20 de novembro, de 2020 | 09:30
Professor lança livro em que discute o racismo estético
Racismo Estético: Decolonizando os corpos negros” é o título do livro do professor, mestre em Linguística Aplicada e doutor em Estudos de Linguagens, João Paulo Xavier, professor do Cefet-MG. O livro, que está disponível por enquanto apenas na forma digital, em plataformas como amazon.com.br, será lançado virtualmente nesse dia 20 de novembro, em função das medidas sanitárias da pandemia de covid-19. A data não foi escolhida por acaso, trata-se do Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado hoje e destinado a uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
Em entrevista ao Diário do Aço, o professor explica que o livro resultou de uma pesquisa realizada a partir de um caso de racismo, um episódio em que um professor chamou um estudante negro de cabelo de bombril” dentro da sala de aula de uma faculdade no Vale do Aço. A instituição de ensino nada fez em relação ao fato.
Relata o professor que um grupo de observadores decidiu conduzir uma pesquisa envolvendo pessoas negras que tiveram a experiência de situações com o racismo relacionadas à estética.
Mais de 100 respondentes enviaram, pela internet, suas narrativas autobiográficas relatando: ataques que receberam devido aos seus traços negroides, como cabelo, nariz, boca e estrutura óssea; quais reflexos essas experiências deixaram em suas vidas e como superaram isso.
A pesquisa permitiu identificar que o racismo começa nos núcleos familiares, por conta da desinformação e da rejeição das estéticas negras, estende-se para a escola onde situações de bullying são recorrentes e reflete na sociedade onde há alijamento do direito de se expressar esteticamente. O racismo é um projeto nefasto de exclusão e de silenciamento de grupos sociais. A estética é um construto considerado nobre, dentro do campo filosófico, por ser representativa das especificidades e expressões humanas. Quando a dimensão estética é negada a um indivíduo, automaticamente, um apagamento identitário ocorre. O racismo estético está infiltrado de diversas formas na sociedade brasileira e os comentários pejorativos, como aquele cabelo de bombril são, infelizmente, apenas o início de uma discriminação complexa e cruel que busca se justificar por meio de diferentes discursos”, detalha o professor João Paulo.
Para o educador, discutir o racismo em todas as suas facetas é a única forma de desconstruir uma agenda nefasta que desumaniza o indivíduo, suprime suas subjetividades, rejeita a sua beleza, invisibiliza a sua produção artística, limita a sua presença nos espaços urbanos, aniquila as suas epistemes e o destitui de seu próprio corpo”.
Caso Bruno
A respeito de um caso que ganhou visibilidade essa semana, a do gerente de uma lona no shopping em Governador Valadares, Bruno Mendes, o professor ressalta que pessoas testemunharam o fato, mas não se posicionaram diante do ocorrido, na hora.
Domingo (15), um casal de idosos entrou na loja e pediu para falar com o gerente. Bruno, que estava perto, foi ao casal e se apresentou. A mulher, entretanto, disse que era inadmissível que um negro fosse gerente daquele estabelecimento.
Na segunda-feira (16), os funcionários do estabelecimento fizeram uma homenagem com cartazes, com frases motivacionais para o gerente. O professor João Paulo Xavier pondera que fazer uma homenagem depois do fato pode parecer uma atitude muito benéfica, mas defende outro posicionamento. Precisamos é de respeito e que as pessoas se posicionem imediatamente na hora, que chamem imediatamente a atenção de quem está sendo racista. E isso não é somente em relação à questão da cor da pele. Deve ser aplicado ao preconceito na LGBTfobia, gordofobia, às pessoas com deficiência, ou de origem de onde nasceu. Essa reação precisa ser imediata. Numa sociedade racista não basta você não ser racista, você precisa ser antirracista, ou seja, se posicionar diante de uma situação de discriminação", enfatizou.
A contestação do racismo reverso”
João Paulo explica que o termo racismo é um conceito recente, no tempo histórico, data da primeira metade do século XX. O racismo é uma discriminação com base no fenótipo, com base naquilo que a pessoa vê (cor da pele), nariz, estrutura óssea, entre outros. A ideia de raça fez com que um povo se considerasse superior a outro. Foi o que justificou o tráfico de pessoas raptadas e transportadas da África para as Américas colonizadas pelos europeus. O conceito de alguém superior, a branquitude, e alguém inferior, o negro africano, foi que o sustentou a aceitação da escravidão negra a partir do século XV como uma situação normal. O Brasil subjugou o negro como inferior até 1889. Cerceou a sua liberdade, seu poder de expressar, sua cultura, sua religião. Tudo foi negado e há reflexos disso até hoje. Não há como negar que haja racismo no Brasil, quando você encontra até hoje lugares onde o negro não está presente e o público é 100% embranquecido", observa.
Ainda a respeito do negacionismo da discriminação racial, o professor explica que não existe o "racismo reverso”, a suposta discriminação em relação aos indivíduos brancos, pelo simples fato de pessoas brancas nunca terem sido escravizadas por simplesmente serem brancas. Pessoas brancas nunca tiveram vagas de emprego negadas ou foram proibidas de ocuparem lugares no ônibus, exercerem posições no mercado de trabalho pelo simples fato de serem brancas. Entretanto, isso ocorre ainda hoje com pessoas negras de maneira real. Então, por isso não existe racismo reverso”, avalia.
Por fim, João Paulo Xavier afirma que toda discriminação é ignorante e isso se combate com a leitura. Por isso eu lanço o livro, que é um convite às pessoas para que leiam, compreendam e identifiquem o que ocorre na nossa sociedade, nas relações sociais nas quais estamos inseridos e proponho uma reflexão. O que se espera a partir dessa compreensão é que as pessoas sejam melhores e saibam como combater as práticas racistas", conclui.
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Não Sou Militante
20 de novembro, 2020 | 20:48O "observatório" não falou nenhuma mentira. Escravos eram capturados por outros negros conhecidos com capitão do mato. Aliás muitos brancos em países africanos também sofrem discriminação. Como a esquerda gosta de dividir.”
Gleicimar Miranda da Silva
20 de novembro, 2020 | 13:28Tem um burro que nem coragem de colocar o nome comentou dizendo que os maiores escravagistas foram os próprios negros. Kkkkkkkkk Só pode ser branco pra dizer uma patifaria como essa. Dá até dó de ler tanta coisa imunda como as que ele escreveu. Senhor "Observador de merda" da pra ver que história vc não estudou e muito provavelmente você não concluiu nem o ensino médio. A bíblia é um mito seu energúmeno! É um livro de história seu boçal! Quem escravizou, matou, subjugou os negros, os índios e várias outras nações foram pessoas brancas e sujas como você. Que nojo desse seu comentário, com certeza você deve ser um homem bem infeliz.”
Anderson Azevedo
20 de novembro, 2020 | 11:11Esse tal observador já sabia que estava falando besteira e já anteviu que teria o comentário reprovado. Bem feito que o jornal aprovou e ele fica aí agora passando vergonha. Acho é pouco.”
Observador
20 de novembro, 2020 | 09:57Os 400 anos de escravidão dos judeus no Egito já provam que houve escravidão de pessoas brancas sim, inclusive é preciso lembrar que o termo escravo vem de eslavo que eram os brancos capturados e transformados em escravos.
É de uma tremenda ignorância ou de mal caratismo ignorar que os maiores traficantes de escravos da África foram justamente os próprios negros, que vendiam os derrotados em suas guerras tribais como escravos para o mercado europeu e americano posteriormente.
Dizer que os humanos de pele branca não sofrem preconceito chega a ser absurdo, ou vão dizer que nunca foram chamados de branquelos, fantasmas, bichos de goiaba, leite azedo, ratos brancos (ou de laboratório) e nem é preciso relembrar o que os movimentos do BLM nos EUA tem ativamente atacado até mesmo violentamente pessoas brancas simplesmente por não se curvarem a sua agenda.
Tenho minhas dúvidas que o DA vá publicar este comentário, mas isso só deixa cada vez mais claro o viés ideológico deste jornal.”