07 de agosto, de 2025 | 14:04

''Acusação leviana'': defesa de Luith quebra o silêncio e aponta falhas na investigação do homicídio de Caio Domingues

Os dois réus devem ser ouvidos ainda nesta quinta-feira, e o julgamento deve ser encerrado na sexta-feira

Matheus Valadares
Os cinco advogados que compõem a banca de defesa de Luith Silva Pires MartinsOs cinco advogados que compõem a banca de defesa de Luith Silva Pires Martins

A defesa da Luith Silva Pires Martins, 41 anos, composta pelos advogados Lorena Iara Vidal Santos, Larissa Alves de Oliveira, Heraldo Maria de Oliveira, Caio Barbosa Ulhôa e José Constantino Filho Coronel, quebrou o silêncio na tarde desta quinta-feira (7) e apontou falhas no processo que colocam a mulher como mandante do homicídio de Caio Campos Domingues, de 38 anos, então marido da ré.

A entrevista foi concedida durante o intervalo para almoço, que iniciou por volta das 12h50. “Inicialmente, ontem nós ouvimos apenas, a princípio, as testemunhas de acusação. E, ao fim do dia, começamos a ouvir as testemunhas de defesa. Acerca das contradições que o processo aponta, e são muitas contradições, a defesa, ela se resguarda em apontá-las em sede de debates, momento oportuno em que iremos abordar todos os pontos que a defesa entende pertinente”, iniciou Lorena Vidal.

Versões até então desconhecidas do público foram apresentadas por João Glauceste Pires Martins, irmão de Luith, em depoimento prestado em plenário na noite de quarta-feira.

Quebra de silêncio

Conforme a advogada, “durante esses dois anos em que os acusados estiveram reclusos, só se divulgou a narrativa da acusação. E nós acreditamos fielmente na inocência da nossa cliente Luith, e acreditamos também que toda pessoa que se dedicou a estar no Tribunal do Júri durante esse período e que compareceu aqui, tem visto que a narrativa trazida pela acusação não vai se sustentar. As acusações, são levianas, não existem provas robustas, ao contrário do que se aponta, existem inúmeras falhas, inverdades que foram trazidas até agora. Existe uma divergência enorme entre os procedimentos adotados pela Polícia Civil e pela Polícia Militar, nesse caso. Então, nós estamos muito confiantes que, ao final desse julgamento, a defesa conseguirá trazer e evidenciar, não só para os que estão presentes, mas para a população de Timóteo, a verdade sobre essa história”, complementou Larissa Alves de Oliveira.
Arquivo DA
Advogados enumeram falhas na investigação do homicídio de Caio Domingues e reafirmam que a esposa da vítima é inocente Advogados enumeram falhas na investigação do homicídio de Caio Domingues e reafirmam que a esposa da vítima é inocente

Advogado aponta incongruências na investigação

Caio Barbosa Ulhôa também fez questão de apontar incongruências na investigação do caso, e enfatizou que “durante os debates, a defesa irá sustentar que a ré não teve nenhum envolvimento com o homicídio. Agora, nesse julgamento, a gente está tendo a oportunidade de apresentar para o público e também para a imprensa todas essas falhas que a gente visualizou e algumas informações também que eu tenho certeza que passavam ocultadas e que a gente está tendo a oportunidade agora de apresentar isso para a população. É, e o papel da defesa, a gente quer de fato a justiça, mas nós queremos a justiça de acordo com os verdadeiros culpados e com aquilo que consta na prova do processo, que não condiz com a versão da acusação. Então, justiça não é só colocar qualquer pessoa atrás do cárcere, é colocar a pessoa que realmente fez”, pontuou.

Júri deve ser encerrado sexta-feira

Ainda segundo os advogados, a tendência é que os debates entre a defesa e acusação fiquem para amanhã (8/8). O julgamento já o mais longo da história de Timóteo.

A previsão é que, dependendo do decorrer das oitivas, os dois réus sejam ouvidos ainda hoje. Estão previstas 8h de sustentação das teses de ambas as partes.

“Isso vai depender muito do decorrer dos trabalhos, mas a defesa acredita que muito provavelmente ao final do dia a gente já dê início ao interrogatório dos acusados, porque restam poucas testemunhas, algumas delas são comuns entre as defesas, então, ao que tudo indica, a gente já inicia o interrogatório dos acusados hoje ainda. Nessa linha, amanhã seria somente para finalizar com a parte dos debates mesmo”, finalizou Larissa.
Wellington Fred
Sessão foi iniciada na manhã de quarta-feira, não tem hora prevista parar acabar e já é o julgamento mais longo da história da Comarca de Timóteo Sessão foi iniciada na manhã de quarta-feira, não tem hora prevista parar acabar e já é o julgamento mais longo da história da Comarca de Timóteo

A defesa de João Victor
O réu João Victor é defendido pelos advogados Flaviano Dueli de Souza e César Junio. Eles preferiram não se manifestar perante à imprensa e irão conceder entrevista apenas ao fim do julgamento.

Segundo dia
Neste segundo dia de julgamento, está prevista a oitiva de oito testemunhas da defesa dos acusados. O primeiro a ser ouvido foi o delegado Jorge Caldeira, de forma remota, que deu detalhes de sua atuação no dia do assassinato aos jurados. Ele garantiu que o crime não se trata de latrocínio e que foi premeditado.

Também depôs a perita Gabriela que foi até o local do fato fazer os trabalhos de praxe no dia do crime, e um homem que prestava serviços na chácara de familiares do casal e foi chamada depois do crime.

Nos depoimentos tomados pelas testemunhas, a defesa procurou explorar a versão de que a vítima era violenta com a esposa, fato que a família da vítima nega ter conhecimento. Também inexistem registros policiais feitos por Luith em relação à violência doméstica.

Primeiro dia
Na sessão desta quarta-feira (6), dentre várias pessoas que prestaram depoimento, esteve o prefeito de Timóteo, Vitor Prado, que na época dos fatos trabalhava na Polícia Militar e era o oficial responsável pela equipe tática que abordou e efetuou a prisão de João Victor na manhã seguinte ao crime, no distrito de Cava Grande. Vitor respondeu às perguntas da acusação e da defesa dos dois réus durante mais de duas horas.

O delegado Gustavo Cecílio foi o primeiro a ser ouvido. Ele também deu respostas relacionadas à apuração dos fatos por cerca de uma hora. Igualmente foi ouvido o policial militar Sebastião Lourenço, que atuou no registro da ocorrência no dia do crime.

Mãe de Caio
Arlete Aparecida Campos Rodrigues, mãe de Caio, passou mal durante o júri, foi conduzida ao hospital de Timóteo pelo Samu, mas retornou ao fórum para prestar depoimento. Sob forte comoção, ela relatou como era o relacionamento de Caio com Luith e desconheceu as supostas agressões do filho contra a então esposa. Ela também relatou que não tem conhecimento de que Caio tinha dívidas com agiota, mas confirmou que a acusada contraiu dívidas diversas.

O que diz a denúncia do Ministério Público


Segundo a denúncia do MPMG, Luith, esposa da vítima à época, teria arquitetado um plano minucioso para tirar a vida do marido, com o auxílio de João Victor, com quem mantinha contato há cerca de seis meses. O crime teria sido motivado por interesses financeiros, já que Luith possuía diversas dívidas. A acusada também pretendia se apropriar dos bens da vítima, bem como receber o valor do seguro de vida. Para tanto, teria prometido a João Victor o pagamento de R$ 10 mil para executar o homicídio.

Trabalham pela acusação dos réus os promotores de Justiça Frederico Duarte Castro e Jonas Junio Linhares Costa Monteiro, junto aos advogados assistente de acusação Ignácio Luiz Gomes de Barros Júnior, Marina Suda e Isla Karoline.

Ainda conforme a acusação, o crime foi cometido com motivo torpe e mediante promessa de recompensa, além de ter sido praticado com dissimulação, traição, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima. Caio foi surpreendido dentro de seu carro, com o cinto de segurança afivelado, sendo atingido por disparos de arma de fogo efetuados por João Victor. Luith teria dirigido o veículo até o local do crime, onde João Victor os aguardava escondido. Após os disparos, ela teria dado fuga ao executor e retornado ao local para simular tentativa de socorro.

Com o intuito de forjar um latrocínio, os denunciados teriam combinado a simulação do roubo de uma bicicleta que estava na traseira do veículo, a fim de justificar a morte da vítima como resultado de um assalto. Além do homicídio qualificado, João Victor também responde por posse irregular de arma de fogo, já que a arma utilizada foi localizada em sua residência no dia seguinte ao crime.

Com a paralisação da sessão na noite de quarta-feira (6/8), os jurados - dois homens e cinco mulheres - foram levados de forma isolada para um hotel, onde permaneceram incomunicáveis até a retomada do julgamento nesta quinta-feira.

Caso condenados, os réus estão sujeitos a penas que podem variar entre 12 e 30 anos de reclusão apenas pelo homicídio, além de pena adicional prevista no Estatuto do Desarmamento.

Acesso restrito
A sessão é presidida pela juíza Marina Souza Lopes Ventura Aricodemes. Com um esquema reforçado de segurança, que será mantido nesta quinta-feira, o Tribunal do Júri da Comarca de Timóteo recebe, entre o público, familiares dos réus e da vítima, além do público, de acordo com as vagas existentes no auditório.

Já publicado sobre o julgamento:
- Acusação detalha provas contra réus no caso Caio Domingues em Timóteo prevê pena maior para a mandante
- “Eu acordo e durmo pensando nele”, diz irmã de Caio Domingues ao pedir por justiça
- Acusados da morte de Caio Domingues serão julgados nesta quarta-feira em Timóteo
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Comentários

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Jackson

08 de agosto, 2025 | 17:32

“Graças a Deus a familia do Caio vai ter justiça , o promotor de justiça doutor Jonas Júnior , é um homem sério justo e honesto, conheço o doutor Jonas ele quando estava na comarca de Ipatinga ele era responsável pelo processo da morte do meu irmão jaquesley advogado assassinado em Santana do Paraíso en 15/08/2020 e infelizmente se passaram 5 anos a corregedoria da polícia civil e o judiciário de Ipatinga até hoje não deu uma resposta a família, mas o tempo que o doutor Jonas esteve no caso ele não nos escondia nada, sou grato a ele a família do Caio pode ficar tranquila como o doutor Jonas está no caso a condenação é certa.e no caso do meu irmão os suspeitos e o mandante está aí livre e feliz,”

Pereba

07 de agosto, 2025 | 20:32

“Contra fatos não existe argumento, se o morto era mal marido, brigas, tudo tem como provar, mas o que se percebe desespero de peixe, quando a rede está sendo içada e água vai se acabando, não tem como criar narrativa sem provas, e o que se percebe.
Historinha todo mundo sabe criar, até o molusco do nosso presidente.”

Lu

07 de agosto, 2025 | 19:29

“Até onde vai a cara de pau do ser humano né. Mutando as versões na cara limpa nuuuu.
Tirou a vida de uma pessoa de forma covarde.”

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