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20 de maio, de 2019 | 18:00

Estrago pode ser maior que o previsto pela Vale, alertam pesquisadores

O alerta é do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS)

O estrago que o rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco causará na região de Barão de Cocais (MG) poderá ser ainda maior do que o previsto no relatório dam break, apresentado pela Vale, empresa responsável pela mina.

O alerta é do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), núcleo composto por pesquisadores e alunos com formações diversas, que se utiliza de conhecimentos econômicos, geográficos, sociológicos e de políticas públicas para analisar e avaliar os impactos que as redes de produção associadas à indústria extrativa mineral geram para a sociedade e para o meio ambiente.

Segundo o engenheiro e integrante do grupo Bruno Milanez, as projeções apresentadas no relatório da Vale subestimaram a capacidade destrutiva da onda, por não levar em consideração o aumento de sua densidade por conta dos objetos de médio e grande porte que seriam arrastados ao longo do percurso.

“O modelo que usaram foi baseado em onda de água, considerando a altura do rejeito e a velocidade. No entanto, o rejeito terá uma densidade maior, porque ao longo do trajeto a onda carregará também os objetos que estiverem pelo caminho”, disse à Agência Brasil o professor do Departamento de Engenharia da Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez.

O engenheiro alerta que “se essa onda trouxer consigo objetos como troncos ou até mesmo caminhões, ela terá uma densidade ainda maior de rejeitos. Dessa forma, o potencial de destruição nas áreas amarela e verde [áreas que segundo o estudo não seriam atingidas ou seriam parcialmente destruídas] seria ainda maior”.

Vale

A Agência Brasil entrou em contato com a Vale, para saber a posição da empresa sobre a crítica apresentada pelo integrante do PoEmas. A vale, no entanto, manifestou apenas seu posicionamento com relação ao prazo de 72 horas, dado pela juíza Fernanda Machado, da Vara de Barão de Cocais (MG), para que apresentasse o estudo dos impactos relacionados ao eventual rompimento das estruturas da Mina de Congo Soco.

“A Vale, no prazo fixado pela determinação judicial, apresentou o relatório mais atualizado de dam break da Barragem Sul Superior, explicando naquela oportunidade a adequação dos critérios técnicos”, diz a nota enviada pela Vale à Agência Brasil.

Movimento

Segundo a coordenadora nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Andrade, a forma como as informações estão sendo repassadas pela Vale é inadequada, o que tem gerado “pânico e terror” na população local. Maria Júlia diz que há uma preocupação muito grande, nos últimos dias, após ter vindo à tona a informação de que existe um talude da cava da mina prestes a desmoronar.

“Esse problema já existia, mas ele só veio à tona agora. E o maior problema é que esta cava está localizada muito perto, cerca de 300 metros, da barragem que já estava em risco máximo há mais de três meses", disse a coordenadora.

Na avaliação do MAM, "as informações [sobre os riscos] são dadas a conta-gotas, e o pânico e o terror estão generalizados [na região]. As pessoas não sabem se o risco é real, não sabem se a barragem vai romper ou não. Só sabem que existe um pânico e um medo de uma bomba relógio em cima de suas cabeças”, disse.

Secretário de Meio Ambiente diz que rompimento de talude é inevitável

A probabilidade de a barragem da Vale, em Barão de Cocais, se romper é de 10 a 15%, afirmou na segunda-feira (20) o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira. Ele ainda declarou que não há dúvidas de que o talude, que fica a menos de dois quilômetros da barragem de Gongo Soco, vai se romper.

"O rompimento do talude vai acontecer. Há uma questão imponderável se esse rompimento do talude na cava, se ele vai afetar a barragem. Isso não é possível precisar. Adianto para vocês que o consultor desta auditoria independente, que é uma empresa estrangeira, registrou que esta chance é de uma em dez ou uma em oito. O que levaria de 10% a 15% de probabilidade”, afirmou Germano.

Durante o lançamento de um plano de capacitação de agentes públicos para ações de segurança de barragens, na segunda-feira, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) disse que o estado vive “o pior momento possível” ao se referir à situação de tensão em Barão de Cocais.
Em nota enviada à imprensa, a mineradora disse que "não há elementos técnicos até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do talude norte da cava da mina Gongo Soco desencadeará gatilho para ruptura da barragem Sul Superior".

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, o desabamento do talude pode ter dois impactos: o rompimento da barragem Sul Superior, que é o mais grave; e o transbordamento da água da cava, que pode atingir rios da região.




(Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil)

Já publicado:
Barão de Cocais vive tensão com risco de rompimento de barragem
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