08 de agosto, de 2025 | 07:27
Saiba o que disseram os réus em depoimento na noite do segundo dia de julgamento do caso Caio Domingues, em Timóteo
Julgamento dos réus do caso Caio Domingues entra no terceiro dia e é o mais longo da história da Comarca de Timóteo
Wellington Fred
''Eu jamais ia matar o pai dos meus filhos'', afirma Luith Pires durante interrogatório no Tribunal do Júri em Timóteo

Terminou por volta das 20h30 desta quinta-feira (7) o segundo dia da sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri da Comarca de Timóteo, no Fórum Geraldo Perlingeiro de Abreu, que julga se os réus Luith Silva Pires Martins, 41 anos, e João Victor Bruno Coura de Oliveira, 23 anos, acusados da morte de Caio Campos Domingues, de 38 anos, ocorrida no dia 4 de abril de 2023, na saída da chácara da propriedade dele em Lavrinha, zona rural de Jaguaraçu.
A quinta-feira foi marcada por depoimentos do delegado responsável pelo caso, Jorge Caldeira; da perita que esteve no local do crime; de um homem que prestava serviços para a família; de uma funcionária do Presídio Feminino de Timóteo; testemunhas de defesa e depoimentos dos réus.
Tanto Luith quanto João Victor responderam somente a perguntas de seus respectivos advogados de defesa. O depoimento de João foi breve, com respostas sucintas, enquanto o de Luith durou cerca de uma hora.
No mais longo julgamento já feito na Comarca de Timóteo, a expectativa é que o julgamento seja concluído em seu terceiro dia, nesta sexta-feira (8), quando defesa e acusação devem dispor de oito horas de debates para expor as provas relatadas e defender as hipóteses de cada lado.
Antes de iniciar o interrogatório, a juíza que conduz o júri, Marina Souza Lopes Ventura Aricodemes, leu a denúncia do caso perante aos réus.
Choque de cadeia
Conforme orientação de seus advogados, João Victor respondeu apenas as perguntas efetuadas por sua defesa, se resguardando em ficar em silêncio perante a magistrada, os advogados de Luith, os promotores de justiça e os assistentes de acusação. A oitiva do réu foi rápida, iniciou-se às 19h30 e terminou às 19h37.Em seu depoimento, o homem acusado de ser o executor do crime reiterou que não teve nenhuma participação no ocorrido, e que o vídeo de sua confissão gravada na delegacia de Timóteo foi feito após receber acusações e ameaças de policiais, e que foi obrigado a confessar a autoria do crime. Ele também disse que estava em choque de cadeia”.
João foi preso por policiais militares na manhã do dia 5 de abril de 2023, em sua residência em Cava Grande, um dia depois após o homicídio de Caio, e ficou em silêncio. No dia 12 de abril foi gravada a sua confissão na delegacia.
Eu cheguei lá, tomei tanta porrada. Eles não me deram a oportunidade de ficar em silêncio. Tomei tanta porrada”, relatou João Victor. Perguntado pelo seu advogado sobre o que seria o choque de cadeia”, o acusado disse que ficou assustado com o lugar, sobretudo por ser réu primário e nunca ter vivenciado algo parecido em sua vida.
Lá não é lugar de ninguém ficar não, é pressão o dia inteiro, e eles colocaram mais pressão ainda para eu falar a base de chute e porrada. Eu nego, não tive participação em isso, não”, afirmou João Victor perante ao juízo. Além disso, ele garantiu que não confessou nenhum crime para a Polícia Militar.
Wellington Fred
Réus responderam apenas perguntas de suas respectivas defesas. Nesta sexta-feira terá o debate entre MP e advogados e o desfecho do caso

O que disse Luith Silva Pires Martins
Já a ré, Luith, iniciou seu depoimento negando ter mandado matar o marido, Caio Campos Domingues. Ela também, conforme estratégia de seus advogados, respondeu apenas a perguntas elaboradas por sua defesa, escapando de quaisquer indagações da magistrada, dos integrantes da acusação, e até mesmo dos advogados de João Victor.A ré alegou ter passado a manhã de 4 de abril em casa e tomou café da manhã com Caio. Ela disse que era rotina sair com Caio naquele horário, e que ela deixava ele em uma loja de bicicletas em Timóteo, ponto em que ele iniciava o treino de bicicleta, visto que ele era ciclista, e ela ficava com seu filho em uma escolinha de futebol. No entanto, no dia dos fatos, apenas o casal estava no veículo.
O momento do crime Em referência ao episódio que culminou na morte de seu marido, ela contou que saiu de casa com ele, ambos no mesmo veículo, uma caminhonete Fiat Toro, em que ela dirigia, quando um homem fez um sinal de carona, e ela parou o veículo para prestar apoio. Neste momento, o sujeito anunciou o assalto e ordenou que ela fosse para trás do veículo e, segundos depois, ouviu os disparos de arma de fogo.
Neste momento, conforme relatos da acusada, o assassino a pegou pelo cabelo e a obrigou a dirigir o veículo até Cava Grande, sob ameaça, com uma arma apontada para ela.
Ele colocou a arma na minha cabeça, meu marido ficou [caído] lá no chão, e ele gritava toca, toca, toca, eu acelerava o carro e gritava e a pessoa atrás com arma na minha cabeça. Quando chegou em um lugar que tinha uns lixos, ele falou encosta. Quando ele abriu a porta de trás, eu não sei se ele ia atirar em mim, se iria colocar fogo no carro, eu acelerei o carro, e eu virei o carro com tudo na frente de uma carreta. A carreta buzinando e eu fui acelerando”, afirmou Luith durante o interrogatório.
Luith disse que ligou para o delegado Jorge Caldeira pedindo socorro, e que horas depois, seus pais chegaram no local do crime e foram com ela até o Hospital Vital Brazil, onde Caio deu entrada. Ela também disse que dirigiu rápido e percorreu grande parte do trajeto pela contramão.
No hospital, ela disse que foi medicada, e que horas depois, em sua casa, tomou 35 gotas de Rivotril, a pedido da irmã, Rosana.
Durante sua fala, Luith negou ter dado depoimento no quartel, e disse que deitou em uma cadeira e dormiu, ainda sob efeito das medicações. Eu estava tão dopada que eu deitei em uma cadeira e dormi”, informou.
Ela frisou que após o crime se encontrou com familiares do marido do hospital e que em momento algum, nestes dois anos, confessou o assassinato. Eu jamais ia matar o pai dos meus filhos. Ele era pai dos meus filhos”.
Relacionamento conturbado
Ainda no depoimento, Luith voltou ao tema abordado pelas testemunhas de defesa, de que o casamento era conturbado. A família do Caio sabe que o Caio era nervoso, porque lá [família do Caio], muitos são nervosos. Ele era assim”.As possíveis agressões de Caio foram negadas pela família no dia anterior, inclusive durante o depoimento da mãe da vítima, Arlete Aparecida Campos Rodrigues.
Ela também relatou que Caio era ciumento. Ele tinha sonhos de que eu estava traindo ele”. Ela revelou que acordava com arma em sua cabeça. Segundo Luith, a casa tinha diversas câmeras, inclusive com áudio, e que ele a monitorava, usando também o GPS como rastreador. Além disso, a mulher relatou que seu marido tinha ciúmes do irmão, e que tinha um mal relacionamento com a própria família.
Durante a oitiva, a defesa mostrou imagens e a ré afirmou que em uma delas, em que ela aparece com um hematoma no rosto, teria sido causado por uma agressão do marido.
Wellington Fred
Caio Campos Domingues tinha 38 anos, quando foi assasinado a tiros na saída de sua chácara em Lavrinha de Jaguaraçu, em 4 de abril de 2023

Sobre as dívidas Luith acrescentou ainda que a loja do casal entrou em falência entre 2017 e 2018, e que Caio dizia que isso era um problema que ela deveria resolver. Para não ficar em dívida com os funcionários, passou dois imóveis para o nome do marido.
Eu pedia ele ajuda e ele dizia se vira. Ele trabalhava em Belo Horizonte nessa época. As pessoas me cobravam na porta de casa. Tem vídeos da câmera, prints. Eu recebi o Capitão Vitor (hoje prefeito de Timóteo) na minha casa porque eu liguei para ele em desespero”.
Relação com João Victor
Indagada pela defesa, Luith disse que conheceu João Victor alguns dias antes do crime, e que ele prestaria um serviço de capina em sua chácara, e que foi recomendado por conhecidos. Disse ainda que não passou o dia inteiro com o outro acusado, e que comprou as roupas como forma de adiantamento pelo serviço que seria prestado.Passei em Cava Grande, peguei o João Victor, e quando foi por volta de 11h, ele falou que não tinha roupa para trabalhar, porque ele não era de lá”, respondeu Luith. Segundo ela, João relatou que poderia descontar a compra das roupas, que ficou em R$ 250, no pagamento que seria feito posteriormente.
Após isso, ela teria deixado o jovem para almoçar, e concedeu carona para ele no retorno ao distrito de Cava Grande, quando o pneu da caminhonete furou, e ela precisou parar em uma borracharia para trocar.
Neste momento, os dois foram vistos juntos, tanto por testemunha, quanto por uma câmera de segurança do Posto Leão, que fica no distrito.
O depoimento de Luith durou cerca de 1h, começou por volta das 19h40 e foi finalizado em torno de 20h35. Ao fim das perguntas, a ré disse que queria continuar depondo, porque tinha muita coisa para falar, no entanto, com o encerramento das perguntas, não foi possível.
Militares garantem lisura
Todos os policiais militares que passaram pelo júri, desde o oficial da reserva da Polícia Militar, Vitor Prado (atualmente prefeito de Timóteo), até o sargento Juliano Silva Messina, que atuaram na apuração do assassaato de Caio, ressaltaram que não houve nenhuma arbitrariedade por parte da Polícia Militar, tanto no dia do crime, quanto na prisão de João Victor e na abordagem da ré, Luith.
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Analista
09 de agosto, 2025 | 03:06Os tiros que matou o rapaz vieram do além foram disparados por um espírito vagando na chácara talvez um Estra terrestre conta outra.”
Curioso
08 de agosto, 2025 | 13:10Então o falecido que tem a culpa de seu assassinato? Eita...”
Elisângela Malaquias Quintão
08 de agosto, 2025 | 13:01Pelo amor de Deus, está mais do provado e comprovado que eles são culpados! Pena máxima pra eles. Tenho fé em Deus que isso vai acontecer. A justiça será feita.”
Pereba
08 de agosto, 2025 | 11:22O Morto morreu sozinho, isto se chama SOFISMA.”
Lorena
08 de agosto, 2025 | 09:03Tese de defesa apresentando agressão física e psicológica da ré. Muita ponta solta nessa defesa. Clara intenção de tirar o foco da acusação. Que seja feita a Justiça!!!!”
Mariana Lopes
08 de agosto, 2025 | 08:44Para mim, o que está aparecendo ao ler essa reportagem é que a defesa dos réus está promovendo a segunda morte do Caio. Que mundo complicado é esse?”
Impressionante
08 de agosto, 2025 | 08:40Os indivíduos não pensaram antes de fazerem uma besteira gigantesca, depois ficam tentando se safar criando narrativas. lamentável é, pela vida perdida!”
Inconformado
08 de agosto, 2025 | 08:13Ainda resta dúvida da associação entre a ré e o João? As provas apresentadas não são suficientes? Justiça, até um cego vê o que houve. Não tem jeito,cadeia prus dois,Luith e João.”