04 de agosto, de 2023 | 18:00

Novas vítimas da Rainha do Milhão denunciam golpe

Mais pessoas que se sentiram ludibriadas pela Rainha do Milhão surgiram esta semana em Ipatinga. Além das duas investidoras de Saquarema, no Rio de Janeiro, que relataram a experiência traumática, agora, uma jovem que mora nos Estados Unidos, uma mulher do Vale do Aço, uma vendedora da Região Metropolitana de Belo Horizonte e mais uma vítima de Saquarema também denunciam que estão sendo vítimas de um golpe. Os valores aplicados por essas pessoas variam de R$ 2 mil a R$ 85 mil.

O escândalo veio à tona quarta-feira (2), quando o Diário do Aço publicou a reportagem: “Mulheres do Rio de Janeiro perdem R$ 50 mil no golpe do investimento financeiro”. Agora, uma mulher, de 39 anos, de Ipatinga, já acostumada a realizar investimentos também alega que foi enganada. Ao todo, ela investiu R$ 32 mil e não recebeu nenhum rendimento do valor aplicado. A vítima conta que conheceu a Rainha do Milhão por meio de uma mídia social. “Ela se denominava uma trader, que é uma pessoa especializada em investimentos e estava fazendo muito ‘barulho’ na internet. Se intitulava como médica nutróloga e falava que tinha uma rede de restaurantes naturais”, lembrou.

Sem o resultado esperado, a auxiliar administrativo começou a cobrar os valores. No entanto, a “trader” sempre tinha algum argumento para justificar os atrasos nos repasses. A vítima chegou a receber a visita da “rainha” em sua casa e a vítima também visitou a loja da investidora, no Centro de Ipatinga. “Por duas vezes ela me pediu dinheiro emprestado. Foi aí que eu entendi que ela estava quebrada”. Ao afirmar que acionaria a polícia, a ipatinguense recebeu R$ 4.500, mas ainda aguarda o restante. “Ela acha que está certa. Sempre se coloca como vítima em todas as conversas, como boa, como quem quer pagar, mas nunca honrou”, resumiu.

Alcance internacional
A proposta de investimento, com altos ganhos, chegou até a terra do Tio Sam. Isso mesmo. Brasileiros que moram nos Estados Unidos também fizeram aplicações com a Rainha do Milhão em Ipatinga. Uma das investidoras é uma jovem mineira, de 23 anos, que trabalha com limpeza. Ela conta ao jornal que começou a conversar com a suposta golpista em outubro de 2022. “Eu só fiz essa loucura porque vários conhecidos estavam fazendo e estava dando certo”, explicou.

O primeiro investimento foi de R$ 1 mil. “Foi concluído com sucesso e ela me devolveu meu capital e lucro de R$ 700, no total de R$ 1.700. Aí eu reinvesti e foi concluído com sucesso também, mas aí eu confiei e investi R$ 10 mil”, detalhou. Diferentemente das outras aplicações, o lucro não chegou. A promessa era de um retorno de R$ 5 mil. “Ela sempre estava passando mal, falava que estava no hospital e que não estava no momento bom. Até aí tudo bem, mas foi passando o tempo e nada do meu dinheiro”, reclama.

Até esta quinta-feira, a jovem ainda não tinha recebido de volta o que investiu e, no fundo, acredita que será reembolsada. “Quero eu acreditar que um dia eu possa receber esse dinheiro de volta”, disse esperançosa. O patrão da mineira, que também está nos EUA, investiu uma quantia mais alta: R$ 30 mil. “Ninguém aqui dos Estados Unidos recebeu. Eu conheço gente que levou ‘cano’ de R$ 200 mil, uma pessoa de Ipabinha”, afirmou a jovem.

Já publicado sobre golpes do investimento:
-Mulheres do Rio de Janeiro perdem R$ 50 mil no golpe do investimento financeiro no Vale do Aço
-Vítimas temem golpe em suposto investimento por aplicativo na região
-Golpista foge e deixa prejizo para dezenas de pessoas que acreditaram em investimento em Ipatinga
-'Golpe da bolsa' provoca prejuízo milionário no Vale do Aço

Investidora não poupou nem sequer seus conhecidos

A reportagem do Diário do Aço também conversou com uma vendedora, de 39 anos, que mora na grande BH. Ela conta que conhecia a Rainha do Milhão por já ter trabalhado com ela anteriormente em uma loja de uma rede brasileira de varejo de eletrodomésticos, atualmente fechada. A vendedora, que já não tinha mais contato com a antiga colega, viu no status a oportunidade de investimento e pediu detalhes. “Ela me disse que era 100% seguro, sem risco, sem possibilidade de perder o dinheiro”. A primeira aplicação de R$ 1 mil deu certo. “Devolveu R$ 1.700 depois de três meses”. O segundo investimento, de R$ 2 mil, realizado em outubro do ano passado, não foi como o primeiro. “Nunca me devolveu”, lamentou.

Mais uma vítima do RJ
Uma das pessoas que se dizem lesadas pela Rainha do Milhão é um massoterapeuta, de 46 anos, natural do Rio de Janeiro. Ele começou a investir em dezembro de 2022, a partir da indicação de uma amiga. A primeira aplicação, de R$ 2 mil, foi um sucesso. Outros investimentos também lhe renderam retorno. “O primeiro foi de R$ 2 mil, ela me pagou 30 dias depois R$ 3 mil, sendo R$ 1 mil de lucro. Foram mais umas três pagas”, detalhou. Em um determinado momento começaram os atrasos. “A gente começou a se sentir mal, mas eu já tinha investido. Por mais que a minha intuição gritasse, a minha ganância foi maior e eu coloquei primeiro R$ 35 mil, depois eu coloquei R$ 20”. No total, o homem investiu R$ 85 mil, que ele não tem expectativa de receber.

Representação
O delegado-geral Gilmaro Alves Ferreira, que chefia o 12º Departamento de Polícia Civil em Ipatinga, faz uma orientação às vítimas de estelionato. De acordo com ele, por se tratar de um crime de ação penal pública, a investigação só é realizada a partir de uma representação. Desse modo, não basta apenas registrar o boletim de ocorrência. Para quem é do Vale do Aço a orientação de Gilmaro é: “As vítimas precisam fazer as ocorrências, depois procurarem o Dr. Marcelo Castro da Delegacia de Ipatinga”. Para quem reside em outros estados e cidades, a instrução é ir até à delegacia mais próxima. “A regra do local é do domicílio da vítima”, completou.

Silêncio
Na primeira reportagem publicada pelo Diário do Aço, a advogada da mulher apontada como a estelionatária se manifestou, negando qualquer envolvimento da cliente com os supostos atos criminosos relatados. Também afirmou que sua cliente não tinha qualquer notificação criminal. O DA procurou novamente pela advogada, informando que outras pessoas procuraram o jornal como mais relatos sobre o golpe, mas a defesa não se pronunciou até o fechamento desta edição.