12 de julho, de 2022 | 07:20

Diesel mais caro que gasolina assusta caminhoneiros autônomos

Medidas estabelecidas pelo governo federal, com o objetivo de reduzir o valor dos combustíveis, não provocou mudanças consideráveis no preço do diesel

(Stéphanie Lisboa - Repórter do Diário do Aço)
Os caminhoneiros autônomos estão apavorados como o valor atual do combustível utilizado para abastecer os veículos de carga, o diesel. Ver a gasolina sendo vendida por um valor mais baixo que o diesel é algo inédito para alguns profissionais que circulam pelas estradas.

“Pela primeira vez, estou vendo o diesel mais alto que a gasolina nessa história aí. Eu tenho amigos meus, de mais de 60 anos de idade, que nunca viram o diesel mais caro que a gasolina”, declarou Alessandro Lopes, caminhoneiro há 20 anos, de Iapu, que realiza viagens interestaduais, transportando, na maioria das vezes, ferragens.

Quem também está impressionado com os valores atuais dos combustíveis é o caminhoneiro autônomo Vanderlei Rodrigues Vicente, de Santana do Paraíso. Com 52 anos de idade e 20 anos de profissão, ele diz que nunca tinha visto esses valores antes. “Olha, é a primeira vez na história que eu vejo isso acontecer. Porque eu nunca vi gasolina mais barata do que diesel. E sendo que a gasolina para chegar até os postos ela depende do diesel, é transportada por caminhão”, disse sem acreditar.

Pequena queda
Com uma queda tão expressiva no valor da gasolina, causada por medidas do governo federal para aliviar o bolso do cidadão, a mudança de preço no valor do diesel acaba se torando quase imperceptível para o motorista.
No dia 29 de junho, a reportagem do Diário do Aço encontrou o diesel sendo vendido a R$ 7,54 em um posto localizado no bairro Veneza. Cerca de uma semana depois, no dia 5 de julho, no mesmo estabelecimento, o diesel estava com o mesmo valor. Nesta segunda-feira (11), o combustível era vendido por R$ 7,45, redução de nove centavos.

No diesel S-10 também foi registrada queda. No dia 29/6 era vendido por R$ 7,74, permaneceu o mesmo valor no dia 5/7, e nesta segunda-feira foi encontrado por R$ 7,54, uma queda de 20 centavos.

Transporte não contemplado
Para Irani Gomes, presidente do Sindtanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais), a categoria do transporte não foi contemplada nas mudanças estabelecidas pelo governo, com o corte de encargos federais como a Cofins, Cide e PIS, e o teto de 17% a 18% para o ICMS sobre os combustíveis.

“O governo mexeu nas alíquotas de gasolina, etanol, mas não mexeu na alíquota do óleo diesel. A categoria se encontra revoltada, toda a modalidade do transporte, tanto o transporte de combustível derivado de petróleo, quanto as outras modalidades que transportam cargas no Brasil”, disse.

O valor do combustível impacta diretamente a categoria. “Como o óleo diesel, hoje, é o insumo que mais impacta na cadeia do transporte, está aproximadamente 70% do valor de um frete, o impacto é muito grande com esta alta do óleo diesel”, lamentou.
Como representante de uma categoria profissional, Irani deseja que o ICMS do diesel seja reduzido. “A gente pede para que volte, pelo menos, para o que era antes, que era os 12% do ICMS”.

Explicação do Minaspretro
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspretro), explicou ao Diário do Aço os motivos pelos quais o valor do diesel não foi impactado de forma considerável pela redução do ICMS sobre os combustíveis.

“A Lei Complementar 194, de 2022, previa que os estados acatassem o teto de 17% a 18% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Aqui em Minas Gerais a alíquota do ICMS do diesel já era menor que o teto, 15%. Em relação aos impostos federais do diesel, eles já estavam zerados”, esclareceu o Minaspretro.

Já publicado:
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