17 de julho, de 2022 | 21:30

Celebração marca a comemoração de 78 anos do Parque Estadual do Rio Doce

Jailma Soares/Especialmente cedida ao Diário do Aço
Celebração religiosa acompanhada por moradores das comunidades do entorno do Perd marcou hoje cedo a comemoração dos 78 anos do parque Celebração religiosa acompanhada por moradores das comunidades do entorno do Perd marcou hoje cedo a comemoração dos 78 anos do parque

Considerada uma das mais importantes áreas de preservação do Brasil, o Parque Estadual do Rio Doce, cujo território de quase 36 mil hectares abrange os municípios de Marliéria, Timóteo e Dionísio completou esta semana 78 anos de criação. E neste sábado (16) pela manhã, uma celebração religiosa, na capela localizada na entrada da Unidade de Conservação marcou a data.

Os padres Martin, Márcio e Gustavo levaram aos fiéis, na manhã deste sábado (16) das comunidades do entorno do parque, que acompanham ano a ano a celebração do aniversário, mensagens a respeito da conversão ecológica.

A própria existência do parque se deve a um religioso, o bispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira, que na primeira metade do século XX lutou contra o avanço da motosserra que derrubava a mata atlântica e transformava toras centenárias de madeira em carvão para os fornos das siderúrgicas que foram implantadas naquela época, primeiro a Belgo Mineira, em João Monlevade e depois a Companhia de Aços Especiais Itabira (Acesita), em Timóteo.

A luta do bispo não foi em vão. O discurso da preservação venceu os desenvolvimentistas, que tentaram resistir à preservação do que sobrou da Mata Altântica na região. Localizado entre os municípios de municípios de Dionísio, Marliéria e Timóteo, o Parque Estadual do Rio Doce, considerado uma das mais importantes reservas da Mata Atlântica do Brasil possui 35.976 hectares e foi criado pelo Decreto Lei 1.119, 14/7/1944 e Decreto 5.831 de 06/7/1960. Aos 78 anos, a unidade de conservação foi a primeira criada em Minas Gerais e uma das primeiras também do Brasil.

O Perd é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e tem no marlierense Vinícius de Assis Moreira o seu gerente-geral.
Jailma Soares
Capela na entrada do Parque Estadual do Rio Doce é palco da celebração religiosa realizada tradicionalmente na semana do aniversário da unidade de conservação Capela na entrada do Parque Estadual do Rio Doce é palco da celebração religiosa realizada tradicionalmente na semana do aniversário da unidade de conservação

Um freio ao desmatamento galopante

As primeiras iniciativas no sentido de preservar o Parque Estadual do Rio Doce surgiram no início da década de 1930, por ação do arcebispo de Mariana, mas só em 1944 a área de mata que tinha sobrado tornou-se oficialmente um parque.

Antes de tudo, é preciso entender que na primeira metade do século XX, a derrubada das florestas naturais avançava de forma acelerada pela região do rio Doce, para – entre outros fins - abastecer de carvão a indústria siderúrgica já instalada em João Monlevade. Essa região foi uma das últimas a ser povoada em Minas Gerais, a partir do século XVIII e, por isso, ainda no começo do século passado tinha grandes áreas cobertas por mata nativa.

O Parque Estadual do Rio Doce foi, portanto, a primeira unidade de conservação criada no Estado de Minas Gerais e uma das primeiras do país, além de ser considerada a maior área contínua de Mata Atlântica preservada no estado, detém uma biodiversidade e árvores centenárias. É reconhecido como Reserva da Biosfera pela Unesco e detém outro importante reconhecimento internacional, que dá ao Perd o título de Sítio Ramsar, Zona Úmida.
Agência Minas
O mirante do Centro de Visitantes do Parque Estadual do Rio Doce e, ao fundo, o Lago dom Helvécio, uma das 40 lagoas naturais da unidade de conservação O mirante do Centro de Visitantes do Parque Estadual do Rio Doce e, ao fundo, o Lago dom Helvécio, uma das 40 lagoas naturais da unidade de conservação

Além das 42 lagoas, as bordas à Leste e Sudoeste do parque são banhadas pelos rios Doce e Piracicaba. O seu principal bioma é a Mata Atlântica, que adentra regiões com florestas altas e estratificadas, sendo possível encontrar o jequitibá, a garapa, o vinhático e a sapucaia. Também abriga espécies raras e ameaçadas de extinção tanto da flora como da fauna.

No interior do parque existem 42 lagoas naturais, que abrigam grande diversidade de peixes, que servem de instrumento para pesquisas sobre a fauna aquática nativa, com espécies como bagre, acará, lambari, cumbaca, manjuba, piabinha, traíra, entre outras. De todas as 42 lagoas, a única aberta ao acesso do público é também a maior delas, a Lagoa Dom Helvécio, localizada na sede de visitantes, em Marliéria.

Infraestrutura para visitantes e pesquisadores



A portaria de visitantes do Parque Estadual do Rio Doce está localizada à margem da MG-760, próximo ao povoado de Santa Rita, em Marliéria.

Na sede estão localizados, o memorial Dom Helvécio (capela); administração do PERD; Centro de visitantes com exposição interpretativa; Mirante; Auditório com capacidade para 102 pessoas; Centro de treinamento com 06 salas disponíveis; Trilhas interpretativas; Área de camping com capacidade para 300 barracas, estruturada com vestiários, pias, tanques, churrasqueiras, base de energia, bebedouros e duchas; Restaurante (atualmente fechado à espera de concessão pública); Alojamento com capacidade para 66 pessoas; Centro de Pesquisa; Viveiro de mudas. O parque pode ser visitado de segunda-feira a domingo, das 7h às 18h.

Toda a estrutura do parque deverá passar por uma revolução, com o aporte financeiro de R$ 93,1 milhões, em um acordo com a fundação Renova, já homologado na Justiça, como compensação pelos estragos ambientais causados pela catástrofe da mineração em Mariana, no ano de 2015.
Alex Ferreira
Alto do Mirante: obra do arquiteto Eólo Maia lembra o lagarto Teiú, endêmico nesta área do Perd Alto do Mirante: obra do arquiteto Eólo Maia lembra o lagarto Teiú, endêmico nesta área do Perd

Acesso

Para quem sai de Belo Horizonte pela BR-262, a rota pode seguir até o entroncamento para São José do Goiabal, entre João Monlevade e Rio Casca. Depois, prosseguir 6,5 km asfaltados pela BR 320. A partir daí, segue-se a sinalização pela MG-760 até a entrada do parque, em estrada de terra, bem conservada. A pavimentação da MG-760 está em andamento, no sentido Vale do Aço/Baixa Verde, em Dionísio.

A alternativa, tanto para quem vem da capital quanto para quem sai da Região Metropolitana do Vale do Aço, o acesso pode ser feito a partir de Timóteo, sentido ao distrito de Cava Grande. Dali, até o Parque são 20 quilômetros de estrada já pavimentada.

Outra possibilidade é seguir para Marliéria, subir 3 quilômetros, passar pelo Mirante do Pico Jacroá, e depois são mais 13 quilômetros até a portaria do Parque, em estrada bem conservada e parte dela já pavimentada.

Reabertura pós pandemia

Durante o período de restrição sanitária por causa da pandemia de covid-19, o Parque Estadual do Rio Doce, assim como demais unidades de conservação no estado ficou fechado, mas reabriu recentemente.

Os visitantes de lugares mais distantes e quiserem esclarecer dúvidas antes de viajarem para conhecer a unidade de conservação podem fazer contato, pelo e-mail: [email protected] ou telefone (31) 3822-3006. O endereço é Km 20, MG-760, comunidade rural de Santa Rita, Minas Gerais.
Alex Ferreira
Em um dos acessos ao Perd, via Marliéria, o visitante pode parar no Mirante do Pico Jacroá, de onde se avista toda a extensão do parque Em um dos acessos ao Perd, via Marliéria, o visitante pode parar no Mirante do Pico Jacroá, de onde se avista toda a extensão do parque

Valores de ingressos e tarifas

O valor cobrado pela entrada para visita ao parque é de R$20,00 (inteira), estudantes pagam meia entrada, idosos acima de 60 anos e criança até 6 anos não pagam. Moradores de Dionísio e Marliéria não pagam para passar o dia, e moradores de Timóteo pagam R$2 durante a semana e R$10 aos fins de semana e feriados.

Também é possível acampar no parque. O local é destinado à contemplação e não se permitem atividades que gerem ruídos excessivos, som automotivo ou situação parecida.

A diária do camping custa R$ 40 por pessoa; Alojamento individual R$ 80, Duplo R$ 120, Triplo R$ 150, Quádruplo R$ 180, Quíntuplo R$ 220.

Casa de pesquisador (quando disponível à locação a visitantes - capacidade para hospedar até 6 pessoas) R$ 200; Auditório (capacidade até 100 pessoas) R$ 300.

O que fazer na sede de visitantes

O parque possui diversos atrativos e trilhas que percorrem uma parte da borda da Lagoa Dom Helvécio. Essas trilhas são sinalizadas e são circulares, sempre retornam ao ponto de partida, próximas ao estacionamento do camping.

Também é possível visitar o mirante e banhar-se na praia localizada na península do centro de visitantes. A pesca é permitida, mas somente de espécies exóticas, como cará da amazônia, tucunaré e piranha. Os peixes nativos (como a traíra) não podem ser pescados.

Há ainda, sob o mirante, o auditório Borun do Watu: cujo nome significa “índio do rio Doce”, em dialeto Krenak, onde são exibidos vídeos sobre a unidade e temas ambientais.

Existe uma exposição permanente de quadros, informações, fotos e objetos de uso dos índios botocudos, que foram os primeiros habitantes da região. Os descendentes remascentes da etinia Krenak habital atualmente a margem esquerda do rio Doce, próximo à cidade de Resplendor. (Com informações do Instituto Estadual de Florestas) - Edição Alex Ferreira.

Alex Ferreira
Centro de hospedagem do Parque do Rio Doce Centro de hospedagem do Parque do Rio Doce

Alex Ferreira
Lagoa Dom Helvécio, a maior do Perd Lagoa Dom Helvécio, a maior do Perd

Alex Ferreira
Alto do mirante no Centro de Visitantes do Perd Alto do mirante no Centro de Visitantes do Perd

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