24 de março, de 2021 | 10:39

Fiocruz defende lockdown de duas semanas em 24 estados

Reprodução de vídeo
Relatório da Fiocruz fala em 'crise humanitária' e pede lockdown de duas semanas em 24 estados e no DFRelatório da Fiocruz fala em 'crise humanitária' e pede lockdown de duas semanas em 24 estados e no DF

O presidente Jair Bolsonaro tem agendada para hoje uma reunião, no Palácio da Alvorada, com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e deve oficializar a criação de um comitê de crise entre os Três Poderes para o acompanhamento das ações do Executivo no enfrentamento ao novo coronavírus. A decisão será tomada em função da pressão da classe política e empresarial para respostas mais efetivas do governo federal contra a pandemia da covid-19.

A pressão vem também do meio científico. O último boletim extraordinário do Observatório da Covid-19, divulgado pela Fiocruz na terça-feira, escancarou a gravidade do atual momento da pandemia no Brasil. Os cientistas responsáveis pelo documento afirmaram que trata-se de uma “crise também humanitária” e cobraram ações mais restritivas de combate.

A fundação chamou a atenção para a necessidade de medidas rígidas de distanciamento. Por isso, sugeriu a restrição das atividades não-essenciais por 14 dias em todos os 24 estados, além do Distrito Federal, que se encontram na zona de alerta crítico. Tal medida reduziria em aproximadamente 40% a transmissão do vírus, segundo o documento.

Diversos municípios têm aderido ao lockdown diante dos altíssimos números da covid-19 no Brasil, que resultaram em um colapso geral na saúde. Por outro lado, outras cidades e estados se apoiam no discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seguem lutando contra tal medida.

Segundo a Fiocruz, o colapso na saúde faz com que o vírus se alastre mais rapidamente e seja ainda mais mortal. Na última semana analisada, entre 14 e 20 de março, foram, em média, 73 mil casos e duas mil mortes diárias. O número de casos cresceu a uma taxa de 0,3% ao dia, enquanto a ascensão dos óbitos foi de 3,2% a cada 24 horas.

"O cenário é preocupante, pois indica que pode estar havendo uma situação de desassistência e falhas na qualidade do cuidado prestado para pacientes com quadros graves de Covid-19", comentam os especialistas. "A incapacidade de diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais, em um processo que vem sendo apontado como o colapso do sistema de saúde, pode aumentar a letalidade da doença, dentro e fora de hospitais."

Em relação à taxa de ocupação das UTIs, destaque para o Amazonas, que, após a crise vivida no início do ano, deixou a zona crítica e juntou-se a Roraima na de alerta intermediário, com 79% e 64% dos leitos ocupados, respectivamente. Todas as outras 25 unidades federativas do país estão em estado crítico, com taxa de pelo menos 85%.

O boletim apontou, ainda, para a necessidade de uso de máscara por pelo menos 80% da população e de adoção destas medidas em conjunto pelos municípios e estados, “uma vez que a adoção parcial e isolada nos levará ao prolongamento da crise sanitária".

"A continuidade dos cenários em que temos o crescimento de todos os indicadores para Covid-19, como transmissão, casos, óbitos e taxas de ocupação de leitos UTI, resulta em colapso que afeta todo o sistema de saúde no país e no aumento das mortes por desassistência", destacam os cientistas. "Trata-se de um cenário que não é só de uma crise sanitária, mas também humanitária, se consideramos todos seus impactos.”

Recorde de mortos na terça-feira

O Brasil registrou 3.241 novas mortes pelo novo coronavírus e 82.493 casos da doença nesta terça (23), conforme o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Com isso, o total de mortos chegou a 298.676 e o de casos a 12.130.019, de acordo com o painel atualizado pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), um sistema próprio de informações que reúne dados de contaminados e de óbitos em contagem paralela à do governo.

O número de 3.251 mortes em um período de 24 horas é a maior marca da pandemia até aqui e a primeira vez que o Brasil passa de 3 mil mortes em um único dia. O recorde anterior era da terça anterior (16), quando foram registrados 2.841 óbitos.
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