30 de julho, de 2023 | 09:00

Infectologista faz alerta para que a população fique atenta aos sintomas da febre maculosa

Tiago Araújo – Repórter Diário do Aço
Considerada uma doença sazonal, a febre maculosa tem uma maior incidência entre os meses de abril e outubro, quando ocorre o período de seca. Caso não seja realizado o tratamento adequado, a doença pode se agravar e até mesmo levar o paciente a óbito. Em Ipaba, um homem de 55 anos faleceu por febre maculosa neste mês, conforme noticiado pelo Diário do Aço na sexta-feira (28). A médica infectologista Carmelinda Lobato, que atua em Ipatinga, fez um alerta para que a população fique atenta aos sintomas da doença e procure tratamento o quanto antes.

A febre maculosa é uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode cursar com formas leves e atípicas, até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados.

Conforme Carmelinda Lobato, a Região Metropolitana do Vale do Aço é uma zona endêmica em febre maculosa. “Todos os anos, principalmente, durante o período de inverno, quando o tempo mais seco favorece a proliferação de carrapato, responsável pela transmissão da Rickettsia, temos um aumento de casos da doença. Já temos até óbito suspeito pela doença e um confirmado em um município da região”, afirmou.

Área de risco
A infectologista destacou que a febre maculosa causa sintomas parecidos com a da dengue, como febre, dor no corpo, dor de cabeça, mas associado ao fato da pessoa ter frequentado áreas de risco com carrapato nos últimos 15 dias, para praticar atividades como pescaria, trilhas, passeios a sítios e outras áreas rurais. “Em muitas vezes, a pessoa nem percebe a picada do carrapato. E estamos observando que as pessoas que têm sintomas da doença estão ficando em casa, demorando a procurar serviço médico, o que atrasa o início do tratamento. Dessa forma, ela chega tardiamente para atendimento médico, contribuindo para que o risco de óbito seja maior. Com isso, faço um apelo à população para que fiquem atentos”, alertou.

Atendimento médico
Segundo a infectologista, caso a pessoa apresente sintomas de febre maculosa após ter frequentado área de risco para picada de carrapatos, deve-se procurar imediatamente atendimento médico. “É bom lembrar de contar ao profissional de saúde as áreas de risco que frequentou e já iniciar o tratamento, que é feito com uso de antibióticos disponibilizados pelo SUS. O atraso do tratamento pode favorecer o óbito pela doença”, afirmou.

Prevenção
Carmelinda Lobato destacou que a prevenção é fundamental, como usar repelentes, usar roupas compridas e claras, além de vasculhar o corpo para averiguação de carrapatos, caso tenha frequentado as áreas de risco. “Se encontrar no corpo o parasita, deve ser retirado o mais breve possível, mas não retirado com a mão diretamente, para não esmagar o carrapato, porque isto pode favorecer a contaminação pela Rickettsia. O certo é utilizar luva ou uma pinça”, ressaltou.

Histórico epidemiológico
Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES), no período de 2018 a 2022 foram confirmados 190 casos de febre maculosa e 62 óbitos em Minas Gerais. A taxa de letalidade média da doença para o período foi de aproximadamente 33%.

Já as faixas etárias mais acometidas estão compreendidas entre 41 a 60 anos, com 72 casos confirmados no período de 2018 a 2022; na população infantil (faixa etária até 10 anos), foram registrados 28 casos confirmados. Até o momento foram confirmados 17 casos da doença no Estado. Desse total, cinco evoluíram a óbito (dois em Manhuaçu, dois em Conselheiro Lafaiete e um em Ipaba).

Sintomas
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas, paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da doença é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés. Embora seja o sinal clínico mais importante, as manchas vermelhas podem estar ausentes, o que pode dificultar e/ou retardar o diagnóstico e o tratamento, determinando uma maior letalidade.

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