27 de fevereiro, de 2020 | 04:56
Jornalista é alvo de ataques após revelar vídeo de Bolsonaro
Vera Magalhães é a segunda profissional da imprensa nacional, que faz cobertura dos bastidores políticos, a entrar no alvo dos apoiadores de Bolsonaro
A jornalista Vera Magalhães entrou na mira de críticas por ter revelado vídeos distribuídos pelo presidente da República
Após ter revelado que o presidente Jair Bolsonaro havia usado seu celular pessoal para compartilhar um vídeo convocando a população para manifestações contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal,a jornalista Vera Magalhães, do jornal Estado de São Paulo, passou a ser alvo de ataques nas mídias sociais.
Há pelo menos dois vídeos que convocam para uma manifestação, no dia 15 de março. Juristas entendem que o presidente da República não poderia, mesmo que reservadamente, convocar um ato que vai contra o equilíbrio dos três poderes e contra a democracia.
Uma conta falsa em nome da jornalista foi criada no WhatsApp e mensagens fraudadas foram distribuídas em outras redes sociais. Além disso, houve compartilhamento de uma cobrança de 2015 do colégio onde estudam os filhos de Vera, expondo, dessa forma, a família da jornalista, de acordo com informações do próprio jornal Estado.
Divulgar este tipo de informação pessoal é um constrangimento e, embora possa não ser considerado uma ameaça do ponto de vista jurídico, é obviamente uma forma de ameaçar a jornalista. A divulgação de documentos é um método clássico de ameaçar ou incentivar alguém a atentar contra uma pessoa".
"Do ponto de vista da Abraji, é mais um ataque dos apoiadores do presidente contra jornalista. "Pela recorrência, isso está se tornando uma questão crítica”, disse o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel.
No Twitter, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que é da base de apoio do presidente Bolsonaro no Congresso, classificou os ataques à Vera como algo abominável.
Anteriormente, ela havia criticado a publicação da notícia sobre o compartilhamento do vídeo pelo presidente em sua conta pessoal de WhatsApp. "Mas daí a divulgar onde os filhos dela estudam, os colocando em risco, é algo abominável", publicou.
Já a deputada Alê Silva (PSL-MG) postou uma mensagem no Twitter na qual diz que Vera também está louca para dar o furo”. Na semana passada o próprio Bolsonaro insultou a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, dizendo que a repórter queria dar o furo”.
Diante das manifestações, Vera se manifestou por meio de sua conta no Twitter. Ontem foi a @camposmello. Antes, @MiriamLeitaoCom, @constancarezend, @marilizpj e tantas outras. Mulheres como alvos principais. Deixa eu só dizer uma coisa para vocês: não tenho medo. Em frente. Sempre. E viva o jornalismo profissional. Vamos todos juntos”, afirmou.
Agressividade orquestrada
Segundo a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, a postura agressiva de Bolsonaro em relação a jornalistas incentiva que seus seguidores façam ataques aos profissionais da imprensa.
Na semana passada o alvo foi a jornalsita Patrícia Campos Mello que cobre o esquema de fake newes usado na campanha eleitoral de 2018.
Afinal,qual o motivo da crise entre o Executivo e o Legislativo?
A mais nova crise entre o Executivo e o Legislativo tem como pano de fundo uma disputa pelo orçamento da União, especificamente um veto feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que tratam de emendas parlamentares ao Orçamento.
Defendida pela equipe econômica, capitaneada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, a flexibilização do orçamento está em disputa nesse conflito. Atualmente, 94% do orçamento é obrigatório, ou seja, o Executivo não pode retirar de uma área para colocar em outra, se achar necessário.
Com a mudança aprovada no Congresso, os deputados e senadores ficariam com a gestão de uma parte maior desse valor disponível para gastos não-obrigatórios, cerca de R$ 30 bilhões, enquanto o Executivo ficaria com R$ 50 bilhões.
Esse avanço do Congresso sobre uma fatia maior do orçamento aconteceu porque a LDO aprovada pelos parlamentares estabelece que as emendas de comissão e as feitas pelo relator também sejam de execução obrigatória, assim como são parte das emendas individuais e de bancada. O texto prevê ainda que os parlamentares poderão definir a ordem de prioridade para a execução dessas despesas e determina um prazo de 90 dias para que o valor seja entregue.
Veto do governo
Alegando que o trecho é "contrário ao interesse público", o governo vetou a expansão do orçamento impositivo. Agora o veto pode ser derrubado no Congresso e o governo quer incentivar as manifestações de seus apoiadores para evitar a derrubada.
A decisão do Planalto não foi bem recebida por parte dos deputados e senadores, que tentam reverter o veto. O governo decidiu conversar e costurou um acordo para acatar somente o caput do artigo, mantendo os vetos aos parágrafos relacionados, mas o entendimento não foi para frente, após o governo não enviar um projeto de lei que iria redefinir a divisão dos R$ 30 bilhões sob gestão do Congresso - recuperando R$ 11 bilhões do total para o Executivo.
General
Diante dessa disputa por recursos livre do orçamento, uma fala do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, tornou o debate ainda mais tumultuado. No evento de hasteamento da bandeira no Planalto, na quarta-feira passada (19), o militar fez críticas aos congressistas. "Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se", disse em conversa privada com outros ministros. O áudio do diálogo, entretanto, foi captado e divulgado pela transmissão ao vivo do próprio Planalto.
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Anti17
27 de fevereiro, 2020 | 18:41O tal do mito está preocupado, pois o mesmo viu a sua popularidade no carnaval de 2020, ou seja, viu o tanto de arrependidos que estão espalhados por aí!!!!”