30 de junho, de 2019 | 11:00

Venezuelanos buscam recomeço em Ipatinga

No Brasil, os venezuelanos avaliam a estadia e as pessoas como amáveis e acolhedoras

Wôlmer Ezequiel
Rayner Cabello, José Ramiro e Luis Antônio pedem uma oportunidade de trabalho  Rayner Cabello, José Ramiro e Luis Antônio pedem uma oportunidade de trabalho

Recém-chegados ao Brasil, três venezuelanos vivem em Ipatinga há pouco mais de 15 dias, acolhidos por grupos ligados à igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e igreja Católica. Rayner Jose Cabello Ramos, José Ramiro Moncada e Luis Antônio Salazar, vieram para o Vale do Aço em busca de um recomeço e de dias melhores. Por aqui, eles procuram por emprego para o próprio sustento e para dar um lar para suas famílias, que ainda residem no país de origem.

Coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa, da Paróquia Senhor do Bonfim, no Cidade Nobre e integrante do grupo de voluntários “Projeto Acolhida Venezuela", Marlúcia dos Reis, recorda a chegada dos três em Ipatinga. “Quando chegaram à rodoviária foi muito emocionante. Eles ficaram na fila por dias à esperando vaga gratuita no avião, no trecho Roraima- Belo Horizonte. Desejo muita sorte a eles e peço a Deus que os abençoe nesta nova fase”, ansiou.

José Ramiro foi o responsável por conversar com o Diário do Aço, em por falar melhor a mistura dos idiomas, português e espanhol. “Viemos para Brasil fugindo da situação econômica, da insegurança e também por não conseguir emprego. Tudo muito caro, há violência e pessoas morrendo em hospitais por falta de medicamento. Não há o que comer, as pessoas reviram o lixo em busca de algo para comer. Uma situação caótica que vive nosso país nesse momento”, relata.

A crise na Venezuela se arrasta desde meados de 2012. Com câncer, o então presidente Hugo Chávez passou por tratamento em Cuba, não participando diretamente de sua campanha. A oposição conseguiu se fortalecer, levando à eleição mais disputada da era Chávez. No entanto, o então presidente se manteve no poder. Já em 2013, Nicolás Maduro anunciou a morte de Chávez e uma nova eleição foi marcada, sendo Maduro o candidato de continuação do Governo. A vitória de Maduro não foi aceita pela oposição.

No ano seguinte, com a inflação no país aumentando gradualmente, além de um crescimento na criminalidade, milhares de pessoas foram às ruas protestar, gerando depredações de prédios públicos e mortes de manifestantes. A inflação continuou crescendo com o passar dos meses e anos, junto com a pobreza e os índices de criminalidade. A falta de alimentos, de produtos higiênicos e de energia começaram a se alastrar pelo país, levando milhares de venezuelanos a saírem do país, em busca de uma nova perspectiva.

O quadro de miséria é resultado direto do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, a partir de 2017, quando o presidente Donald Trump, ordenou uma série de medidas para pressionar o governo de Nicolás Maduro e assim tentar provocar uma mudança política no país latino-americano. Estados Unidos têm interesse na Venezuela por causa das reservas de petróleo. Analistas do mercado, críticos da estratégia de Trump apontam que as medidas restritivas da atividade econômica da Venezuela apenas aumentam o sofrimento da população, que vê na saída do país uma esperança de alívio.

Já publicado:
Ipatinguense relata experiências vividas na Venezuela em cenário de crise

Esperança
No Brasil, os venezuelanos avaliam a estadia e as pessoas como amáveis e acolhedoras. “Sentimos o calor humano conosco e demos graças a Deus por encontrar vocês. Nos sentimos seguros, tranquilos e agora estamos em busca de trabalho e de progresso. No início tivemos dificuldades com o idioma, mas estamos tentando melhorar na língua portuguesa. Por aqui, gostamos muito da alimentação, onde se come bem. O café da manhã é diferente do nosso. Lá comemos coisas mais fortes. Já o almoço brasileiro tem variedade. Em nosso país temos arroz, carne, salada e um suco. As mulheres são muito bonitas, e as pessoas são saudáveis”, observou o José Ramiro.

Solidariedade
Os três são unânimes em classificar os brasileiros como solidários. “Aqui recebemos muito apoio e força para seguir trabalhando e progredindo. Queremos falar cada vez melhor a língua portuguesa.

Temos família na Venezuela e estamos em busca de um emprego para trazê-los para cá. Na Venezuela não há segurança, temos objetivo de trabalhar e viver aqui. A saudade está grande, às vezes ficamos tristes, choramos, porque não estamos com nossa família. Temos filhos, pais e familiares, mas precisamos seguir adiante e dar nosso melhor. Nenhum ser humano é ruim, somos bons porque somos filhos de Deus. Procuramos uma oportunidade de seguir adiante e por isso, pedimos oportunidade para ficar aqui e trabalhar. Aproveitamos a oportunidade para mandar uma mensagem para nossas famílias: pedimos que Deus cuide de vocês e os protejam. Está muito difícil, mas vamos lutar e vencer essa batalha”, vislumbraram os estrangeiros.

Contato
Rayner (34 anos) tem experiência em hotelaria; Luis (64 anos) trabalha na construção civil e José (58 anos) é da área de Recursos Humanos. Mas eles pedem oportunidade de trabalho em qualquer área de atuação, os contatos são 98392 3017, 99586 1147 e 982373398. (Repórter - Bruna Lage)
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Comentários

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Oliver

30 de junho, 2019 | 23:57

“"o quadro me miséria é resultado direto do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos.".
" Os Estados Unidos tem interesse econômico na Venezuela por causa das reservas petrolíferas."
Mesmo com frases tão claras na reportagem ainda vem idiota falar de comunismo. Os gados não acordam mesmo.”

Sincerona

30 de junho, 2019 | 22:53

“Nao se iluda muito nao aqui tbm nao sao mil maravilhas nao a violencia por toda parte e nos temos que ver e nao podemos falar nada se falar morre mas sejao bem vindos que Deus proteja voces nao e
facil comecar do 0 mas com esforcos voces irao vencer”

Leoncio Simoes

30 de junho, 2019 | 15:06

“Que deus abencoe eles,sei como e dificil chegar em um pais diferente do nosso.
O povo brasileiro e bem acolhedor.”

Zeze

30 de junho, 2019 | 13:46

“E tem gente que ainda apoia governos comunistas. Desejo tudo de bom para eles.”

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