27 de março, de 2019 | 14:00
Câmara de Ipatinga acata pedido de renúncia do ex-vereador Andrade
Vereador do Avante é investigado por recolher parte do salário de assessores parlamentares para diversos fins, prática que já foi confessada por ele mesmo
Wôlmer Ezequiel
A carta de renúncia do vereador Andrade foi protocolada na Câmara de Ipatinga no início da tarde desta quarta-feira (27)
Atualizada às 17h32 
No início da tarde dessa quarta-feira (27), os filhos do então vereador José Geraldo Andrade (Avante) entregaram a carta de renúncia de seu pai na Câmara de Ipatinga, que foi lida durante a sessão ordinária. Após a leitura, o pedido foi acatado pelo Legislativo e Andrade foi desligado do cargo de vereador. Com isso, seu suplente, Avelino Cruz (Avante), deverá ser convocado para ocupar, de forma definitiva, a cadeira no Legislativo nos próximos dias. Os assessores de Andrade também serão exonerados.
José Geraldo Andrade é o terceiro vereador a pedir renúncia nesse ano. O primeiro foi Paulo Reis (Pros), que protocolou o pedido no dia 14 deste mês. Depois foi a vez de Rogério Antônio Bento, o Rogerinho (atualmente sem partido), que entregou sua carta de renúncia no dia 22 desse mês.
Prisão
Entre os dias 14 de março até segunda-feira (25), Andrade e seu irmão, Célio Andrade, estavam presos preventivamente na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba. Ele é investigado por recolher parte do salário de assessores parlamentares para diversos fins. A mesma prática levou ao pedido de prisão de outros vereadores de Ipatinga, que estão presos atualmente, como Wanderson Gandra (PSC) e Luiz Márcio (PTC), e os ex-vereadores Rogerinho (atualmente sem partido) e Paulo Reis (Pros). O assessor parlamentar do gabinete de Reis, Ivan Menezes, também está preso.
Entretanto, Andrade foi o primeiro vereador a confessar desvio de recursos na Câmara de Ipatinga, desde o início das investigações no âmbito da Operação Dolos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além de confessar, ele chegou a um entendimento para se livrar da cadeia e pagou uma fiança.
Como já foi instaurada uma Comissão Processante para apurar quebra de decoro de Andrade, após sua renúncia, ele está inelegível por oito anos conforme a Lei Complementar 64/1990, contados a partir do fim do seu mandato.
Acordo
Conforme já noticiado pelo Diário do Aço, Andrade assinou um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, por meio do qual se comprometeu ao pagamento de R$ 150 mil em multas e a renunciar ao cargo de vereador. No entanto, esse acordo ainda precisa ser homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
O advogado que atua na defesa dos irmãos Andrade, Ignácio Gomes de Barros Júnior confirmou ao Diário do Aço que a saída deles do cárcere deu-se após a defesa ingressar com um pedido de revogação da prisão preventiva junto à 1ª Vara Criminal de Ipatinga.
Na sexta-feira (22), o pedido foi acatado pelo juiz José Maria Pataro, depois de um parecer favorável do Ministério Público, que condicionou a adoção de medidas cautelares, dentre as quais recolhimento domiciliar após as 20h, comparecimento em juízo em todos os atos do processo e não se mudar de endereço sem autorização expressa do juiz.
O MP também opinou pela fixação de uma fiança no valor de 100 salários mínimos, o que foi inicialmente atendimento pelo juiz criminal na sexta-feira.
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Tornozeleira eletrônica
No acordo assinado por Andrade também está citado que, após a liberação da cadeia, o vereador teria que usar uma tornozeleira eletrônica, que só não foi instalada no ato da soltura porque a Comarca de Ipatinga não tinha o equipamento. No entanto, nessa quarta-feira (27), tornozeleiras eletrônicas chegaram da Comarca de Governador Valadares e foram instaladas em Andrade e em seu irmão.
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