07 de novembro, de 2025 | 16:02
Parque do Taboão e cachaça premiada impulsionam turismo em Bom Jardim de Minas
Com três cachoeiras, a principal área verde do município se consolida como refúgio natural e destino de ecoturismo na Serra da Mantiqueira; Produção de cachaça também é atração na cidade
Bruno Figueiredo/Secult-MG
Prefeito de Bom Jardim de Minas planeja a expansão do Parque Municipal de Taboão
Prefeito de Bom Jardim de Minas planeja a expansão do Parque Municipal de TaboãoPor Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
O nome Serra da Mantiqueira surgiu do termo indígena tupi Amantikir”, que significa "Serra que Chora”. No Parque Municipal do Taboão, a 7 sete quilômetros da sede do município de Bom Jardim de Minas, as três cachoeiras, de fácil acesso, fazem jus ao termo ancestral.
Uma mesma corrente de água forma as cachoeiras. A Cachoeira do Remanso é considerada a principal, com uma queda de aproximadamente 9 metros, com uma piscina natural para banho, fundo em uma parte e raso em outra e um banco de areia quartzosa ao seu redor. Na sequência, está a Cachoeira do Presépio com uma queda de 5 metros. Por fim, a Cachoeira das Crianças, que faz jus ao nome, tem um poço pequeno e raso. As duas últimas são de fácil acesso, com o carro parando em frente a elas. Já para acessar a do Remanso, é necessário fazer uma trilha de cerca de 1,5 quilômetros, de percurso fácil.
O local, que tem 4 hectares e visitação gratuita, também chama atenção pela vegetação. Uma parte é coberta pelas árvores de grande estatura da Mata Atlântica, uma outra parte, campos rupestres sinalizam a mudança para o bioma Cerrado.
Bruno Figueiredo/Secult-MG
A cachoeira do Remanso tem um grande poço de água, em sua grande parte, de pouca profundidade
A cachoeira do Remanso tem um grande poço de água, em sua grande parte, de pouca profundidadeAlém das quedas d'água, a Unidade de Conservação dispõe de estrutura de banheiros e camping. A estrada que dá acesso à reserva também é preservada. José Francisco Matos e Silva, mais conhecido como Chiquinho (MDB), prefeito de Bom Jardim de Minas, revelou os planos da administração em modernizar o local.
Nós estamos numa área de preservação permanente pública, que as pessoas têm o acesso livre para estarem aqui, para buscar o seu lazer, usufruírem da natureza e também a consciência ambiental que nós precisamos ter, principalmente agora no século XXI. O parque já tem 12 anos, e nós estamos começando a implantação do plano de manejo. Trouxemos a energia elétrica e o município já fez essa infraestrutura toda de acesso, com as placas. A próxima etapa agora vai ser a concessão da sede do parque para fazer um restaurante ou uma lanchonete e a gente implantar uma política pública sustentável”, detalhou o chefe do Executivo.
Chiquinho aproveitou para pedir que os visitantes do parque ajudem a preservar o local e manter viva a vocação da reserva em ser um refúgio à fauna da região. A gente pede que as pessoas visitem o nosso parque, tragam para cá a sua vontade de conhecer Bom Jardim de Minas, conhecer o que é bom, mas nos ajude a preservar esse potencial, essa riqueza que nós temos”, pontuou.
Bruno Figueiredo/Secult-MG
A região do parque municipal tem árvores nativas da Mata Atlântica e vegetação típica do Cerrado
A região do parque municipal tem árvores nativas da Mata Atlântica e vegetação típica do CerradoAo todo, já foram catalogadas 95 cachoeiras no perímetro de Bom Jardim de Minas, mas a maioria não tem acesso e ficam dentro de matas fechadas. Há 35 cachoeiras que recebem visitantes, dentre elas 16 são consideradas mais comerciais por terem mais fácil acesso, o que tem reforçado o potencial do município para o ecoturismo e o turismo de aventura.
Lazer e preservação ambiental caminham lado a lado
O Parque de Taboão é também um espaço de educação ambiental. Escolas e instituições de ensino da cidade promovem visitas orientadas para aproximar os estudantes da importância da conservação dos recursos naturais. O local ainda abriga espécies nativas de árvores e animais silvestres, o que reforça seu papel na manutenção da biodiversidade regional.
Felipe Faria Teixeira, secretário municipal de Cultura, Lazer e Turismo, reforça que o parque também é usado na educação de alunos. Essa área foi reflorestada com os alunos. A gente traz eles aqui, faz o plantio e dá toda a explicação da questão de proteção ambiental”, afirmou.
Bruno Figueiredo/Secult-MG
Roni mudou para Bom Jardim de Minas para trabalhar com turismo de aventura
Roni mudou para Bom Jardim de Minas para trabalhar com turismo de aventuraTurismo sustenta sonhos
Porque se chamava homem, também se chamavam sonhos, e sonhos não envelhecem”, assim compôs Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges, em uma de canções mais conhecidas do Clube da Esquina. Em Bom Jardim de Minas, esses sonhos se traduzem em trabalho, tradição, oportunidade e sabor.
Roni Carvalho trabalha atualmente como guia turístico, e dentre vários atrativos que ele percorre com os visitantes, está o parque do Taboão. Natural de Juiz de Fora, na Zona da Mata, a cerca de 115 quilômetros de Bom Jardim de Minas, ele trocou de cidade justamente para trabalhar com turismo.
Ele é proprietário do Ciganada Camping Rock, com uma área estruturada para receber pessoas de toda parte do Brasil, e conhece as principais trilhas de cachoeiras e mirantes do município, além de dominar técnicas de primeiros socorros e salvamento.
Eu mudei para Bom Jardim justamente para trabalhar com turismo, como guia. Surgiu a oportunidade de eu ter uma área de camping e eu não pensei duas vezes. No mesmo terreno é minha casa, ali perto já tem duas cachoeiras lindas que eu sempre levo o pessoal. O povo de Bom Jardim de Minas é muito acolhedor, em nenhum momento eles pensaram, está vindo pessoa de outra cidade para trabalhar aqui, está vindo um concorrente, pelo contrário, o próprio Felipe [secretário] me ajudou demais e me ensinou muitas trilhas que eu não conhecia”, afirmou.
Cachaça Capitão
Aproximadamente a 10 quilômetros do Parque Municipal do Taboão, em uma área rural de 110 hectares, à margem da BR-267, está localizada a Fazenda do Engenho, em que é fabricada a premiada cachaça Capitão. No grande terreno é plantada a cana usada para fazer a bebida destilada; eucalipto que também é usado no processo, para aquecer a caldeira; além de manter pasto e cabeças de gado em parte do terreno, que não é propício para plantação devido ao declive. Vale ressaltar que cerca de 50% do espaço é ocupado por mata nativa.
Um dos sócios da cachaçaria e responsável pela produção, Paulo Cezar da Silva, destaca que a fabricação da cachaça na fazenda já ocorre há três gerações, mas em 2019 decidiram profissionalizar com a regularização da fábrica junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária. O nome escolhido para a cachaça foi em homenagem ao Capitão Sebastião José de Almeida, antigo proprietário das terras onde está localizado o alambique, que segundo consta a história, com sua liderança política e sua visão empreendedora, transformou as vastas terras da família em centros dinâmicos de produção e comércio.
Bruno Figueiredo/Secult-MG
Paulo Cesar é o responsável pela produção da premiada cachaça Capitão
Paulo Cesar é o responsável pela produção da premiada cachaça CapitãoA fábrica tem capacidade para produzir 40 mil litros por ano, mas atualmente, são feitos de 12 a 13 mil litros de cachaça por ano. São fabricadas as cachaças Prata (branquinha), envelhecidas em Amburana, Carvalho e Jequitibá. Normalmente a pessoa começa pequenininha e vai crescendo. A gente fábrica hoje, do jeito que ela está montada, tem capacidade para 40 mil litros por ano, e a gente pode dobrar isso, colocando mais um alambique, mais três dornas, fazer 80 mil litros por ano. Mas a gente tem que comercializar os 10 mil, passar para 15 mil, passar para 20 mil. No começo dos dois primeiros anos, nosso foco era encher barril. A gente começou a vender, mas o foco era ter uma reserva. Porque o primeiro carvalho nosso serve com dois anos. Então quer dizer, com menos de dois anos eu não ia ter carvalho”, explicou o produtor.
Paulo Cesar também disse que o produto tem sido bem aceito em Bom Jardim de Mina e região, e que no início foi difícil fazer com que as pessoas compreendessem o preço da garrafa, que é devido a todo valor agregado à cachaça durante a produção.
A produção é principalmente para a região, por enquanto. Também tem um pouco em Belo Horizonte, alguns comércios em alguns locais mais longes, mas também vendemos por nossa loja pela internet”, frisou Paulo Cesar.
A cachaça Amburana recebeu três medalhas de prata, dentre elas, na ExpoCachaça, em Belo Horizonte; e o Concurso de Vinhos e Destilados em São Paulo, já na primeira safra, em 2023. O reconhecimento máximo a nível internacional também foi alcançado em 2023, com a cachaça Prata recebendo a prestigiada medalha Grande Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas, na Itália.
A Fazenda do Engenho recebe visitantes sob agendamento. No local, é explicado todo o processo de fabricação da cachaça, e no fim, o turista é premiado com a degustação dos quatro tipos de bebida fabricados no alambique.
Série especial
Essa é a quinta e última reportagem da série especial: Encantos da Mantiqueira Mineira, que aborda as experiências que integraram o roteiro da Press Trip Cidades Históricas da Serra da Mantiqueira, promovida pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG) e pela Codemge.
Leia também:
-Devoção e história fazem de Bom Jardim de Minas destino de fé
Parque Arqueológico revela pinturas rupestres milenares em Andrelândia
Turismo de experiência destaca sabores e tradições em Andrelândia
Andrelândia, no Sul de Minas, ''vira chave'' e se estrutura para fortalecer turismo e atrair visitantes
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

















