05 de junho, de 2024 | 12:00
Estado articula presença do Ministério da Saúde na região para colaborar na investigação da febre oropouche
Matheus Valadares - Repórter Gil Leonardi / Imprensa MG - Funed
O vírus da oropouche foi pesquisado em amostras coletadas em municípios de 14 das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado
O vírus da oropouche foi pesquisado em amostras coletadas em municípios de 14 das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado
Após Ipatinga divulgar dois casos de febre oropouche na cidade, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que houve outras 68 amostras que testaram positivo para doença em municípios do Vale do Aço, o que implica em um aumento de 3.300% de casos na região em seis dias. Entre as ações para identificar os focos e combater a doença, o Estado está articulando a presença do Ministério da Saúde na região. Nesta terça-feira, o governo municipal anunciou ações práticas de enfrentamento da doença.
Outros três casos foram identificados na Unidade Regional de Saúde (URS) de Belo Horizonte, mas são importados de Santa Catarina, e já notificados ao estado. Os números foram publicados pela SES-MG no fim da tarde de segunda-feira (3).
A confirmação veio após análises realizadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG), da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em 427 amostras de casos suspeitos de arboviroses, que apresentaram resultados não detectáveis para dengue, zika e chikungunya.
A SES-MG ainda destaca que o estado não registrou casos ou óbitos até 2023 e que está acompanhando a evolução dos casos e conduz a devida investigação epidemiológica, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs-Minas)”.
Esse vírus circula na região Norte do país, e neste ano foi documentado casos no Nordeste e no Espírito Santo. Ou seja, o vírus já vinha se aproximando da gente. Chama atenção que estamos ao lado de uma das maiores reservas de mata densa, que é o Parque Estadual do Rio Doce, uma área com muitas lagoas. Esse mosquito prolifera muito em área de mata. O vírus, por outro lado, pode ter um ciclo silvestre, ele circula em área de mata e aproxima do entorno. Esse contexto ambiental que vivemos favorece, e a gente está tendo esse surto. A vantagem é que com a chegada do inverno deve diminuir os mosquitos”, projeta Márcio Castro, médico infectologista, em entrevista ao Diário do Aço.
Já publicado:
-Estado confirma novos 68 casos de febre oropouche no Vale do Aço
-Dois casos de Febre Oropouche confirmados em Ipatinga
-Governo de Minas Gerais confirma casos de febre oropouche em três cidades
Origem do crescimento dos casos na região ainda é estudada
Em nota, a SES-MG explica que a concentração de casos em uma só região pode ser explicada pela existência dos possíveis vetores, provavelmente por meio de indivíduos infectados que tenham se deslocado de uma das regiões em que há circulação do vírus, como a amazônica”.
A investigação epidemiológica no Vale do Aço e Vale do Rio Doce está em curso desde a detecção dos primeiros casos. Estão sendo investigados possíveis deslocamentos dos pacientes, informações sobre as áreas de residência e ocupação. O objetivo da investigação é determinar o local provável de infecção”.
Coleta das amostras
As amostras foram coletadas entre os meses de março e abril e analisadas em maio. O vírus da oropouche foi pesquisado em amostras coletadas em municípios de 14 das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS) do estado. No entanto, até o momento, os casos confirmados concentram-se em sua grande maioria no Vale do Aço.
Entenda como é o contágio
O contágio da febre Oropouche se dá por causa da picada do mosquito-pólvora, que é menor que o Aedes aegypti, que pica frequentemente os pés
É uma picada que coça muito, às vezes percebe-se a picada, mas não vê o mosquito. Contra esse mosquito, o repelente ajuda, mas pode falhar. Tem que passar o produto muito homogeneamente, em toda a área exposta, especialmente pés, pernas e extremidades. A tela, que é muito usada às vezes para outros mosquitos, também pode falhar”, pontua Márcio.
Como é feito o tratamento da doença?
Assim como as outras arboviroses, não há remédio específico contra a febre de oropouche. O primeiro passo é o controle da febre, remédio, antitérmicos, o controle de vômito caso tenha, e sobretudo hidratação. Essas são as medidas mais importantes para tratamento, para alívio dos sintomas e complicações. Quanto ao quadro de febre mais persistente, prostração, muito vômito, dores abdominais, assim como as outras doenças, devem procurar assistência médica”, conclui o médico.
O que diz a SES-MG
A SES-MG afirma que, diante das notificações de casos na Bahia e Espírito Santo, Minas Gerais iniciou um trabalho de ampliação da vigilância laboratorial. Neste sentido, a SES inseriu a testagem para febre oropouche no painel para arboviroses da Funed.
A SES-MG informa, ainda, que as medidas de prevenção e controle que visam diminuir a proliferação do mosquito vetor da infecção incluem a eliminação de locais onde eles se reproduzem e descansam, como áreas úmidas e ricas em matéria orgânica. Por isso, a limpeza urbana e o saneamento são essenciais para reduzir a circulação do vetor.
De forma adicional, a SES-MG está deslocando uma equipe de técnicos para o Vale do Aço, com objetivo de realizar, em conjunto com os municípios e com a regional de saúde, uma investigação epidemiológica do cenário e outras ações. O Estado também está articulando a presença do Ministério da Saúde para colaborar nesta frente.
Casos confirmados no estado
1 caso em Congonhas - URS Barbacena
1 caso em Gonzaga - URS Governador Valadares
2 casos em Ipatinga - URS Coronel Fabriciano
26 casos em Coronel Fabriciano - URS Coronel Fabriciano
30 casos em Joanésia - URS Coronel Fabriciano
1 caso em Marliéria - URS Coronel Fabriciano
11 casos em Timóteo - URS Coronel Fabriciano
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