14 de novembro, de 2019 | 05:49

Falta de água no Vale do Aço gera mais reclamações

Solução do problema passa por recuperação dos mananciais de águas superficiais, aponta geógrafo

A situação enfrentada por moradores de vários bairros de cidades do Vale do Aço, ao longo dos últimos dias, preocupa e chama a atenção. Algumas localidades enfrentam problemas com o fornecimento de água há uma semana, o que tem causado transtornos para a população. Para o geógrafo Alessandro de Sá, a solução do problema passa pela recuperação dos mananciais de águas superficiais que compreendem os territórios das bacias hidrográficas de cada município.

O profissional participa de reuniões da agenda de convergência do Vale do Aço, que tem discutido a questão hídrica e sustentabilidade de desenvolvimento, tendo como base o recurso hídrico. Segundo ele, o aglomerado urbano da Região Metropolitana, formado pelos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, é abastecido pelo sistema de poços profundos, onde é realizada a captação de água, que depois é tratada e distribuída. “O volume de água subterrâneo, mesmo sendo esses grandes aquíferos isolados ou abastecidos por chuvas, não é infinito, podendo entrar em colapso devido ao grande volume de captação ao longo dos anos”, alerta.

O geógrafo defende uma política pública municipal eficaz, em gestão de recursos hídricos para o Vale do Aço. Primeiramente, destaca o especialista, é preciso recuperar os mananciais de águas superficiais que compreendem os territórios das bacias hidrográficas de cada município, investir em captação e coleta de água construindo grandes reservatórios de água para auxiliar no abastecimento, incentivar a construção de parcerias públicas privadas para recuperar áreas degradadas e principalmente reduzir as deficiências dos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos.

Alessandro também participa do projeto Mapa da Mina, que tem monitorado a vazão hidrológica em dez pontos, dentro da bacia hidrográfica do ribeirão Ipanema. Questionado se a população pode ficar sem abastecimento, ele apenas reforça a situação atual. “A realidade é que já estamos ficando sem água, muitos bairros da região do Vale do Aço registram desabastecimento decorrente de vários motivos, que não são bem esclarecidos para a população”, avalia Alessandro.

Caos
Nos últimos dias, por meio do Portal Diário do Aço e em suas mídias sociais, os registros de falta d’água têm sido frequentes. Ipatinga é a cidade onde os moradores mais apresentam reclamações. Bairros como Canaã, Canaãzinho, Novo Cruzeiro, Parque das Águas e Bethânia são alguns entre os relatados por nossos leitores, mas os usuários de Santana do Paraíso e Timóteo também fazem coro às queixas.

Recentemente, o superintendente operacional da Copasa no Vale do Aço e Vale do Rio Doce, Albino Campos, descartou a possibilidade de ocorrer um racionamento de água no núcleo urbano do Vale do Aço, formado por quatro cidades. “Nós temos uma grande vantagem aqui, ou seja, a Copasa consegue captar água para todas as quatro cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço por meio de poços aluvionares, principalmente, do aquífero Piracicaba, e temos vazão suficiente para atender a população”, informou.

Na tarde de terça-feira (12), a Copasa informou que, devido à falta de energia elétrica no Sistema Produtor do Vale do Aço, o abastecimento de Ipatinga e de alguns bairros de Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso foi interrompido na segunda-feira (11). A previsão é que o abastecimento seja normalizado, de forma gradativa, até a manhã desssa quinta-feira (14). Os pontos atingidos, conforme a concessionária, são: Ipatinga: toda a localidade; Coronel Fabriciano: Amaro Lanari; Santana do Paraíso: Cidade Nova, Águas Claras, Bom Pastor, Jardim Vitória, Parque Caravelas e Residencial Bethânia.

Administração de Ipatinga notifica a Copasa

Em documento encaminhado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma), a administração de Ipatinga notificou na terça-feira (12) o Distrito Regional da Copasa para que dê solução imediata ao problema de interrupção do fornecimento de água que há dias atinge vários bairros do município.

Na notificação, o governo municipal destaca que a concessionária “é obrigada a garantir o suprimento adequado, continuidade e permanência do serviço de abastecimento”, sob pena de sanções por descumprimento de responsabilidades. (Bruna Lage - Repórter)