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16 de fevereiro, de 2023 | 23:00

Em audiência de custódia, Justiça determina que assassino de advogado permaneça preso

Wellington Fred + Álbum pessoal
Anderson Clayton Nunes Ferreira estava ameaçado de morte e tinha pedido à Justiça medida protetiva contra o ex-sogro Anderson Clayton Nunes Ferreira estava ameaçado de morte e tinha pedido à Justiça medida protetiva contra o ex-sogro

Em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira, a Justiça decidiu que o policial militar da reserva, Joel Pereira dos Reis, de 66 anos, permanecerá preso enquanto responde inquérito pela execução de seu ex-genro, o advogado Anderson Clayton Nunes Ferreira, de 38 anos, ocorrida quarta-feira, no Centro de Ipatinga.

A 11ª Promotoria de Justiça de Ipatinga requereu na audiência a homologação da prisão em flagrante e a decretação da prisão preventiva de Joel. Ao prestar depoimento na Delegacia de Polícia, Joel alegou que atirou no genro quando se encontrou com ele na rua Belo Horizonte e o viu apontando um celular. Na condição de militar, mesmo aposentado Joel tem direito a ficar recolhido em um batalhão da PMMG.

Ouvido em cartório na Delegacia Regional de Ipatinga, Joel foi autuado em flagrante por homicídio duplamente qualificado e encaminhado preso para a sede do 14º Batalhão da Polícia Militar, em Ipatinga. Por ser militar, ainda que na reserva ele tem direito a ser mantido preso em um quartel da PM, em vez de ser enviado ao sistema prisional.

Procurado pela reportagem, o delegado Marcelo Franco Marino, titular da Delegacia de Homicídios da PCMG em Ipatinga disse que o crime foi cometido à vista de testemunhas e o autor confesso não demonstrou nenhum tipo de arrependimento por sua conduta na rua Belo Horizonte, quando a via pública tinha a presença de diversas pessoas. Quanto à arma usada na execução, um revólver calibre 38, estava irregular, sem licenciamento em nome de Joel.

Reprodução de vídeo
Em vídeo distribuído nos grupos de WhatsApp, Joel envia mensagem a familiares e diz que está tudo sob controle Em vídeo distribuído nos grupos de WhatsApp, Joel envia mensagem a familiares e diz que está tudo sob controle

Frieza no depoimento e gravado em vídeo



Em um vídeo gravado ainda na sede da Delegacia de Polícia Civil, o autor confesso do homicídio, na companhia de advogados, envia uma mensagem à esposa: “"Boa tarde, Isaura. Eu estou aqui na delegacia, vou ser ouvido agora, com o doutor aqui, mas não se preocupe, está tudo sob controle. Está tudo tranquilo", afirmou Joel.

A tranquilidade demonstrada no vídeo foi repetida durante o interrogatório. O delegado Marcelo Franco Marino disse que se surpreendeu com a frieza do autor confesso do assassinato.

O idoso não demonstrou qualquer tipo de arrependimento. Ao ser interrogado, negou que tenha ido ao centro emboscar o ex-genro. Alegou que foi comprar uma passagem na rodoviária e que, casualmente encontrou-se com a vítima. Também alegou que teve um surto quando viu que o advogado apontava um celular em sua direção, enquanto passava pela calçada. Naquele momento, sacou a arma e efetuou os disparos.

"Chamou a atenção, durante o interrogatório, o fato do autor rir por três vezes ao relatar o fato. Indaguei, inclusive, se quando em serviço na PMMG ele teve algum antecedente de licença psiquiátrica, pois me pareceu alguém fora do padrão", observou o delegado.

Fatos ocorridos antes do trágico desfecho no centro de Ipatinga



A primeira versão apresentada por Joel Pereira era que o advogado, então marido da filha, agredia a esposa, fato sobre o qual inexiste qualquer registro oficial no Estado de Minas Gerais. Ou seja, se a mulher era agredida no ambiente do lar, nunca registrou queixa ou boletim de ocorrência do fato.

Segundo o delegado Marcelo Franco Marino, o que existe é um boletim de ocorrência registrado pelo próprio pai, na cidade de Joinville, noticiando uma suposta agressão sofrida pela filha, em Ipatinga.

"Não é possível entender como foi registrada uma ocorrência de um fato ocorrido em outra cidade, em outro estado. Creio que esse expediente, de fazer o registro de ocorrência em outro estado já foi pensando no cometimento do homicídio e em uma forma de desqualificar o crime, de homicídio qualificado para homicídio privilegiado (quando o crime é praticado com motivação de relevante valor social ou moral)", enfatiza.

Divórcio e mudança

A separação do casal se deu em 2020 depois de um casamento que durou dez anos. Logo depois do divórcio, a mulher foi morar no Estado de Santa Catarina com o pai dela e Anderson reclamava que a distância o separava do filho.

O avô não concordava em entregar a guarda para o ex-genro e o caso virou um litígio na Justiça. Por causa dessa pendenga, foram feitas diversas ameaças, até que uma delas se concretizou de forma trágica na quarta-feira, com o assassinato do advogado.

Para o delegado Marcelo Marino, foi cometido um homicídio duplamente qualificado, que é a emboscada e causação de perigo comum, com os disparos de arma de fogo em via pública com circulação de várias outras pessoas, gerando risco de alguém ser atingido também. A pena por esse crime varia de 12 a 30 anos de reclusão.
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Comentários

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Jose

17 de fevereiro, 2023 | 08:04

“Benesses do estado! Super privilégios pra alguns, inclusive pra este tipo de gente.”

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