15 de março, de 2023 | 10:10
Estudantes e professores estão nas ruas pedindo a revogação do Novo Ensino Médio
Passados dois anos da implementação da mudança, cresce o entendimento que reforma visa precarizar o acesso dos menos favorecidos ao ensino superior e colocar mão de obra barata no mercado de trabalho
Tiago Araújo
Ipatinga está entre as cidades brasileiras que promovem hoje protesto contra o Novo Ensino Médio, aprovado durante o governo de Michel Temer

Nesta quarta-feira (15) é promovido em todo o Brasil, o Dia Nacional de Mobilização pela Revogação do Novo Ensino Médio". O protesto, convocado pelas entidades do movimento estudantil dentre elas a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e sindical da educação, pressiona o governo federal a reverter o que é considerado pelos manifestantes como retrocessos impostos ao processo de ensino e aprendizagem de crianças e jovens brasileiros”. A organização do protesto foi noticiada pelo Diário do Aço na semana passada.
A presidente da Ubes, Jade Beatriz afirma que uma formação que foge da base para construção do acesso ao trabalho decente, do ingresso à universidade, de estímulo ao pensamento crítico e de um projeto de País. Mesmo com a abertura de consulta pública sobre o modelo, não iremos retroceder sobre o pedido de revogação”.
A vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Elizabeth Barbosa, afirma que a reforma do Ensino Médio compromete profundamente os estudantes do Ensino Médio e isso tem interferência no acesso dos estudantes à universidade pública. A mudança no processo de formação por itinerários, que retirou disciplinas que são fundamentais para o senso crítico, para reflexão, traz para o Ensino Médio a perspectiva de uma formação aligeirada, sem qualidade”, explica.
O entendimento é que a reforma tem como objetivo fim assegurar que o ensino superior permaneça, como sempre foi historicamente, de acesso exclusivo à elite, em detrimento à democratização do acesso às universidades pelas camadas menos favorecidas da sociedade brasileira.
Tiago Araújo
O protesto foi convocado pelas entidades do movimento estudantil dentre elas a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

A diretora do Sindicato Nacional destaca que as mudanças promovidas pela reforma do Ensino Médio deixaram a Educação Pública diretamente ligada com o setor privado, aumentado a carga horária da formação, mas de uma forma que retira o aluno das salas de aula em processos precarizados e alienantes.
O estudante pode fazer essa carga horária online, acessando um livro didático produzido pelo Sistema S, por exemplo. É muito preocupante como vai se dar essa formação para os e as estudantes. E é óbvio que vai atingir principalmente os filhos da classe trabalhadora, nossos estudantes negros, negras, pobres, da periferia, para ter cada vez mais uma perspectiva de formação que a gente pode até dizer robotizada para servir como mão de obra barata ao mercado de trabalho”, explica a professora.
Entenda a origem de toda essa situação
O projeto de Reforma do Ensino Médio foi enviado ao Congresso Nacional pelo então presidente Michel Temer, em setembro de 2016 (MP 746). A proposta, elaborada de forma antidemocrática e unilateral, sem ouvir educadores, educadoras e estudantes, promoveu um verdadeiro retrocesso no processo de ensino.
Protestos foram feitos, com ocupações estudantis e professores fizeram greve, alertaram para problemas futuros e tentaram barrar, em vão, a proposta, que acabou aprovada no Congresso Nacional e avançou o quanto pôde no governo de Jair Bolsonaro.
Tiago Araújo
Estudantes alertam que o Novo Ensino Médio "tem uma formação que foge da base para construção do acesso ao trabalho decente, do ingresso à universidade, de estímulo ao pensamento crítico e de um projeto de País"

Entidades sindicais e movimentos da sociedade civil organizada, ligados à educação, como também partidos políticos e o Ministério Público Federal se manifestaram contra a proposta que foi sancionada em 2017.
Agora, no segundo ano da implementação do Novo Ensino Médio começam os efeitos práticos da mudança e os protestos voltaram às ruas. O atual governo anunciou a abertura de consulta pública, antes de tomar qualquer decisão. O presidente Lula já recebeu dos representantes dos professores a carta Onze pontos programáticos em defesa da Educação Pública”.
O documento reivindica, em seu ponto oitavo, a revogação do Novo Ensino Médio e da Resolução CNE/Cp 02/2019, que altera as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores e professoras para a Educação Básica (BNC formação), que está articulada com a Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Básica. Esses dispositivos rebaixam a formação universitária do(a)s docentes da educação básica e a formação da juventude em geral”, afirma o Sindicato Nacional. (Com informações do Andes-SN)
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Paulo
16 de março, 2023 | 02:16O ensino conteudistas como de escolas particulares que preparam os alunos apenas para passar no Enem, forma jovens como as garotas de São Paulo que zombaram da colega de 40 anos na faculdade. Menos humanizados e mais robotizados. Qdo vão para o mercado de trabalho são incapazes de pensar em soluções simples para os problemas do dia das empresas. #revogajanovoensinomedio.”
Zoia
15 de março, 2023 | 22:32Acho engraçado que aki tds se acham os maiorais, criticar é muito mais fácil q apoiar a causa. Ñ generalizem q os jovens de hj em dia ñ quer estudar, pq ñ é bem assim ñ; tem muitos jovens q são esforçados e q lutam pôr melhores condições e oportunidades de estudos. Vamos parar de ser críticos e vamos lutar pelos nossos direitos.”
Juquinha
15 de março, 2023 | 17:36Não entendo os estudantes, só reclamando, estuda que é o bom nada.”
João Macedo
15 de março, 2023 | 13:54Esses jovens de hoje não querem uma profissão, querem ficar nas custas de alguém que banquem seus estudos beirando até seus 30 anos ou mais. Antigamente muitos jovens iniciavam suas carreiras profissionais fazendo seu curso técnico e arrumava um emprego técnico ganhando um salário razoável, que permitia aqueles que tivessem interesse e vontade de fazer um curso superior, arcar com os custos de tais estudos. Hoje querem que o governo ou os pais banquem seus estudos até ficarem marmanjos!”
Sincerão
15 de março, 2023 | 13:49O interessante é que houve apoio de pouco mais de meia dúzia de pessoas.
É vida que segue.
Segue o jogo.”
José
15 de março, 2023 | 13:03Governo esquerdista investir em educação? Não é pra favorecer elite, mas, pra manter a população incapaz de pensar. O conhecimento liberta, e os libertaria destas malditas ideologias. Fica mais fácil mantendo o povão inculto, sem capacidade de pensar para ficarem iguais cubanos e venezuelanos, aceitando tudo que os ditadores mandam fazer.”
Gildázio Garcia Vitor
15 de março, 2023 | 10:47Parabéns Estudantes! O Grande Poeta popular, um dia cantou:
"Vem, vamos embora
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer".
Que vocês continuem lutando e inventando um chão, onde os teus sonhos, e parte dos nossos, velhos Professores -"Amados ou não, quase todos perdidos com livros na mão, aprendendo e ensinando uma nova lição"-, irão florescer e dar bons frutos.”