20 de julho, de 2019 | 07:30

''Essa história de rodovia da morte vai acabar por aqui''

Idoso de Antônio Dias, que viu a primeira pavimentação da BR-381 nos anos 1960, está entusiasmado com modernização da estrada

Fotos: Wôlmer Ezequiel
José Araújo, o Sabiá, viu a primeira obra da BR-381 em 1969 e viu ontem a inauguração do trecho reestruturado, 50 anos depoisJosé Araújo, o Sabiá, viu a primeira obra da BR-381 em 1969 e viu ontem a inauguração do trecho reestruturado, 50 anos depois

Enquanto representantes do Vale do Aço se concentravam sob duas tendas, no trevo de Antônio Dias, à espera do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, do outro lado da pista, o morador do bairro Severo, vizinho à obra da BR-381, José Araújo, o Sabiá, de 70 anos, observava a movimentação.

O antonio-diense conta que viu as obras da primeira pavimentação da rodovia, no fim dos anos 1960, e não escondia o entusiasmo ao ver a reestruturação da estrada. “Morei aqui a vida toda e, nesses 70 anos, já vi vários acidentes, muitas mortes. Esse trevo até teve uma melhoria, em 2006, mas com a construção agora está resolvida de vez a nossa travessia da rodovia para o acesso à cidade de Antônio Dias”, observou.

No trevo foi construída uma passagem subterrânea, que eliminou o cruzamento das pistas, para quem entra ou sai de Antônio Dias. Com isso foram beneficiados também moradores dos bairros localizados à direita da pista e nas áreas rurais, de Curriola e Biboca.

“Vi a BR sendo construída desde que era estrada de chão, dou graças a Deus por estar vivo para ver essa reestruturação. Nunca imaginei que aqui haveria uma obra assim. Enfrentamos dificuldades, com muita poeira durante as movimentações de terra e máquinas, mas valeu a pena, porque para ter o progresso tem que ter um sacrifício mesmo. Quem vê esta pista, imagina que é só concreto, mas tem ferragem por baixo e camadas e mais camadas em concreto. É uma obra para muitos e muitos anos. Se Deus quiser, essa história de rodovia da morte vai acabar por aqui, vamos entrar num carro e, com duas horas, estaremos em Belo Horizonte”, concluiu Sabiá.

Eneias Reis afirmou que esperança da conclusão da obra de duplicação está na concessão da rodovia Eneias Reis afirmou que esperança da conclusão da obra de duplicação está na concessão da rodovia

O deputado federal Eneias Reis (PSL) afirmou que os primeiros 15 quilômetros abertos ontem são o começo da reestruturação da BR-381, mas alertou que o governo não tem orçamento para concluir as obras e deposita esperanças na concessão da rodovia para a conclusão da ampliação da capacidade da estrada, entre Belo Horizonte e Governador Valadares.

“Há preocupação com o aumento no custeio do transporte, com a instalação de praças de pedágio, mas a consulta popular será justamente para alinhar os valores e a forma como serão cobradas as tarifas. Precisamos nos atentar também a outros modais de transporte e falo do investimento em uma nova linha férrea, também pela iniciativa privada, anunciada pela Petrocity, que podem trazer benefícios para a logística, o que interessa ao setor produtivo”, concluiu o parlamentar.

Demandas de Timóteo e Coronel Fabriciano

O prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius, aproveitou a presença do ministro dos Transportes, Tarcísio Gomes de Freitas, para cobrar atenção às demandas regionais. Entre os assuntos estão as alças para o acesso do seu município, e de Timóteo, ao contorno rodoviário da BR-381.

“Quando foi feito o anel rodoviário, deixaram as duas cidades isoladas da 381 e o pleito das duas cidades é que a empresa que vier a ganhar a concessão coloque novamente Coronel Fabriciano e Timóteo dentro do cenário de desenvolvimento econômico regional. Esse pleito estará na modulação da concessão. Pedimos também a construção do acesso do Distrito Industrial 2, ao contorno rodoviário. Lá deverá ser construído um terminal multimodal, ao lado do distrito industrial”, detalhou.

O prefeito disse que outros assuntos foram levados ao ministro, entre eles a agilidade na reforma, pelo Dnit, do viaduto sobre a avenida Magalhães Pinto, no antigo trecho urbano da BR-381. A obra de arte deverá ser elevada e ter ampliada para ter três pistas em cima e quatro embaixo.

Recuperação da ponte entre Timóteo e Coronel Fabriciano
Divulgação
Reunião na Câmara de Antônio Dias, com integrantes da bancada mineira Reunião na Câmara de Antônio Dias, com integrantes da bancada mineira

O deputado estadual Celinho do Sinttrocel integrou a comitiva que acompanhou o ministro da Infraestrutura e que, depois da abertura de um trecho duplicado na BR-381 e almoço, reuniu-se na Câmara Municipal, em Antônio Dias. Para o parlamentar, a boa notícia de ontem foi a confirmação do esforço para conclusão das obras nos lotes 3.1, e 7 da rodovia. Entretanto, alertou para a proposta de concessão da rodovia à iniciativa privada, antes da conclusão das obras nos demais lotes.

“Tem a chamada modulação do pedágio, que é estabelecer como e quando será cobrado e eventuais compensações. Para isso as audiências públicas serão fundamentais. A primeira delas será dia primeiro de agosto, em Governador Valadares, depois em Belo Horizonte, Vitória e Brasília”, lembrou.

Ponte Velha

O deputado também afirmou que a recuperação da ponte entre Coronel Fabriciano e Timóteo, executada com recursos do Dnit, está com obras dentro do cronograma e previsão de entrega antes de dezembro, que é o prazo limite para a conclusão. “O que estamos acompanhando é que outros dois viadutos, na sequência da ponte velha, um sobre o contorno rodoviário e outro sobre a ferrovia da Vale, também precisarão de intervenção. Para isso será preciso um aditivo ao contrato. Foi detectada uma trinca em um dos pilares do viaduto sobre a estrada de ferro.

O representante da construtora, do Dnit e por meio do nosso mandato, já pedimos uma reunião com a Vale, para resolver questões burocráticas e técnicas. Essa intervenção deve ser realizada sem prejuízo no prazo de entrega. Se tiver algum atraso será em função dos outros dois viadutos”, concluiu Celinho.

Wôlmer Ezequiel
Flaviano reconhece que pedágio preocupa setor produtivo, mas pode ser única condição para duplicação ser concluída  Flaviano reconhece que pedágio preocupa setor produtivo, mas pode ser única condição para duplicação ser concluída

Setor produtivo preocupado com o custo do pedágio quando for concluída concessão de rodovia

O presidente da Fiemg - Regional Vale do Aço, Flaviano Gaggiato, afirmou que o ato em Antônio Dias, nesta sexta-feira (19), foi relevante porque a duplicação da BR-381 é um dos assuntos recorrentes na Agenda de Convergência do Vale do Aço. O dirigente lembrou que a obra não está no ritmo necessário, mas já é um alívio ver partes dela abertas ao uso pela população. “O importante da informação nesta sexta-feira é que serão liberados mais 18 quilômetros no trecho lote 3.1 das obras e mais 25 quilômetros do lote 7 até o fim do ano. Com isso até lá teremos mais de 45 quilômetros de pista ampliada. Também começa a discussão pública para a concessão da rodovia em 2020, conforme anunciou o governo”, enfatizou.

Flaviano admitiu que a tarifa é motivo de grande preocupação para o setor produtivo local. De fato, em 2008 o Diário do Aço acompanhou a discussão de uma proposta da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para conceder a rodovia à iniciativa privada, com a cobrança de pedágio para financiar a duplicação em 303 quilômetros da 381, projeto que foi considerado inviável economicamente, por causa do valor do pedágio, naquele ano estimado em R$ 7,50. Com isso, a obra foi iniciada com dinheiro público, mas avançou em apenas três dos onze lotes, nos quais foi dividida a obra, entre a capital e Governador Valadares.

O presidente da Fiemg Vale do Aço afirma que a grande vontade do setor produtivo é que o governo duplicasse a pista de ponta a ponta para somente depois cobrar o pedágio, pois isso geraria uma tarifa mais barata. Flaviano pondera: “Não dá para fugir da realidade. Ou nós aceitamos a concessão e temos a rodovia duplicada, ou ficamos sem a conclusão da obra, porque o governo não tem dinheiro e a gente sabe disso. E tão cedo não vai ter enquanto as reformas não gerarem efeitos. O assunto ainda está em discussão e o valor do pedágio, de R$ 8,54 para pista simples e R$ 11,10 para pista dupla, vai representar um peso considerável no frete. Mas se tivermos uma pista duplicada, a economia de tempo e segurança pode garantir alguma compensação”, concluiu.

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Comentários

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Pedrina Mendes Leite

01 de setembro, 2019 | 18:57

“TEM QUE ALMENTAR O PREÇO DA GASOLINA PARA DIMINUIR UM POUCO DOS CARROS GASOLINA AQUI NO BRASIL DEVERIA CUSTAR 10,00 O LITRO TEM MUITA GENTE ANDANDO ATOa por ai”

Jane

22 de julho, 2019 | 17:10

“Só de uma autoridade falar em "esperança" de duplicação, mostra a nossa incompetência política.
Ê ôoo vida de gado, povo marcado êê, povo feliz!”

Geraldo

22 de julho, 2019 | 12:46

“Nois tão é lascado mermo”

Juquinha

22 de julho, 2019 | 11:10

“Esqueceram de avisar pra ele que duplicação e pedágio nao diminuem as mortes....os motoristas continuam os mesmos...só ver os exemploes em SP e RJ;....as mortes continuam praticamente no mesmo patamar. A CULPA é 99% dos motoristas....parem de culpar as estradas, rs”

Alexandre

21 de julho, 2019 | 10:55

“Para onde está indo o dinheiro do IPVA e multas?”

João Darcy

21 de julho, 2019 | 06:02

“Devia colocar pedágio inicial a 1 real igual foi na Fernão Dias.”

Zoio de Zoiar

20 de julho, 2019 | 18:34

“Mais um estelionato político praticado com o dinheiro público. O povo só toma em pé igual vaca. Se ficarmos calados e passivo, sempre seremos feito de otário pelos nossos " representantes políticos ". É triste mas é verdade.”

Pedro Magalhães

20 de julho, 2019 | 14:35

“Falam o tempo todo que os governos não tem dinheiro para educação, saúde, infraestrutura; mas o dinheiro para políticos nunca falta, então é só diminuir os políticos, que o dinheiro vai aparecer.”

Jaime

20 de julho, 2019 | 10:48

“Falam mais em pedagio do que duplicacao.”

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