.

O Júri Popular foi formado por cinco homens e duas mulheres. O auditório, que está com limitação de público por causa de medidas preventivas da pandemia de covid-19, tem a presença de familiares de Hélio da Fazendinha e de Marquinho do Depósito.

Em entrevista ao Diário do Aço, Gerci Moreira informou que a defesa atuará no sentido de demonstrar ao Conselho de Sentença que o homicídio foi praticado em legítima defesa, como já havia alegado Marquinho.

“Vamos atuar para mostrar que o excesso na legítima defesa foi causado em função de violenta emoção logo após a injusta provocação pelo então prefeito. Inclusive, consta no processo que o prefeito tomou a taca das mãos do vereador e golpeou o cavalo e depois as costas de Marcos”, enfatizou o advogado.

O ex-vereador sentou-se no banco dos réus, usando o uniforme vermelho do sistema prisional. O réu foi trazido do presídio de Açucena, onde respondeu ao processo preso preventivamente.

Marquinho foi capturado na casa de familiares no Espírito Santo, em 16 de julho de 2019. Ele havia viajado para o litoral capixaba depois de ganhar a liberdade provisória no dia 14 de julho daquele ano, em uma audiência de custódia, na Justiça de Governador Valadares. Na época a polícia acreditava que o investigado planejava sair do país.
Alex Ferreira
Processo foi desaforado da Comarca de Açucena para Ipatinga por um entendimento da defesa, dada a comoção do casoProcesso foi desaforado da Comarca de Açucena para Ipatinga por um entendimento da defesa, dada a comoção do caso


Denúncia

O Ministério Público de Minas Gerais ofereceu denúncia criminal contra Marquinho do Depósito por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima).

Comerciante e então vereador em Naque, Marcos foi preso logo depois do crime, em Governador Valadares, para onde fugiu em uma caminhonete. Ele chegou a gravar um vídeo alegando que matou por legítima defesa, tese que foi contestada pelas investigações da Polícia Civil.

Consta no processo que Marquinho, montado em um cavalo, encontrou-se com o prefeito em uma área de loteamento, pivô do desentendimento entre os dois. Eles discutiram, houve agressão física, Marquinho sacou uma arma de fogo e atirou no prefeito. Hélio chegou a ser socorrido com vida, foi encaminhado ao Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, mas não resistiu aos ferimentos.

Já publicado:
-Polícia Civil conclui que vereador criou situação para matar o prefeito de Naque
-Vereador de Naque é transferido do Espírito Santo para o Vale do Aço
-Gaeco e PC do Espírito Santo prendem vereador que matou prefeito

Loteamento

A investigação da Polícia Civil apontou que a animosidade entre os envolvidos surgiu diante da intenção do vereador Marquinho do Depósito em ter uma saída para o terreno dele. A terra do vereador, que estava irregular, fazia divisa com um loteamento regularizado em uma área do município.

A investigação afirma que Marquinho premeditou toda a situação ao tomar conhecimento que o prefeito acompanhava o trabalho de uma pá-carregadeira, justamente no terreno do município. O vereador, montado em um cavalo, jogou o animal para cima do prefeito e iniciou-se a discussão. O prefeito então tomou uma taca que estava na mão do vereador.

Com base em depoimentos, prestados por três testemunhas que presenciaram o crime, o relatório da investigação aponta que o vereador, ao se virar para não ser atingido pela taca (chicote) que o prefeito tinha tomado de suas mãos, sacou o revólver calibre 38 que portava e efetuou os disparos.

O relatório da perícia da Polícia Civil é citado e aponta que o prefeito saiu correndo ao ser informado por uma testemunha que Marquinho estava armado. “Os dois tiros iniciais ocorreram (pelas costas) a uma distância de seis a oito metros. Novamente, Marquinho chega até a vítima. Já caída, e descarrega o revólver”, afirma o relatório, que descarta a alegada legítima defesa.
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