07 de dezembro, de 2022 | 20:30
Nove de 15 metalúrgicos intoxicados com vazamento de gás na Usiminas já receberam alta hospitalar
Local de vazamento de gás é identificado e órgãos ambientais acompanham desdobramentos na área da Usiminas
Divulgação PM Amb
Segundo a PM Amb, informações preliminares apontam falha do sistema de vedação no gasômetro da empresa

Após trabalhadores de duas empresas terceirizadas da Usiminas inalarem gás na área da siderúrgica, em Ipatinga, na noite de 6/12, órgãos ambientais entraram em ação logo na manhã desta quarta-feira (7), em busca da identificação da causa do incidente. O fato aconteceu por volta das 20h30 de terça-feira e levou à hospitalização 15 trabalhadores. Não houve mortes. Os trabalhadores intoxicados são empregados das terceirizadas, MG Andaimes e RHI Magnesita.
Em nota divulgada no fim da tarde, a Usiminas informou que nove trabalhadores já tinham recebido alta do Hospital Márcio Cunha e seis empregados permaneciam internados sob cuidados intensivos, um deles em estado grave.
A situação operacional na Usina foi controlada na noite de 6/12. Após o acidente, as equipes técnicas da empresa realizaram prontamente medições na área interna e no entorno da Usina e não foi detectada a presença de gases, descartando riscos para colaboradores e comunidade. As causas do acidente estão sendo apuradas e a empresa manterá todos informados”, conclui a nota.
Atualização da notícia:
Usiminas comunica a morte de um dos empregados que inalou gás em acidente
Acompanhamento
Segundo informação da Polícia de Meio Ambiente, o vazamento aconteceu no gasômetro. Dados preliminares apontam que houve falha do sistema de vedação. A previsão era que um técnico esclarecesse o caso ainda na quarta-feira.
Em nota, a PM informou que o vazamento estaria controlado e que foram feitas medições no entorno da empresa e bairros próximos, mas não foi detectada concentração do gás, ficando restrito à parte interna da empresa. Preliminarmente teria ocorrido o vazamento do gás BFG, que é produzido durante o processo do ferro-gusa no alto-forno. E que ainda estariam apurando as causas e circunstâncias do vazamento”.
Apurou-se que o vazamento ocorreu em um gasômetro (local onde ficam armazenado gases oriundos do processo de produção de ferro-gusa, o BFG). As causas ainda estão sendo investigadas, porém acredita-se que teria ocorrido por falha técnica do sistema de vedação do gasômetro, ocasionando o vazamento do gás. A empresa não conseguiu mensurar a quantidade de gás que teria vazado.
Também em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que deslocou equipe da perícia para realizar os trabalhos e iniciar a apuração das circunstâncias e das causas do acidente.
MP e NEA
Conforme a PM Ambiental, o Ministério Público de Minas Gerais está ciente e acompanha o caso, assim como o Núcleo de Emergências Ambientais (NEA), que foi informado do evento. Um técnico do órgão deslocaria ainda nesta quarta-feira para visitar a empresa e adotar providências. As informações foram fornecidas pelo major da 12ª Cia PM MAmb, Átila Porto.
A 9ª Promotoria de Justiça de Ipatinga, confirmou por meio de nota que instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar a ocorrência do crime ambiental de poluição e crimes contra a vida e/ou de lesões corporais, em razão do vazamento de gás BFG na área da planta industrial da Usiminas, na noite de terça-feira.
"Nesta quarta-feira, 7 de dezembro, o promotor de Justiça responsável pela investigação, Rafael Pureza Nunes da Silva, realizou vistoria no interior da empresa, verificando preliminarmente que o vazamento ocorreu no gasômetro de 45.000 metros cúbicos. O gás BFG vazado, segundo informado pela empresa durante a vistoria, tem odor e possui coloração de sujidade. A Promotoria de Justiça está colhendo as primeiras declarações para apuração dos fatos e identificação de responsabilidades", informou a nota do MPMG.
Ainda segundo a publicação, a equipe do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim) do MPMG, que atua na repressão de crimes ambientais, foi acionada para auxiliar nas investigações e nas diligências em Ipatinga, com uma equipe de técnicos independentes.
Divulgação PM Amb
Órgãos ambientais do Estado de Minas Gerais acompanham apuração de acidente com vazamento do gás BFG resultante do funcionamento do alto-forno

Nota atualizada da Usiminas
Em nota divulgada no fim da tarde, a Usiminas informou que nove trabalhadores já tinham recebido alta do Hospital Márcio Cunha e seis empregados permaneciam internados sob cuidados intensivos, um deles em estado grave.
”A situação operacional na Usina foi controlada na noite de 7/12. Após o acidente, as equipes técnicas da empresa realizaram prontamente medições na área interna e no entorno da Usina e não foi detectada a presença de gases, descartando riscos para colaboradores e comunidade. As causas do acidente estão sendo apuradas e a empresa manterá todos informados”, conclui a nota.
Sindicatos acompanham apuração
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa), Geraldo Magela Duarte, conversou com o Diário do Aço na manhã desta quarta-feira e informou que apura o que de fato aconteceu, bem como exige da Usiminas uma solução do problema, para que não ocorra um novo acidente e haja outras vítimas.
É preciso mais atenção com a segurança dos trabalhadores. Não é possível continuar tendo vítimas por falta de segurança. Não temos ainda certeza do que realmente aconteceu. O que sabemos é que houve um vazamento de gás no gasômetro e vitimou esses trabalhadores. É preocupante a questão de segurança na Usiminas, até porque ela iniciou várias reformas e vai contratar muitos outros trabalhadores”, recorda.
Magela fez um clamor aos trabalhadores da Usiminas e terceirizadas, para que junto do sindicato, lutem por melhores condições de trabalho e maior segurança. Ele lembrou do incidente ocorrido no ano de 2018, também no gasômetro, quando houve uma explosão. Vários trabalhadores correram risco de vida e também a comunidade. Precisamos que a empresa invista em segurança. A vida é mais importante do que o lucro”.
Acidente de 2018
Na tarde do dia 10 de agosto de 2018, uma forte explosão na área do gasômetro da Usiminas surpreendeu trabalhadores da siderúrgica e moradores do bairro Cariru, região central e diversos outros bairros de Ipatinga. Parte da estrutura de uma das torres do gasômetro foi destruída com o estouro.
O acidente provocou forte tremor, que pôde ser sentido em quase toda a cidade. À época foi informado que houve cerca de 30 vítimas e nenhum óbito foi registrado. O acidente ocorreu devido a uma falha técnica no Controle Lógico Programado (CLP), sistema que é responsável por controlar o fluxo de gases na usina.
Já publicado:
-Órgãos de meio ambiente do Estado acompanham ocorrência de acidente na Usiminas
-Trabalhadores intoxicados em vazamento de gás na Usiminas permanecem hospitalizados
Sintec
Sobre o fato ocorrido nessa terça-feira, o Sindicato dos Técnicos Industriais do Estado de Minas Gerais (Sintec) também manifestou e disse lamentar profundamente o acidente e que continuará acompanhando os companheiros que estão em tratamento no Hospital Márcio Cunha, desejando uma rápida recuperação para todos eles”.
Destacou ainda, em nota, que continuará acompanhando também as investigações das causas do vazamento de gás de alto-forno e cobrar da empresa uma maior segurança para todos nós”.
Devido a essa ocorrência, o Sintec suspendeu a assembleia que ocorreria nesta quarta-feira, referente à campanha salarial, em respeito aos colegas de trabalho que estão hospitalizados e também aqueles que estão investigando as causas deste acidente.
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Bfg
08 de dezembro, 2022 | 18:21Já o gás de alto forno (?blast furnace gas? ou ?BFG? em inglês) é o gás siderúrgico que apresenta o poder calorífico inferior mais baixo, da ordem de 3.300 kJ/ m³ ou 800 kcal/m³. Sua composição típica varia significativamente nas seguintes faixas [1] [3] [4]:
Monóxido de carbono 21 ? 33%
Hidrogênio 1,5 ? 3,5%
Nitrogênio 50 ? 60%
Dióxido de carbono 8 ? 23%
Gás sulfídrico ~ 2,7%
Como visto na sua composição, é um gás que possui um elevado teor de gases inertes, de 58 a 75%, o que justifica seu baixo poder calorífico. Além disso, o teor de monóxido de carbono é elevado o que o torna muito perigoso em caso de vazamento.”
Aqui é Eu
08 de dezembro, 2022 | 16:57Acidentes até no trajeto acontece !!!! mas infelizmente à alguns funcionários que usam capacetes brancos ! acham que são donos dos que usam capacetes de outra cor( "as vezes com medo de represálias sofrem as humilhações calados """)e pressionam acima do normal e as possibilidades de acontecer os acidentes aumentam ainda mais !!! POIS PENSAM QUE SÃO DONOS DOS COLABORADORES E NÃO APENAS FUNCIONÁRIOS DA MESMA EMPRESA !!!!”
Manoel 2
08 de dezembro, 2022 | 12:56Marcelo Toledo. A maior parte de seus questionamentos está respondida na reportagem. Tem um trecho escrito acima (ACOMPANHAMENTO), que explica o que é o gás BFG, por exemplo. Realmente faltam o nome da empreteira em que os trabalhadores trabalhavam.”
Ex-empregado
08 de dezembro, 2022 | 12:51A Usiminas já foi boa e, em si, é boa ainda. O problemas está nas pessoas que compõem seus quadros de funcionários. A hipocrisia anda solta principalmente em relação a segurança. Se você trabalhar 100% no procedimento, não dá pra fazer nada e todos querem prejudicar a todos. Também fui mandado embora de uma terceirizada e não entro mais na área dela. Não faço questão, já que aprendi a trabalhar no trecho. No meu caso, tanto a Usiminas quanto a empreiteira sabiam, mas fingiam que não sabiam. A bomba estourou nas minhas mão e fui demitido como muitos outros já foram. Não podemos jamais generalizar, mas a chefia é em grande parte covarde. Das empreiteiras, nem se fala, mas é a vida que segue. Cada dia que passa fica mais dificil conseguir mão de obra qulificada, mas tambem quem quer isso?”
Manoel
08 de dezembro, 2022 | 12:07Marcelo Toleto, quer saber o que é Gás BFG vai pesquisar no Google.”
Marcelo Toledo
08 de dezembro, 2022 | 06:25O jornal deveria ser mais explicito em suas informações. Explicar o que é o BFG, os riscos que a comunidade próxima ao gasômetro corre e principalmente, destacar o nome da empresa terceirizada. Fica uma sensação muito ruim para os leitores, parece que terceirizaram vidas, escondem nomes por qual motivo? É público e notório o que aconteceu com a Usiminas depois da privatização, como qualquer outra, a empresa tornou-se obstinada pelo lucro e muitas vezes passou por cima da segurança em detrimento da produção. As causas e efeitos devem ser esclarecidas, de preferência com nomes.”