30 de janeiro, de 2020 | 09:30

Para infectologista, não há necessidade de pânico quanto ao coronavírus

Conhecido desde meados da década de 1960, o coronavírus é apenas uma linhagem de uma grande família de vírus

Wôlmer Ezequiel
O médico Márcio de Castro conversou com o Diário do Aço e deu dicas para a população, como ter cuidado com a higiene das mãos O médico Márcio de Castro conversou com o Diário do Aço e deu dicas para a população, como ter cuidado com a higiene das mãos

Após o Ministério da Saúde confirmar o primeiro caso suspeito de coronavírus no Brasil, cresceu a preocupação da população sobre o vírus. O ministro Luiz Henrique Mandetta confirmou, dia 28, que uma estudante de 22 anos, que esteve na China, está internada em Belo Horizonte, em observação. Depois, mais dois casos entraram na lista. Para o médico infectologista Márcio Rodrigues de Castro, a situação ainda é incerta e, neste momento, não há motivo para pânico, mas alerta para alguns cuidados básicos.  

Conhecido desde meados da década de 1960, o coronavírus é apenas uma linhagem de uma grande família de vírus. Ele tem esse nome por causa de pequenos espinhos que possui na superfície, que lembram uma coroa. Foi identificado pela primeira vez durante uma investigação laboratorial de casos de pneumonia em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China. Desde então, milhares de casos foram confirmados naquele país.

Márcio Castro pontua que o vírus causa sintomas muito parecidos com os de uma gripe, que ele é comum em animais e que pode eventualmente infectar humanos. “É típico de animais, mas o homem em contato pode ocorrer uma mutação e a infecção. Hoje temos mais incertezas que certezas, não temos relatos de infecção fora da China e não sabemos quanto esse vírus vai conseguir transmitir em outro ambiente, qual é realmente seu potencial pandêmico. Ele causa uma infecção grave, semelhante à gripe, potencialmente fatal, mas nem todo mundo que pegar o vírus vai ter formas graves, isso pode variar”, aponta.

Ele reitera que a grande dúvida é quanto à transmissão de humano para humano em outro contexto. Quando houver essa resposta, será possível preocupar-se. O médico alerta que não há tratamento específico, nem vacina. “Quem foi imunizado contra a gripe não está protegido contra o coronavírus. Os antivirais específicos para gripe, que usamos para epidemias recentes, não funcionam pra ele. Se começar a ter circulação do vírus aqui no Brasil, então o conselho é evitar aglomeração; higienizar as mãos - porque se contrai o vírus por tosse ou espirro. Quem estiver com suspeita de gripe ou algo parecido com infecção respiratória deve evitar aglomeração e ficar recluso, sobretudo se tiver tido contato com alguém que veio da China, além de evitar contato próximo com pessoas com gripe. De forma resumida, é preciso ter cuidado com as mãos e quem tem sintoma respiratório deve evitar expor a partícula de tosse ou espirro”, afirma o médico.

Casos
Conforme dados apresentados pelo Comitê de Operações de Emergência do Ministério da Saúde, no período de 3 a 27 de janeiro foram analisados 7.063 rumores de pessoas com coronavírus, dos quais 127 exigiram a verificação mais detalhada. Dessa verificação, dez casos se enquadraram inicialmente na definição de suspeitos. Nove foram descartados, e o único caso tratado como suspeito é o da paciente internada em Belo Horizonte.

O ministro informou ainda que, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter aumentado para alto o nível de alerta em relação ao cenário global do novo coronavírus, o governo vai passar a tratar como casos suspeitos os das pessoas que estiveram em toda a China, não apenas na província de Wuhan.

Estrutura
Questionado se o sistema de saúde do Brasil está preparado para lidar com o coronavírus, Márcio Castro avalia que desde o fim do século passado há uma espera por uma pandemia de gripe. “Teve aquela recente e paramos de falar sobre isso. O país estava se preparando para isso. No último ano houve certa desarticulação e, se olharmos para o último ano, estávamos um pouco mais preparados. Não sabemos o quanto isso vai afetar a assistência. Os cuidados não são tão grandes, agora, vai depender muito da intensidade disso. Se tivermos uma pandemia e o vírus tiver um potencial muito grande, com milhares de casos, o impacto vai ser muito grande”, salienta.

Em termos de equipamento, Ipatinga tem, conforme Márcio Castro, boa estrutura, como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital Municipal Eliane Martins e o Hospital Márcio Cunha. “No caso deste, há três Unidades de Tratamento Intensivo adulto. Quando tivemos a febre amarela, foi criada uma UTI de uma hora pra outra. O HMC tem potencial de resposta rápido e no caso da febre amarela foi fantástico. A grande dúvida é qual o real potencial de transmissão, se o vírus de fato chegar e tiver potencial grande, a coisa pode ser feia, mas é muito incerto o cenário, não há sinal de transmissão no Brasil. Os casos identificados são de pessoas que estiveram na China e viajaram. Mas isso pode mudar”, analisa.


(Bruna Lage - Repórter)

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