31 de agosto, de 2023 | 08:00

Caso 123milhas: moradora de Ipatinga relata frustração após suspensão de viagem

Segundo advogado, caso o pedido de recuperação judicial feito pela empresa seja aceito, consumidores podem demorar mais para receber

A cada dia que passa surgem desdobramentos no caso 123milhas e, para o aborrecimento dos consumidores, as novidades, em sua maioria, não são positivas. A semana começou com o relato de funcionários da empresa, comunicando à imprensa sobre uma série de demissões na agência de viagens. Em nota, a 123milhas esclareceu que a ação faz parte de um “plano de reestruturação interna, com redução do tamanho da equipe para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado”.

Foi nesta semana também que a agência de viagens informou que protocolou no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) um pedido de recuperação judicial. “A medida tem como objetivo assegurar o cumprimento dos compromissos assumidos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores”, comunicou. De acordo com a 123milhas, a recuperação judicial permitirá concentrar em um só juízo todos os valores devidos.

A crise envolvendo a 123milhas começou no dia 18 agosto, quando os consumidores foram surpreendidos com o comunicado da empresa informando sobre a suspensão das emissões de passagens e pacotes da linha PROMO, com previsão de embarque de setembro a dezembro de 2023.

Viagem para Europa
Um casal que mora em Ipatinga e estava com viagem programada para a França está entre as vítimas da empresa. O embarque estava previsto entre os dias 6 e 8 de outubro. Maria Conceição conta que as passagens foram compradas pelo filho em maio deste ano. Viajariam ela, o esposo, o filho, a nora e um casal de amigos. “Foi uma frustração”, lamentou.

Logo que os turistas souberam da suspensão acionaram a Justiça. “A sentença foi de que a 123milhas deve cumprir a emissão da passagem”, contou. Maria Conceição explicou ainda que a empresa tem o prazo de cinco dias úteis para se manifestar sobre a decisão, a contar do dia em que foi notificada. A família aguarda, mas diante das últimas notícias, não está tão esperançosa de que a viagem será realizada.

“Está morrendo a esperança. As últimas notícias sobre demissões vão apagando a chama da esperança de viajar, mas esperamos o ressarcimento, quem sabe mais pela frente. Deus está no controle”, afirmou Conceição.

Defesa dos consumidores
As autoridades brasileiras têm reunido esforços para tentar garantir os direitos dos consumidores prejudicados pela agência de viagens. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por exemplo, ajuizou Ação Civil Pública (ACP) contra a 123 Viagens e Turismo LTDA, os dois sócios administradores da empresa, além Novum Investimentos Participações S/A, pedindo à Justiça o bloqueio de ao menos R$ 20 milhões das contas dos requeridos.

Recuperação judicial
O advogado Victor Sousa Barros Marcial e Fraga, ouvido pela reportagem do Diário do Aço, explicou que caso o pedido de recuperação judicial seja deferido (concedido), será criado um plano, que precisa ser aprovado e, consequentemente, colocado em prática.

“O plano de recuperação judicial tem um período máximo de dois anos, o que para dívidas exigíveis desde já se revela como uma prorrogação do vencimento dessas dívidas e dentro desses, até dois anos há uma subdivisão, geralmente em meses, de como será dado o pagamento das dívidas da empresa. Os clientes que tiveram suas viagens frustradas podem demorar mais para receber e receber menos”, explicou.

Publicado anteriormente:
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