02 de julho, de 2019 | 06:50

Moradores prejudicados com o rompimento de barragem ainda aguardam por respostas

Os rejeitos atingiram o rio Doce e seus afluentes, prejudicando milhares de moradores que dependiam da água dos rios

Wôlmer Ezequiel
Camila Brito é coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)Camila Brito é coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

Após três anos e meio do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, que devastou o distrito de Bento Rodrigues, além de deixar um rastro de destruição, muitos problemas ainda não foram resolvidos. No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão se rompeu e deixou 19 mortos. Os rejeitos atingiram o rio Doce e seus afluentes, prejudicando milhares de moradores que dependiam da água dos rios.

Em entrevista ao Diário do Aço, a coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Camila Brito, informou que muitas pessoas ainda aguardam por respostas. “Há um processo moroso de diálogo para resolver os problemas. Vai para mais de três anos e meio que o problema ainda não foi resolvido. Embora não pareça, tem gente que está com pautas emergenciais e o problema só demora para ser solucionado. Agora mesmo, os atingidos vão buscar a assessoria técnica independente. O povo ainda não teve acesso a esse direito. São várias questões ainda pendentes”, afirmou Camila.

Conforme a coordenadora, na região do Vale do Aço, o MAB ajuda, principalmente, os atingidos pela lama da Samarco, nos municípios de Ipaba, Naque, Periquito e distrito de Perpétuo Socorro, em Belo Oriente, envolvendo questões relacionadas à água, como a pesca e a saúde. “Para cada localidade, temos um público de 500 famílias, dependendo do tamanho, mas a gente consegue englobar até mais atingidos, por conta do resultado e mobilização de quem está mais envolvido”.

Camila Brito também informou que o MAB surgiu há mais de 30 anos na luta de moradores em canteiros de obras das barragens hidrelétricas, mas só se nacionalizou em 1991, quando teve o primeiro encontro nacional de atingidos por barragens. “O MAB hoje está presente em mais de 20 estados brasileiros”, apontou a coordenadora.

Reparação

A Fundação Renova apresentou em maio deste ano uma previsão das atividades a serem desenvolvidas em 2019 visando à reparação dos danos causados pela tragédia de Mariana. Também foi divulgado o orçamento para este ano. Devem ser gastos R$ 2,94 bilhões, 35% a mais do que o previsto para 2018. A maior parte dos recursos deverá ser usada nos pagamentos de indenizações e de auxílios emergenciais.

Barragens paralisadas

Já no dia 25 de janeiro, a barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu. Mais de 240 pessoas morreram nesse acidente. Com isso, na semana em que a tragédia de Brumadinho completou cinco meses, foi registrado que a mineradora Vale tem 33 barragens com as atividades interditadas em Minas Gerais. A maioria das paralisações ocorreu em decorrência de determinações da Justiça, atendendo a pedidos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com base em documentos que questionam a segurança das estruturas. Decisões da Agência Nacional de Mineração (ANM), da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) e até da própria Vale também culminaram em interdições.

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