29 de junho, de 2023 | 17:33

CNM alerta para impactos do Censo e pede novo levantamento em 2025

Thiago Duarte / Arquivo DA
No Vale do Aço, somente Santana do Paraíso teve crescimento expressivo da população No Vale do Aço, somente Santana do Paraíso teve crescimento expressivo da população

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) lançou nesta quinta-feira (29), um alerta para os impactos, para as cidades, do Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quarta-feira (28). Para a entidade, os dados não representam com fidedignidade a realidade do país e impacta diretamente nos recursos transferidos aos entes locais, especialmente em relação ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a diversos programas federais que consideram o porte populacional.

Segundo a publicação, a população brasileira teve uma redução de aproximadamente 4 milhões de habitantes frente à prévia do Censo divulgada no fim de dezembro de 2022 e 10 milhões em relação às estimativas populacionais divulgadas em 2021. No Vale do Aço, conforme reportagem do Diário do Aço, publicada nesta quinta-feira, somente Santana do Paraíso teve aumento expressivo na população.

Desvios muito acentuados entre a população estimada e a efetiva, conforme se mostrou neste Censo, apontam para erros de estimativas com sérias consequências para a gestão municipal. Por entender a relevância dessa radiografia para o país, a Confederação vai atuar junto ao Congresso Nacional e ao Executivo para que uma nova contagem populacional seja realizada já em 2025 a fim de levantar dados efetivos e corrigir as distorções decorrentes do levantamento.

Destaca-se que a Lei 8.184/1991, em seu art. 1°, determina que o Censo Demográfico deve ser realizado a cada dez anos, sendo que o último havia ocorrido em 2010 apresentando informações sobre número de habitantes do território nacional, características da população e como vivem os brasileiros. Já a contagem populacional é realizada a cada cinco anos com o objetivo principal de atualizar as estimativas populacionais de cada Município, mas não foi feita em 2015. Além da não realização desses levantamentos, o Censo Demográfico teve atrasos e intercorrências graves decorrentes da falta de verbas e estrutura destinadas à sua realização.

Diante disso, a CNM acompanhou com atenção e preocupação os inúmeros relatos de gestores municipais sobre problemas enfrentados na ponta durante a coleta, a exemplo da dispersão dos recenseadores, que tiveram salários pagos com atraso, da falta de qualificação de pessoal e estrutura do IBGE, e de outros problemas na coleta, e que foram refletidos nos resultados previamente divulgados pelo IBGE no final de 2022.

Pela análise da CNM, 770 Municípios vão ter perdas de coeficiente do FPM; 4.523 se mantiveram estáveis; e 249 irão ganhar. Aproximadamente 61% dos Municípios dos Estados do Amazonas e de Rondônia perderam coeficientes, seguido dos Municípios do Amapá (33%), do Pará (33%) e de Alagoas (32%). Quando se analisam os dados por Região, 29% dos Municípios do Norte perderam coeficientes, enquanto o percentual para o Nordeste é 18%; para o Centro Oeste e Sudeste, 11%; e para o Sul, 8%.

Outro ponto se refere à imputação da população (que se refere à técnica para elevar a população nas cidades em que foram observados problemas de coleta). Do total de 203 milhões de habitantes, 195 milhões foram obtidos a partir da coleta de população e 8 milhões acrescidos a partir de estimativas de imputação. A agregação dos percentuais de população imputada indica que os maiores esforços do IBGE ocorreram em São Paulo (quase 6% da população total). Também estão acima da média as cidades localizadas em Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. No outro extremo, Paraíba e Roraima apresentaram imputações inferiores a 1% da população total.

Preocupada com as fragilidades que a estimativa a partir dos dados preliminares do Censo 2022 já apontava, a CNM apresentou proposta, sancionada e transformada na Lei Complementar 198/2023, que beneficiará imediatamente 1.019 cidades. O texto mitiga as perdas imediatas dos Municípios que tiveram queda de coeficiente e repassa os ganhos para aqueles que aumentaram de faixa populacional ainda em 2023, com a obrigatoriedade de publicação de nova decisão do Tribunal de Contas da União em dez dias. A CNM também atua como amicus curiae nas ADPFs 1042 e 1043, que discutem aspectos de constitucionalidade da Decisão Normativa do TCU editada com base na contagem populacional parcial e estimativas do IBGE. O relatório da CNM pode ser lido aqui.
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Comentários

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Cidadão

29 de junho, 2023 | 23:24

“Peço por gentileza ao Diário do Aço que faça uma matéria sobre ciclovias. Tem um trecho que fica em frente ao Villefort do lado do viveiro Municipal que está na terra. Milhares de trabalhadores utilizam esse trecho todos os dias. É uma vergonha uma cidade importante como Ipatinga ficar nesse estado”

Gildázio Garcia Vitor

29 de junho, 2023 | 20:47

“Por todos estes problemas citados na matéria, além do atraso para o início das pesquisas, que deveria ser em 2020, mas devido à pandemia da Covid-19 e o descaso do governo, só iniciou em 2022, graças ao STF, que MANDOU liberar a verba para o IBGE, os números liberados ontem não podem ser 100% confiáveis.”

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