19 de outubro, de 2025 | 08:50
Copasa pretende manter prestação de serviço de água e esgoto em Ipatinga
Matheus Valadares
Melissa Seixas, superintendente de operações da Copasa, conversou com exclusividade com Diário do Aço

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
A Copasa planeja concorrer de forma enérgica no novo processo de licitação para concessão de serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto em Ipatinga. Um novo edital deve ser publicado pelo governo municipal em 2026, com apoio da B3, Bolsa de Valores de São Paulo, e um novo leilão deve ocorrer ainda no primeiro trimestre do próximo ano.
Maior município do Vale do Aço em termos populacionais, Ipatinga é visto como um importante ativo da companhia. O interesse foi revelado por Melissa Seixas Figueiredo, superintendente de operações Norte Leste (SPNL) da Copasa, em entrevista exclusiva ao Diário do Aço, durante evento de anúncio de investimentos em Timóteo.
A Copasa tem sim interesse. Ela já estuda esse processo de Ipatinga desde o edital anterior para poder participar, porque a gente entende a importância também de Ipatinga para toda a região. A Copasa se prepara e a depender de todos os termos do edital que a gente acredita que seja um edital melhor, a Copasa vai firme para conseguir manter a concessão em Ipatinga”, afirmou Melissa.
Por Ipatinga estar inserida em uma região metropolitana, há uma importância estratégica para que a Copasa continue prestando serviços nas quatro cidades. A gente sempre trata a RMVA, pois são obras que vão se integrando, tanto que a gente tem o abastecimento integrado através da ETA Siva (no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano), que leva a água para os quatro municípios. Se pensar só um, a gente realmente não consegue universalizar a Região Metropolitana do Vale do Aço”.
Concessão
Atualmente o serviço de água e esgoto é executado pela Copasa. Entretanto, o contrato com o município está vencido desde fevereiro de 2022. O prefeito Gustavo Nunes (PL) poderia ter prorrogado o contrato com a concessionária, mas decidiu abrir a licitação para permitir que fosse negociada a melhoria do serviço prestado à população, com a ampliação das redes e redução na tarifa de água”.
Conforme divulgado pelo jornal Diário do Comércio, a estimativa é que a nova concessão do saneamento de Ipatinga gere uma outorga de em torno de R$ 1 bilhão, diferente dos R$ 58,6 milhões requisitados anteriormente, no antigo edital de concessão, publicado em meados de agosto de 2024.
O novo projeto também deve prever investimentos da ordem de R$ 450 milhões durante 30 anos, prazo da concessão do saneamento de Ipatinga. O montante é próximo ao previsto no primeiro edital, que era de R$ 430 milhões.
Novo processo
A reformulação total do processo foi motivada pelas contestações jurídicas que marcaram a primeira tentativa de licitação. Entre as contestações, uma das principais partiu da Copasa, que acionou a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Ipatinga alegando 22 ilegalidades no edital, que não teriam sido respondidas pela Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) dentro do prazo legal estipulado pela nova Lei de Licitações. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG) também pontuou possíveis irregularidades.
Universalização e desafios no saneamento
Ainda em entrevista ao Diário do Aço, Melissa relatou que a Copasa tem a meta de universalizar em 99% o abastecimento de água e no mínimo 90% de esgoto até 2033. A região Leste do estado tem sido um dos maiores desafios da empresa para atingir a meta, sobretudo, porque ainda há muitos imóveis irregulares, o que impede que o serviço seja legalmente ofertado. Para isso, os programas de Regularização Fundiária Urbana (Reurb) aparecem como soluções viáveis para este problema.Em algumas localidades ainda precisamos desenvolver a infraestrutura, especialmente de esgoto. E mais focado no Vale do Aço, a gente tem trabalhado muito na busca dessa universalização. São várias as obras, tanto obras de água, quanto obras de esgoto. E lembrando que a gente tem tido uma parceria muito grande também, porque precisamos dos imóveis de forma regular para conseguir levar o saneamento, e os municípios, junto com o projeto do Reurb, têm conseguido apoiar nessa demanda de regularização para que a gente possa chegar tanto com abastecimento de água, quanto para coleta de esgoto para todas essas regiões, especialmente aqui em algumas regiões, como o Cachoeira do Vale, Macuco e parte do Bela Vista”, destacou a superintendente.
Por fim, Melissa explicou que existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que não permite que a empresa avance com os serviços em regiões irregulares. Porém, quando é percebido que a localidade está crescendo, e as solicitações de ligações de água e esgoto aumentam, a Copasa procura o município para encontrar uma solução em conjunto.
Em algumas situações, o município também precisa envolver até mesmo o Ministério Público numa gestão colegiada e participativa, para a gente conseguir buscar a regularização e fazer com que aquelas famílias, aquele comércio, realmente tenha a dignidade do abastecimento de água e da coleta de esgoto”, finaliza.
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