12 de fevereiro, de 2020 | 18:20

Causa de odor no Vale do Aço é investigada

Polícia de Meio Ambiente realizou vistorias e promotoria de Coronel Fabriciano instaurou inquérito, afirma comandante

Wôlmer Ezequiel
Além de Ipatinga, moradores de outras cidades da RMVA sentiram o forte odor no fim da noite de terça-feiraAlém de Ipatinga, moradores de outras cidades da RMVA sentiram o forte odor no fim da noite de terça-feira

Após o forte odor, que gerou incômodos a moradores de vários municípios do Vale do Aço na noite de terça-feira (11) e madrugada de ontem, a Polícia de Meio Ambiente informou que realizou vistoria mas empresas da região. A informação é do comandante da companhia de Meio Ambiente do Vale do Aço, Átila Porto. O oficial relatou ao Diário do Aço que um inquérito foi instaurado pela promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público de Coronel Fabriciano, visando a identificação da causa da poluição.

Átila porto explicou que logo nas primeiras horas da manhã, os canais de comunicação e denúncias da companhia de Meio Ambiente foram bombardeados tanto em Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, noticiando sobre esse odor. “Logo que tomamos conhecimento planejamos algumas equipes e buscamos diligenciar nos principais empreendimentos, potenciais poluidores da região, visitas in loco em seus departamentos de meio ambiente no sentido de desvendar qual teria sido a origem. Alguns deles se anteciparam com nota à comunidade, se eximindo da responsabilidade de serem responsáveis. Fizemos ronda nesses locais e temos testemunhas, todos estão qualificados e relacionados em nosso boletim de ocorrência”, detalha.

As informações serão encaminhadas ao Ministério Público. “O doutor Diogo (Cabral Giordano Garios), de Coronel Fabriciano, já instaurou um inquérito para investigar o responsável por essa emissão do odor. O boletim não vai ser fechado hoje (quarta-feira), porque outros órgãos com equipamentos técnicos poderão vir ao Vale do Aço, para ajudar a identificar o causador. Em relação a danos à saúde, fizemos contato nos prontos-socorros da região e não houve nenhum registro de pessoas que tenham passado mal. Percebemos o pânico nas pessoas e demos prioridade, mas não tivemos registro de alguém que tenha sido internado ou atendido. Caso haja alguém, peço que nos procure, para qualificar no boletim de ocorrência”, alerta Átila Porto.

O oficial acrescenta que não foi uma situação local. “Tivemos notícia de ter chegado até Marliéria, mas não tivemos nenhuma pessoa qualificada de lá e que tenha sentido o odor. Mas de Timóteo, Fabriciano e Ipatinga, nosso boletim está bem substanciado, com informações dessas pessoas. Muitos deles apontam empreendimento x e y e isso será encaminhado aos órgãos que irão complementar o nosso trabalho”, salienta o comandante.

Registros

Lotado no Vale do Aço desde 1993, Átila Porto recorda que no Vale do Aço houve um forte odor em 2014. “Ficou por vários dias e descobriu-se que era turfa, um material que pegou fogo, emitindo odor. Mas não é o caso dessa vez, porque tivemos um volume de chuva muito grande e se fosse isso, por si só já teria apagado, acredito eu. Naquela época estávamos num período sem chuva e o material era altamente combustível. Se o cidadão estiver com dificuldade em entrar em contato, pode ligar para o 190, nossas unidades estão interligadas com o sistema Copom do 14º Batalhão e rapidamente o operador irá fazer contato com nossas viaturas. Vistoriamos, fiscalizamos, mas quem puder informar algo que nos ajude, será bem-vindo, pois queremos desvendar esse evento”, conclui.

Entenda o que houve no Vale do Aço

Moradores de diversos bairros em todas as cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) reclamaram de um forte odor que tomou conta do ar na região, que para muitas pessoas ficou irrespirável. Em mensagens publicadas, principalmente nas mídias sociais, pessoas relataram ardência nas narinas, dor de cabeça e náuseas.

Além de Timóteo, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Santana do Paraíso, leitores do Diário do Aço relataram que também se sentiram sufocados pelo mau cheio em Ipaba, no distrito de Revés do Belém (Bom Jesus do Galho) e até Pingo D’Água. “Estamos a mais de 40 quilômetros da área urbana do Vale do Aço e também fomos atingidos. Isso precisa ser apurado com muita seriedade”, escreveu uma leitora em Pingo D'Água.

Órgãos do estado foram acionados

Por meio de nota, a administração municipal de Ipatinga informou que está empenhada junto aos órgãos ambientais da região para esclarecer as reais causas do incidente e apurar responsabilidades pelo mau cheiro sentido pelos cidadãos na noite de terça-feira.

Conforme o governo, o policiamento de Meio Ambiente está realizando um levantamento em toda a cidade, para verificar os locais afetados pelo mau cheiro. Ainda informou que está “sendo elaborado um boletim de ocorrência para ser encaminhado ao Núcleo de Emergências Ambientais, sediado em Belo Horizonte, para as investigações cabíveis quanto à origem do odor. O mesmo Núcleo já foi cientificado do evento, e seus técnicos serão designados para comparecer ao Vale do Aço para as averiguações”, conclui a nota.

Empresas negam relação com o odor

Sobre as possíveis causas do forte odor, muitas das pessoas afetadas questionaram se o mau cheiro não teria sido provocado por algumas das empresas do Vale do Aço. Em resposta às perguntas endereçadas pelo Diário do Aço, as empresas negaram relação com o fato.

Por meio de nota, enviada na manhã dessa terça-feira, a Usiminas informou que, "conforme procedimento acordado com a comunidade, imediatamente as equipes técnicas da empresa foram acionadas e realizaram a aferição no entorno da usina e não foi identificada a presença de nenhum tipo de gás. Em relação ao odor, a empresa esclarece que não é proveniente de nenhum processo siderúrgico. A Usiminas reitera seu compromisso de diálogo e transparência com a comunidade e permanece à disposição".

Também por meio de nota, a Aperam South America, sediada em Timóteo, negou qualquer relação do mau cheiro com sua atividade industrial. “A Aperam esclarece que, em relação ao mau cheiro percebido na noite desta terça-feira pela comunidade do Vale do Aço, incluindo a região Centro Norte de Timóteo, não houve nenhuma emissão de gases e odor oriundos do seu processo padrão de produção. Portanto, a empresa ressalta que o ocorrido não tem relação com seu processo industrial em Timóteo. A Aperam se coloca à disposição da comunidade e reafirma o seu compromisso com a responsabilidade socioambiental, pautado no diálogo e transparência dos seus processos”.

A Copasa também enviou uma nota para dizer que as unidades de tratamento de esgoto em Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo operam dentro da normalidade, sem qualquer relação com o fato apresentado.

Em nota divulgada no início da tarde de quarta-feira (12), a diretoria da Cenibra esclareceu à comunidade que o forte odor percebido na região do Vale do Aço na noite de terça-feira não apresenta relação com o processo de produção de celulose. Conforme a nota, “a Cenibra monitora continuamente seus processos e sempre mantém um canal aberto com todas as comunidades onde atua. Por isso, reitera seu compromisso com o desenvolvimento tecnológico, preservação ambiental e investimento social, garantindo a sustentabilidade do negócio”.

Com a negativa das grandes empresas, o caso agora depende de apuração dos órgãos estaduais, de controle ambiental, que já foram acionados dada a repercussão do caso nessa quarta-feira.
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Comentários

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Greiciane

13 de fevereiro, 2020 | 17:42

“Senti por volta das 2hs da manhã, um forte odor que ardia as minhas narinas, me sufocando, uma sensação horrível, só melhorou quando fui pra um ambiente totalmente fechado, mas tive uma forte dor de cabeça, que só passou hoje, mas atacou minha rinite, meus olhos ainda estão lacrimejando, não fui ao posto médico pq mi já prima foi e deram apenas Dipirona, a todos que chegaram lá assim, não registrando os casos, prova disso é a reportagem, dizendo que não houve nenhum registro, isto pra mim é negligência total com o caso, ninguém se manifestou pra assumir, e se as dores de cabeça, náuseas etc.. foi apenas o início de uma intoxicação, que futuramente virá a ser uma doença, quem se responsabiliza? As empresas que negam ou os postos e hospitais que omitem os casos?”

Cléria Maria de Oliveira Costa

13 de fevereiro, 2020 | 07:12

“Senti este cheiro por volta de 011h30 da manhã.
Um cheiro sufocante que causou náuseas, olh e amídalas inchadas, dor de cabeça.
Acredito que a chuva que caiu ajudou a amenizar os efeitos deste gás, graças a Deus.
Continuo com os olhos e amídalas inchadas e ouvi relatos de muitos que passaram mal, inclusive meus netos com nariz badtante ardendo e ressecados.
É preciso averiguar o fato pois creio que se não chovesse seria bem pior os transtornos.”

Creusa Rosa Soares do Carmo Souza

13 de fevereiro, 2020 | 03:29

“Acordei sentindo sufocada com o forte odor de uma mistura de podridão/mofo/enxofre. So consegui a dormir depois que fiz uso de máscara cirúrgica e aplicação de freecor no ambiente do meu quarto. O forte odor provocou uma crise de rinite, dificultando a respiração e com isso mais uma noite de insônia.”

Renato

12 de fevereiro, 2020 | 23:26

“Cachoeira escura ao lado da cenibra teve esse mal cheiro tbm”

Sidney Pinho

12 de fevereiro, 2020 | 21:47

“Boa noite!
Analisando os fatos acho que se trata de um evento que a natureza gerou mesmo que seja com intervenção humana e não por processo industrial.nebulosidade em toda região poderá ter contribuído para o aprisionamento do odor fétido. Com matemática e física básica é muito fácil entender que para abranger centenas de milhões de metros cúbicos de ar com pressão basicamente 1 atm precisaríamos de uma explosão em um tanque de armazenamento jamais construído por uma indústria. Minha sugestão é que se trata de uma erupção em algum aterro sanitário principalmente se desativado. A própria chuva que é mais densa que os gases poderia ocupar o lugar destes gases e expulsar para atmosfera. Quando ao pronúncia das empresas citadas confio plenamente na posição deles.”

Beto

12 de fevereiro, 2020 | 20:26

“Senti o mesmo mal cheiro ao passar no rio piracicaba, perto da captação da USIMINAS, perto do Bairro Bela Vista. Acredito ser alguma coisa ligada ao tratamento de esgoto.”

Marimg

12 de fevereiro, 2020 | 18:55

“Meus olhos continuam ardendo e inchados.

A dor de cabeça passou somente hoje por volta das 15h.”

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