
25 de agosto, de 2023 | 13:40
Professora Eunice Sathler luta há oitos anos pela vida
Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
Uma história triste e revoltante de uma professora, que assim como quase todas, dedicou a maior parte de sua vida ao magistério e, além de nunca ter recebido um reconhecimento justo, foi vítima do descaso e das condições precárias que a Educação é submetida no Brasil. Há cerca de oito anos, o sorriso e a alegria da professora Eunice Sathler Tristão Pereira, que antes eram distribuídos tão facilmente nas salas de aula, foram apagados por uma tragédia.
Era um fim de tarde, no fim da aula do dia 9 de fevereiro de 2015, quando o fato aconteceu. A professora, na época com 66 anos, descia uma escada do bloco próximo à quadra da Escola Estadual Alberto Giovannini, no bairro Givannini, em Coronel Fabriciano, onde lecionava aulas de Inglês, quando se desequilibrou e caiu. Na queda, bateu forte com a cabeça no cimento, sofrendo um corte externo e um traumatismo craniano. E, desde então, Eunice vive em estado vegetativo.
Ela dava aulas havia cerca de 40 anos, era uma docente muito popular e querida pelos alunos e por toda comunidade escolar. Na cidade, muitos se perguntam, sem ter a resposta, sobre o que houve com a professora após o acidente. Fato é que a situação da professora é comovente. Até a tarde desta quinta-feira (24), conforme informou a família, Eunice estava internada na UTI do Hospital Doutor José Maria Morais, em Coronel Fabriciano, com um quadro de infecção generalizada.
Acidente
O filho da professora, Valdir Sathler, conta que a escada onde a mãe caiu estava com um degrau quebrado e não possuía corrimão. O quadro dela foi considerado morte cerebral por três dias e só depois da inclusão do seu nome no banco de doações de órgãos, ao fazerem novos exames, constataram que ainda estava com vida. Ela passou por uma cirurgia na cabeça e desde então permanece em estado vegetativo”.
Descaso
E já não bastasse o sofrimento da servidora e de toda família diante do trágico acidente, a professora foi exonerada dias depois, quando ainda estava no hospital. Vivemos muitos problemas desde a falta de amparo do governo estadual com a exoneração da minha mãe ainda no hospital. Movemos um processo contra o Estado, que mesmo sendo condenado pelo acidente não assumiu os custos e os cuidados. E o salário dela só foi reestabelecido oito anos após o acidente. Mas a Secretaria de Educação não pagou os salários retroativos e nem a multa em razão da escada estar estragada”, relata Valdir Sathler.
A redação do Diário do Aço tentou contato a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
Tratamento
O filho conta também que atualmente a mãe recebe todo o suporte necessário para sua sobrevivência. Com muita luta, após oito meses, conseguimos todos os cuidados por meio da Justiça, prestado pelo município de Coronel Fabriciano, que a acolheu como cidadã. Foi montado um home care em casa que oferece todo suporte médico, de insumos e medicamentos”, detalha o filho.
Entretanto, o quadro clínico de Eunice é considerado delicado. Além de viver em estado vegetativo por todo este tempo, ela se alimenta apenas por sonda e precisou de uma traqueostomia, quando é necessário a abertura cirúrgica na traqueia para facilitar a respiração. O quadro da minha mãe é muito grave, ela não tem nenhuma consciência, não responde, não demonstra nada. São oito anos e meio de muita luta”, lamenta o filho.
Já publicado sobre o caso da professora:
Eunice Sathler sofre com desamparo do Estado
Professora está hospitalizada depois de acidente na escola Alberto Giovaninni
Depois da luta de professora, a luta pela vida”
Há 45 anos Eunice Sathler veio morar em Coronel Fabriciano e se tornou uma das professoras mais conhecidas da cidade. Criou os filhos sozinha, já que o marido faleceu quando eles eram ainda muito novos. E foi como professora que sempre sustentou a família. Sua carreira foi marcada principalmente por seu trabalho no Colégio João Calvino e na Escola Estadual Alberto Giovannini.
Seus métodos de ensino superavam a falta de recursos da escola pública e estavam à frente do seu tempo. Minha mãe era fora de série, uma professora que realmente queria ensinar, queria que seus alunos aprendessem realmente. Sempre muito carinhosa, alegre e contagiando a todos com seu alto astral”, conta orgulhoso o filho Valdir.
O magistério foi uma paixão que ela não quis abandonar, mesmo após se aposentar e ser orientada por diversas vezes pelos filhos a parar de trabalhar. Lecionar era sua vida e depois de passar por tantas lutas na educação, ela segue lutando para sobreviver.
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Adriano Dias
01 de setembro, 2023 | 08:32Quando a Eunice no ano de 1995 era vice diretora do Giovanni, eu era o aluno que mais era suspenso por mal comportamento, a Eunice sorria para mim e dizia, filho você é o aluno mais querido que eu vou lembrar para o resto da vida ! Um dia estaremos juntos professora , você foi um anjo na minha vida , e levarei sempre seu sorriso na lembrança....”
Bruno Silva Ferreira
26 de agosto, 2023 | 07:59A Eunice foi minha professira de ingles no João Calvino, muito sorridente e alto astral . Força e fé Valdir neste momento delicado..”
Fatima
25 de agosto, 2023 | 17:53Tive o privilégio de ter a D. Eunice como professora de Inglês em Mutum. Pessoa maravilhosa e inesquecível. Ficou na memória de todos nós como um exemplo de competência.”
Roberto Oliveira
25 de agosto, 2023 | 13:28Boa tarde . D. Eunice foi minha professora de inglês em Mutum MG minha cidade natal . Sinto profundamente esse fato ocorrido com ela e seu estado de saúde hoje . Força Valdir e que o ETERNO te abençoe e te guarde juntamente com sua mamãe querida .”
Rosália
25 de agosto, 2023 | 13:27Em Mutum -MG, ela foi minha professora no 4°ano de 1974. Naquele tempo muitas pessoas não continuavam seus estudos, então ela preparou muitas atividades para nossa formatura: fizemos teatro e dançamos balé. Foi uma festa inesquecível! Tempos depois me tornei professora de português e também de inglês. Preciso dizer "Obrigada, dona Eunice, por seu exemplo de vida"”
Glauricy Elek
25 de agosto, 2023 | 12:47Sua imagem sempre viva e contagiante em nossa memória e corações. Seu sorriso e seu abraço neste dia fatídico é a lembrança de seu amor e dedicação. Te amo amiga e temos vc presente em nossas orações.”
Marli Fideles
25 de agosto, 2023 | 09:53? muito bom ler essa reportagem sobre a Eunice. Pessoa de um sorriso cativante, cheia de vida, alto astral. Fico triste por ela está passando por isso, mas Deus têm os seus propósitos. Torço sempre por ela, nunca esqueço minha teacher amiga.???? Valdir um forte abraço.”
Gildázio Garcia Vitor
25 de agosto, 2023 | 09:39Tive a honra e o privilégio de trabalhar com a Professora Eunice no Colégio João Calvino e no Alberto Giovannini, no inicio dos anos 1990. Não tenho certeza, mas acho que ela trabalhou no Instituto Educacional Mayrink Vieira também, onde estou desde 1993.
Era uma pessoa maravilhosa, sempre muito alegre, simpática e falante com todos.
Este descaso da sociedade e dos poderes públicos com os Profissionais da Educação é tudo que nós não precisamos, nem no início da carreira e, muito menos, no fim, depois de décadas dedicadas à formação dos jovens.
"E ai meu dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar".”
Jose
25 de agosto, 2023 | 09:27Pagar valores devidos como,? pagar o tratamento desta professora que a exemplo de muitas outras educaram e ensinaram os políticos até se formarem como? Se gastar com ela, os políticos, governos não poderão receber seus super salários. Não investem na saúde justamente pra sobrar mais granas que vão para suas contas correntes obesas. Considerando os privilégios extras nos contra xeques desta classe sanguessuga, ultrapassa só 100 mil reais. Pouco demais. E ainda tem gente que briga pra votar nestes meliantes.”
Bom
25 de agosto, 2023 | 09:20Tenho fé em Deus que Dona Eunice pode nos surpreender.
Parabéns a família por cuidar tão bem de sua mãezinha.”
Sabonete
25 de agosto, 2023 | 09:17EUNICE FOI MINHA PROFESSORA NA ESCOLA ALBERTO GIOVANNINI, RADIANTE....ELEGANTE.... EDUCADA E QUERIDA POR TODOS. ERA UMA MÃE PARA OS ALUNOS. ME LEMBRO DESTE DIA FATÍDICO......FOI MUITO TRISTE.......”