05 de março, de 2020 | 17:20

Sepultamento de Carlos Cotta reúne admiradores

Médico será lembrado por sua atuação e pioneirismo na política regional

Foi enterrado na tarde desta quinta-feira (5), no Cemitério Parque Vale da Saudade, em Coronel Fabriciano, o médico ginecologista e obstetra Carlos Alberto Cotta, de 87 anos. Ele foi o primeiro deputado federal eleito pelo Vale do Aço, atuando ainda como deputado estadual e secretário de Estado. O velório reuniu familiares, amigos e admiradores, que exaltaram seu legado.

Amigo e afilhado de Carlos Cotta, José Rodrigues do Amaral o conhecia desde 1964. “Ele fez o parto do meu primeiro filho, que hoje inclusive é médico, o Edson Rodrigues do Amaral. Carlos foi meu padrinho de casamento, em Nova Lima. Até hoje tenho o terno, apesar de não caber mais em mim. Há três anos, ele e seu filho Carlos estiveram em minha casa, ocasião em que eu estava passando por um quadro de depressão. Foram ver como eu estava e ele me disse que iria passar, que tudo ficaria bem”, recorda.

O ex-prefeito de Timóteo, Leonardo Rodrigues Lelé da Cunha, destacou a atuação do político pelo Vale do Aço. “Foi um dos primeiros políticos, teve coragem de encarar a primeira eleição para deputado, foi deputado federal em cinco mandatos e isso prova sua habilidade, seu dinamismo. Por causa dessa alta condição de trabalho que ele tinha, conseguiu ser secretário de governo, inclusive teve uma época que ele fazia trabalho para cerca de cinco a seis secretarias. Trabalhava muito, era uma pessoa muito alegre e tinha um carinho muito grande com o Vale do Aço. Sempre foi um filho que fazia a mãe sorrir. Ele deixou para mim essa lembrança, de um ótimo filho. Certamente vai deixar um vazio muito grande”, lamenta.

Liderança política do Vale do Aço e secretário de Governança de Esporte Lazer e Juventude de Coronel Fabriciano, Nivaldo Lagares Pinto, o Querubim, avaliou a morte de Carlos Cotta como uma perda não somente para a região, mas para o país. “Um grande político, um grande ser humano que com sua participação na política construiu muito para nossa região. Hoje usa-se muito a expressão ‘nova política’, e ele nos mostrou, experimentamos no tempo dele uma política de resultados. Um cidadão que teve 20 anos como deputado federal, quatro como deputado estadual, ocupou secretarias que tinham mais poder que o próprio governador e morreu na simplicidade, mas de forma honrada, isso é o maior legado que nos deixa”, frisa.

Mandato
Querubim trabalhou como assessor no último mandato parlamentar de Cotta. “Tive esse prazer, pude conhecer a pessoa, ver sua forma de fazer o bem. Devo a ele minha participação na vida política. Após perder uma eleição em 1988, me estimulou a continuar. Foi daí que encontrei ânimo para buscar uma eleição e outras, foram cinco mandatos de vereador e tinha o prazer de sempre receber seu voto nas urnas. Carlos teve um trabalho no sentido de garantir a manutenção de serviços na região, como a superintendência de ensino e a de saúde, além de obras estruturais, em tudo há sua presença. Era interlocutor de prefeitos da região junto aos governos estadual e federal. Muita gente se formou graças a ele, pois o deputado tinha o poder de indicar pessoas para serem contempladas com bolsas de estudo. Cada um tem uma história pra contar sobre ele. A gente não concorda, mas todos temos um prazo de validade, um termo final e o dele chegou. Nos resta reverenciar sua história, seu legado”, concluiu.

Histórico
Carlos Cotta deixa quatro filhos e seis netos. Ingressou na vida política em 1966, elegendo-se deputado estadual pelo MDB. Foi deputado federal pela mesma sigla, depois PMDB, por cinco mandatos consecutivos, entre 1970 e 1990. Em 1989, um ano antes de terminar o último mandato na Câmara dos Deputados, deixou o PMDB para integrar o projeto de fundação do PSDB em Minas Gerais. Em 1992, desembarcou no PTB com o grupo de Hélio Garcia, então governador de Minas, em segundo mandato.

Cotta exerceu cargos executivos no governo mineiro. Entre 1983 e 1986, foi secretário de Estado de Governo. Chegou a acumular em véspera de uma das reformas do secretariado, seis pastas: Governo, Fazenda, Planejamento, Trabalho, Ação Social e Cultura.