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03 de outubro, de 2024 | 08:40

Queimadas destroem abelhas e levam prejuízo ao ecossistema

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Pestov Sergey/Museu Zoológico
Abelhas podem morrer de fome em meio às áreas com a cobertura vegetal queimadaAbelhas podem morrer de fome em meio às áreas com a cobertura vegetal queimada

Nesta quinta-feira (3), é celebrado o Dia Mundial das Abelhas. As chamas que devastam a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) nos últimos dias não são prejudiciais somente aos seres humanos, mas também aos animais, sobretudo esses insetos. Eles são de grande importância para o equilíbrio ambiental, além de ser um elemento indispensável na produção de mel e derivados, dentre eles a própolis e a cera. É o que explica o apicultor e sócio fundador de uma produtora de mel de Timóteo, Gustavo Martins Delfim, em entrevista ao Diário do Aço. Ele aponta que as abelhas são responsáveis pela polinização das plantas, visto que sem polinização a maioria das espécies vegetais não se reproduziriam, o que resulta em um comprometimento de regeneração da vegetação local.

“Isso prejudica todo o ecossistema, tanto a fauna quanto a flora, pois ambos andam diretamente ligados. Algumas espécies de abelhas podem ter suas espécies reduzidas em grande número. Os incêndios causam um desequilíbrio pois afetam a sobrevivência das abelhas e reduzem a capacidade polinizadora que, consequentemente, compromete a regeneração da vegetação local e de todo o ecossistema prejudicado. O principal prejuízo é proveniente das queimadas, pois nelas a vegetação é destruída, consequentemente tanto as abelhas silvestres como as abelhas africanizadas ficam sem seu ‘pasto apícola’ (denominação da vegetação onde as abelhas buscam pólen e néctar)”, pontua o sócio da MelBras.

O apicultor detalha que as chamas destroem as colmeias. “As abelhas não saem das suas colmeias ou colônias quando as chamas chegam, e por isso morrem carbonizadas. Os incêndios destroem qualquer tipo de vegetação, levando meses ou até anos para algumas espécies de plantas com aptidão apícola regenerarem”, afirma.

Ricardo Alves/Divulgação
Incêndios causam desequilíbrio em todo o ecossistema ao atingir as abelhas Incêndios causam desequilíbrio em todo o ecossistema ao atingir as abelhas

Morte por fome
Gustavo também destaca que as abelhas podem morrer de fome em meio às áreas com a cobertura vegetal queimada. “Se não tiverem onde conseguir pólen e néctar, o enxame pode acabar. As abelhas são insetos altamente dependentes de visão e olfato para se alimentarem e se orientarem no ambiente. A visão é utilizada para identificar as plantas por meio dos padrões florais e cores, já o olfato é para encontrar o cheiro das flores. As queimadas geram fumaça e cinzas que podem escurecer a visão”.

O apicultor ainda detalha que “muitos acreditam que elas poderiam fugir em situação de perigo. No entanto, a abelha rainha voa apenas uma vez em toda a sua vida, durante o voo nupcial. Após o acasalamento, a sua função na colmeia é de garantir a continuidade da colônia. Em caso de incêndio ou qualquer outro tipo de perigo, as operárias permanecem na colmeia para proteger a rainha”, acrescenta ao jornal.

Danos aos seres humanos
O especialista enfatiza que o desmatamento também pode provocar migração das abelhas para áreas urbanas. “As abelhas vão em busca de abrigos e alimentos. E como nas cidades tem áreas arborizadas, elas vão atrás de néctar e pólen nessas áreas”.

Gustavo ressalta que o desaparecimento desses insetos causaria um colapso ecológico e alimentar, prejudicando tanto a natureza quanto a sociedade humana. “A maior parte das plantas utilizadas na produção de alimentos depende da polinização das abelhas. Teríamos um impacto econômico, pois a agricultura e indústrias relacionadas à produção de alimentos sofreriam perdas enormes, já que muitas culturas dependem diretamente da polinização por abelhas. O custo para encontrar alternativas artificiais para a polinização seria extremamente elevado”, pontua.

Quebra na safra de mel
Divulgação
Incêndio em apiário de Revés do Belém queimou várias colmeiasIncêndio em apiário de Revés do Belém queimou várias colmeias

Outro dano consiste na quebra na safra de mel causada pelo comportamento das abelhas durante as queimadas. “Podem ocorrer quebras localizadas, o Brasil tem grandes extensões territoriais e os locais que têm sofrido com as queimadas serão prejudicados. O Vale do Aço, por exemplo, tem sofrido com as queimadas constantes. Há relatos de apicultores parceiros da nossa empresa que tiveram os apiários queimados. José Damião, de 64 anos, é um apicultor parceiro que teve 50% de suas colmeias queimadas, que estavam localizadas no Cocais e Revés do Belém. As colmeias que foram queimadas tinham capacidade de produzir aproximadamente duas toneladas de mel”, lembra Gustavo.

“O mel é rico em nutrientes, tem propriedades antibacterianas, é fonte de energia e pode ser um ótimo substituto do açúcar. Embora saudável, não é um alimento essencial para a sobrevivência ou nutrição básica da maioria das pessoas. Porém, o seu consumo diário é indicado para manutenção da saúde e qualidade de vida. Já a apicultura é uma atividade que traz benefícios, pois é uma atividade sustentável que visa a preservação do meio ambiente, ajuda na reprodução das espécies vegetais, como as utilizadas na alimentação humana. Um exemplo seria a fruticultura, a produção de frutas é uma das atividades mais beneficiadas pela polinização das abelhas”, detalha.

Divulgação
Gustavo é apicultor e sócio fundador de uma produtora de mel de TimóteoGustavo é apicultor e sócio fundador de uma produtora de mel de Timóteo

Soluções
Gustavo complementa quais poderiam ser as possíveis soluções para a redução dos prejuízos das queimadas que refletem nas abelhas. “Acredito que a conscientização da população, aumento da fiscalização, preservação da vegetação nativa e criação de faixas de contenção ao redor de áreas propensas a incêndios podem ajudar nessa situação”, finaliza.

Já publicado:
Incêndio em vegetação à margem do contorno rodoviário do Vale do Aço gera preocupação
Incêndios podem ser denunciados por aplicativo do Ministério Público
Incêndio consome área equivalente a mais de mil campos de futebol em Santana do Paraíso

Queimadas destroem abelhas e levam prejuízo ao ecossistema. O vídeo mostra um incêndio em um apiário de Revés do Belém que queimou várias colmeias. Veja mais no link 👉 diariodoaco.com.br/noticia/0119...

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— jornaldiariodoaco.bsky.social (@jornaldiariodoaco.bsky.social) October 3, 2024 at 8:56 AM
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Comentários

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Af Assis

03 de outubro, 2024 | 15:22

“As mudanças climáticas são uma realidade. As queimadas e o desmatamento são cada dia mais uma ameaça à uma vida digna, uma vez que há aumento de calor e com isso várias consequências para os humanos. Para os bichos, que não têm culpa, nem se fala. Em Fabriciano, o atual gestor não está nem aí, desmatamento sem dó, em face de uma enganosa evolução.”

Rodrigo

03 de outubro, 2024 | 08:51

“Mudanças climáticas são reais, acreditando ou não. Pantanal pegando fogo, Amazônia pegando fogo, SP pegando fogo e o Vale do Aço incendiado.
A eleição municipal acontece no próximo domingo e o tema ambiental (mudanças climáticas) não é discutido pelos candidatos, até parece um transe coletivo, uma alucinação.Deveria ser tema central no debate público.
O Ambientalistalismo deixou de ser coisa de bicho grilo, agora é sobrevivência da raça humana e individual!!”

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