28 de março, de 2023 | 18:03

Chico Ferramenta sem previsão de alta hospitalar

Para falar sobre o quadro de saúde do ex-prefeito de Ipatinga, Chico Ferramenta, os médicos do Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM), em Ipatinga, onde Chico está internado, concederam entrevista à imprensa, na tarde desta terça-feira (28). Conforme os médicos, Chico ainda está com ventilação mecânica (intubado) e com sedação plena, sem previsão de receber alta.

Participaram da entrevista os médicos diaristas do HMEM, José Roberto Batista e Rodrigo Machado, e o coordenador da UTI da unidade,

José Silveira. Eles destacaram que o ex-prefeito recebe atendimento de qualidade, assim como os demais pacientes do hospital, não tendo atendimento diferenciado.

Conforme noticiado pelo Diário do Aço no dia 24 de março, Chico Ferramenta foi levado para a unidade hospitalar no fim da semana anterior, para dar continuidade ao tratamento de uma pneumonia. Havia previsão de melhora no quadro de saúde de Chico, o que não se confirmou.

Na segunda-feira (27), ele teve uma parada cardíaca, quando foi intubado.

Risco
Segundo o médico diarista Rodrigo Machado, depois que Chico foi intubado, houve um retrocesso no quadro de saúde dele, deixando a situação mais grave. “Chico está com uma disfunção respiratória e uma disfunção renal. Há um risco de morte que, infelizmente, existe. Além disso, há o quadro neurodegenerativo, que por si só, é progressivo”, afirmou.

Serviços
Conforme o médico, Chico tem recebido dieta, sedação, analgésico, suporte ventilatório, acompanhamento da fisioterapia, de nutrição e fonoaudiologia, além da visita diária da equipe médica. “O próximo passo é fazer a vigilância da função renal e traçar uma estratégia de tentativa de retirada da ventilação mecânica. Pode ser que a gente tente uma desintubação ou até mesmo uma traqueostomia. Mas isso não é uma coisa que vai ser decidida agora, e sim nos próximos dias”, ressaltou.

Perspectiva
Rodrigo Machado destacou que a reversibilidade do quadro do Chico é uma perspectiva que existe. “Eu, particularmente, estou animado. Então acho que a gente tem que ter perseverança. Tem que ter empatia e ter compaixão. Imaginar que o doente pode voltar para casa. Acho que esse é o caminho que precisamos seguir”.

Grave
Na última sexta-feira (24), a vereadora Cecília Ferramenta (PT) admitiu em entrevista ao jornal Diário do Aço que o quadro de saúde do marido ainda era considerado grave. Cecília também explicou à reportagem que desde o dia 14 de março Chico era medicado em casa, com a visita de um médico e de enfermeiros. “A gente tentava ver se tratava a pneumonia em casa, porque como ele é um acamado e já está bem debilitado, a gente evita um pouco essa questão de hospital”, explicou. Apesar dos cuidados na residência, foi constatada a necessidade da internação. “Quando viu que não estava dando aquele resultado que a gente precisava, o médico que estava atendendo ele achou melhor a gente conduzi-lo para o hospital”, detalhou.

Hospital Municipal
A estranheza de alguns, ao lerem a notícia de que o ex-prefeito foi levado para um hospital público, foi apresentada à Cecília, que esclareceu o motivo de o marido ter sido internado no Hospital Municipal. “Me causa estranheza as pessoas estranharem, porque a vida inteira nós lutamos e trabalhamos pela política pública. O Chico trabalhou desde o início do mandato dele, em 1989, com a preocupação de implantar uma política de saúde justa, onde todas as pessoas pudessem ter acesso. Então nós confiamos e acreditamos na saúde pública, eu acredito no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Plano
A vereadora fez questão de esclarecer que Chico sempre teve plano de saúde, mas que justamente neste momento em que precisou de atendimento, ela havia realizado a transição para outra operadora (chamado prazo de carência). “E nessa transição ficou um espaço de 30 dias (carência), que vai vencer no dia 1º, data que ele vai ter acesso”. No entanto, conforme a assessoria de comunicação de Cecília, Chico continuará sendo atendido no HMEM.

Urgência
De acordo com a vereadora, como o atendimento que Chico precisava era de urgência/emergência, a família poderia ter o levado para o Hospital Márcio Cunha, mas a unidade estava mais cheia. “Entre correr o risco de deixar o Chico numa intermediária ou aguardando uma possibilidade de UTI, eu não pestanejei, fui para o Municipal com toda confiança e com todo o carinho”, contou a vereadora.

Carreira política

Chico Ferramenta surgiu como político no começo dos anos 1980, nascido do movimento sindical dos metalúrgicos de Ipatinga. Ele trabalhava na Usiminas e liderou movimentos que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho.

Depois foi o deputado estadual mais votado de Minas Gerais em 1986, pelo PT. Em seguida foi prefeito de Ipatinga por três mandatos: de 1989 a 1992, de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004. Foi também deputado federal mineiro em 1995-1996.

Chico Ferramenta chegou a ser eleito para um quarto mandato de prefeito, em 2008, quando derrotou o então candidato à reeleição, Sebastião Quintão (PMDB). Entretanto, o petista teve a candidatura indeferida e não pôde tomar posse do cargo.

Naquela ocasião, a Justiça Eleitoral determinou a posse do segundo colocado, Sebastião Quintão, que também foi cassado, por abuso do poder político e abuso do poder econômico, abrindo espaço para que o então presidente da Câmara, Robson Gomes, assumisse o cargo, para o qual foi eleito depois em eleição extemporânea.



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