18 de setembro, de 2021 | 14:37

O caso Lenilda e o sonho de trabalhar no exterior que terminou em tragédia

Família quer sepultar no Brasil corpo de técnica de enfermagem que morreu na travessia do México para os Estados Unidos

Álbum pessoal
A técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 49 anos, morreu a caminho do sonho de morar e trabalhar nos EUAA técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 49 anos, morreu a caminho do sonho de morar e trabalhar nos EUA

Com inflação, dólar e desemprego em alta (14,1% em agosto), muitos brasileiros veem no aeroporto a saída para conseguir um emprego no exterior e assegurar meios para sobreviver.

E a imigração ilegal para os Estados Unidos é uma das opções adotadas por muitos brasileiros. Dados divulgados pelo Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP), foram mais de 47 mil apreensões entre outubro de 2020 e setembro de 2021.

Somente no dia 16/9, a patrulha de fronteira da região de Yuma, no Arizona, informou que deteve um grupo de 140 brasileiros. Neste mês, foram 600 migrantes encontrados por dia, um aumento de 2.000% a mais do que no ano passado.

Alguns dos imigrantes ilegais, entretanto, nem sequer conseguem chegar ao destino. Ficam pelo caminho, como é o caso da técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, de 49 anos, natural de Vale do Paraíso, cidade com menos de 10 mil habitantes, no estado de Rondônia.

A forma cruel como Lenilda morreu semana passada na travessia do deserto tem chamado a atenção para as condições enfrentadas por quem se arrisca a entrar ilegalmente nos EUA. O caso veio à tona em uma notícia publicada esta semana pelo jornal O Globo.

Abandonada

No meio da tarde de 7 de setembro, data da independência do Brasil, Lenilda e três amigos de infância, com um coiote mexicano (guia clandestino que faz a travessia de pessoas para os Estados Unidos), faziam a caminhada que levaria o grupo de imigrantes para realizar o sonho de morar e trabalhar nos EUA.

No meio do caminho a brasileira sentiu-se mal e os integrantes do grupo depararam-se com o dilema, ficar na companhia de Lenilda e correr o risco de serem todos presos ou, deixa-la para trás, seguir em frente e tentar voltar com a ajuda. E assim foi feito. Lenilda, sem condições de andar, foi deixada para trás. A ajuda nunca retornou.

Em um dos áudios enviados por ela e divulgados pela família a mulher relata: “Eu dormi aqui, eu não aguentei, eu tô sozinha. Mas eles estão vindo me buscar. Eu tô chegando, falta um pouquinho só para eu chegar. Eu não aguentei”.

Depois de um tempo em silêncio, Lenilda enviou a localização de onde estava, o deserto no entorno da cidade de Deming, no estado do Novo México. O local por onde o grupo passou, como todo deserto, apresentação variações de temperatura entre a máxima de 35 graus com ar seco no dia e à noite a temperatura pode cair muito, com o vento frio. Lenilda não resistiu a essa condição inóspita.

Já publicado:
-Polícia Federal deflagra operação no combate a imigração ilegal para os EUA
-Operação Velho Coiote combate ao tráfico de pessoas na região
-PF cumpre mandado de busca e apreensão de documentos falsos em Ipatinga

Buscas iniciadas no mesmo dia

A família acionou ajuda no mesmo dia 7/9, quando ela parou de responder às mensagens. No dia seguinte foi procurada, mas não foi localizada pelas patrulhas. As buscas foram mantidas e, uma semana depois, na quarta-feira (15), corpo da técnica de enfermagem foi encontrado. Ela estava a aproximadamente 400 metros de uma casa e perto do cruzamento de duas rodovias.

A família não perdoa o qrupo que a abandonou para morrer no deserto e faz uma campanha para arrecadar recursos suficientes para o traslado do corpo da brasileira.

Familiares contam que Lenilda tinha dois empregos em Vale do Paraíso, mas não conseguia equilibrar as despesas e pagar as mensalidades das faculdades de suas duas filhas. Ela, que tinha morado nos Estados Unidos no começo dos anos 2000, por três anos, tentou entrar no mês de abril desse ano, mas foi presa e deportada. Agora, tentava atravessar o deserto sem ser vista, mas a tentativa acabou de forma trágica.
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Comentários

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Leda

19 de setembro, 2021 | 16:26

“Serve de exemplo pra brasileiro que pie peça meses lá fora do Brasil quando volta nun quer fazer uma faxina morre de fome mas nun faz esboba todo mundo nun aceita a realidade quem muito quer nada tem felicidade não é dinheiro e paz”

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