
27 de junho, de 2025 | 08:45
Professora e diretora Pedagógica avaliam período após proibição do uso de celular nas salas de aula
Por Bruna Lage - Repórter Diário do AçoO primeiro semestre da rede de ensino está quase no fim para alunos de escolas públicas e privadas. Neste ano, eles passaram a conviver com a restrição do uso de aparelhos celulares no ambiente escolar. O Diário do Aço ouviu duas educadoras da região, que avaliaram como foram os últimos meses.
A Lei Federal nº 15.100/2025 não proíbe totalmente, mas limita o uso durante aulas, recreios e intervalos, para que os alunos possam se concentrar nas atividades diárias e interagir com outras pessoas. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais enviou às escolas orientações. Nos anos iniciais do ensino fundamental, os estudantes não poderão levar celulares para a escola. Para os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio, o uso será restrito a contextos específicos pedagógicos planejados pelos professores.
Relatos
Cleidilene Alves de Araújo Gonçalves leciona na rede pública e particular no Vale do Aço. Ela observa que a proibição trouxe pontos positivos. A situação, principalmente na rede pública, estava ficando sem controle, caótica. Com uma lei federal, a escola consegue argumentar e cobrar de forma mais efetiva dos alunos e até da família. O celular na hora da aula estava sendo uma distração para os alunos”, afirma.
A professora acrescenta que muitos alunos ainda não se conscientizaram da proibição e da importância da medida. Praticamente todos os dias ainda temos que lembrá-los de não usar o celular. Tem sido uma luta diária. Mas já podemos ver alguns resultados com relação à concentração e participação dos alunos em sala. Com relação à produtividade, fica um pouco difícil mensurar, mas com relação à concentração e participação em sala de aula, sim”, reitera.
Dificuldade
Maria da Conceição Soares Veiros Aguiar é diretora Pedagógica e coordenadora do fundamental anos finais e ensino médio, em uma escola particular de Coronel Fabriciano. Ela explica que os professores enfrentavam grande dificuldade na sala de aula antes da proibição. Os alunos utilizavam o celular para outras finalidades, atendiam ligações, faziam uso de jogos e o ensino ficou comprometido.
Álbum pessoal
Maria recorda que os professores enfrentavam grande dificuldade na sala de aula antes da proibição

Para frear esse aspecto foi muito bom. Porém, eu vejo o seguinte, a escola passa a ser chata, porque tem regras, tem limites (que são necessários). Quando o aluno percebe isso, fica indignado, porque em casa pode, pode tudo, e a escola é chata. Antes da pandemia eles usavam, inclusive pedagogicamente, era muito bom, mas eles acabaram ficando tão dependentes do celular, pensamento acelerado, muito inquietos, não se concentravam, então, o celular chegou a um ponto de prejudicar”, relata.
Com a proibição, observa Maria, muitos alunos ainda estão em adaptação. Nós estamos tendo a paciência também de conversar com eles, de recolher o aparelho, entregar para os familiares, e a gente pede para não trazer para a escola. Hoje, sem sombra de dúvidas melhorou muito. Mas precisamos contar ainda mais com o apoio doas familiares. Vamos caminhando, acredito que vai chegar um ponto que eles vão entender que é melhor assim”, vislumbra.
Rendimento
Sobre o rendimento dos alunos, Maria da Conceição salienta que a fase ainda é de recuperação do prejuízo causado pela pandemia da covid-19. Estamos nivelando, entendendo como está essa aprendizagem deles, e lutando, porque é complicado, não basta a escola tirar o celular, a família também tem que saber dosar, saber dividir, ter um bom planejamento, uma boa organização. Eu entendo que é difícil, porque essa geração é toda tecnológica. E eles levaram um baque muito grande com a proibição. Mas estava sendo prejudicial, eles não estavam sabendo usar”, conclui.
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