01 de outubro, de 2023 | 08:00
Surto psicótico é um episódio grave e pode gerar várias consequências, alerta psicólogo
Tiago Araújo
Mauro Rezende explica que o surto pode ocorrer de várias formas, mas que a confusão mental é a marca mais constante
Um caso de surto psicótico repercutiu bastante na semana passada, no qual um jovem de 25 anos que fazia tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), em Ipaba, foi baleado e morreu após confrontar policiais militares com uma faca durante um surto. O psicólogo clínico Mauro Rezende, que atua na região e é especialista em Terapia Cognitiva-Comportamental e mestre em Neurociência, explicou ao Diário do Aço o que é um surto psicótico e destacou que pode gerar várias consequências. 
Mauro Rezende relata que o surto pode ocorrer de várias formas, mas uma marca constante dele é a confusão mental, com a presença de alucinações e delírios, nos quais a pessoa tem a ideia de perseguição. Quando existe esse transtorno é como se fosse um episódio de uma série, com início, meio e fim, no qual é preciso estar avaliando muito bem, em primeiro lugar se de fato é realmente um surto psicótico ou se é um ataque de raiva. Ou se é a pessoa respondendo a alguma situação mesmo que seja de uma forma exacerbada”, afirma.
Episódio grave
O psicólogo também ressalta que é muito comum ouvir dizer, de forma equivocada, que a pessoa surtou em determinada situação, normalizando o caso. O surto é um episódio grave e que pode gerar várias consequências. Existem relatos de que a pessoa pode até ter dificuldade para retornar ao seu estado normal após o evento de um surto psicótico. Muitas vezes o paciente pode até apresentar um quadro inverso, sem muita agitação ou desgoverno, e sim de paralisação, como se fosse um congelamento, que chamamos de catatonia”, explica.
Como reagir
Conforme Mauro Rezende, quando uma pessoa está em surto psicótico, em primeiro lugar é preciso manter a calma com ela e observar o seu entorno para ver se tem outras pessoas próximas, para que não fique a sós com alguém com um quadro de desgoverno. É importante também observar se existem alguns objetos por perto que podem ser usados como possíveis armas e que podem machucar a própria pessoa que está em um quadro de surto ou quem está em seu entorno. Além disso, é preciso verificar se a pessoa em surto está em um local alto e tentar afastar ela do perigo”, salienta.
Tratamento
Segundo o psicólogo, o tratamento para surto psicótico inicia após uma avaliação de um médico neurologista ou psiquiatra, para que possa ser feito o devido diagnóstico do paciente para definir a terapêutica mais adequada. É importante, no entanto, ficar bem atento a alterações significativas de comportamento da pessoa. Até mesmo mudanças sutis de comportamento, mas que tendem a ir se agravando, é necessária uma atenção mais especial para que seja possível tomar uma providência o mais breve possível antes que a pessoa possa desenvolver um quadro de um surto psicótico”, afirmou.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Samanta Ferreira
02 de outubro, 2023 | 11:14?tima matéria e conteúdo rico. Excelente profissional, Mauro Rezende. ??”
Lucimar Vasconcelos
02 de outubro, 2023 | 07:38? preciso preparar os profissionais de saúde e as autoridades policiais para agirem da forma correta e segura nesses casos. Cuidar de uma pessoa com doença mental realmente é extremamente difícil, mas a responsabilidade é da família com o apoio do poder público na criação de centros especializados para colaborar com o paciente e a família.”
Gildázio Garcia Vitor
01 de outubro, 2023 | 11:38Os esquerdopatas defendemos a Politica Antimanicomial, mas sou uma exceção. Explico o porquê, o meu Pai, entre outros distúrbios mentais, era esquizofrênico, cuidar dele em casa foi muito difícil, principalmente para a minha irmã e sua família, que residem na zona rural de Orizânia-MG, o buraco de onde vim, e cuidaram dele até o fim. Portanto, é preciso repensar os cuidados com os nossos Cidadãos que apresentam algum distúrbio mental.
Considerem que não defendo a volta dos hospícios semelhantes aos de Barbacena e a Colônia Juliano Moreira (RJ).
Sugestão de leitura: "Holocausto Brasileiro", de Daniela Arbex.”