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22 de março, de 2019 | 05:49

MPF: esquema envolvendo Temer e Moreira Franco movimentou R$ 1,8 bilhões

Procuradores afirmam que grupo criminoso atua há mais de 40 anos e tem como envolvidos ex-presidente, ex-governador e oficial

Representantes do Ministério Público falam sobre prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, na sede da PF no Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência BrasilRepresentantes do Ministério Público falam sobre prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, na sede da PF no Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência Brasil
O ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco, com os demais presos nesta quinta-feira, teriam movimentado irregularmente, R$ 1,8 bilhão, envolvendo vários órgãos públicos e empresas estatais, segundo o Ministério Público Federal (MPF). A organização atuava há 40 anos, tendo entre os envolvidos, Temer e o amigo dele João Baptista Lima Filho, conhecido como coronel Lima, conforme os procuradores. Lima é reformado da Polícia Militar de São Paulo.

A procuradora Fabiana Schneider disse que a organização começou quando Temer era secretário de Segurança de São Paulo e coronel Lima como auxiliar imediato. "Coronel Lima e Temer atuam desde a década de 80 juntos, quando Temer ocupou a Secretaria de Segurança de São Paulo. Lima passou a atuar na Argeplan (empresa e engenharia), com vários contratos públicos. Houve crescimento de contratações da Argeplan quando Temer ocupou cargos públicos. Uma planilha identifica pagamentos e promessas ao longo de 20 anos para MT, ou seja, Michel Temer”, disse a procuradora.

O procurador regional da República, Eduardo El Hage, explicou que o valor de R$ 1,8 bilhão é fruto da soma de todos os crimes supostamente relacionados ao grupo, nos últimos 40 anos. “Existe uma tabela discriminando todos os valores de propinas na peça do MPF. Eles vêm assaltando os órgãos públicos há décadas”, disse El Hage, acrescentando que a Lava Jato continuará as investigações.

De acordo com o procurador da Lava Jato, Sérgio Pinel, o "grupo criminoso adotava como modus operandi o parcelamento da propina por vários anos. Todas as propinas que identificamos ou que estejam em investigação, promessas ou pagas, somamos e chegamos a esta cifra”.

Segundo a procuradora Fabiana Schneider, o caso da mala de dinheiro apanhada por Rodrigo Rocha Loures, que na época era assessor de Temer, propiciou a coleta de áudios, que apontam que coronel Lima atuava na intermediação para entrega de dinheiro. A reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente, segundo a procuradora, usou dinheiro ilícito. “A reforma na casa de Maristela Temer não deixa dúvida de como o dinheiro entrava na Argeplan e saia em benefício da família Temer”, disse. De acordo com Fabiana Schneider, foi identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões na conta da Argeplan, em outubro de 2018.
Arquivo
Lima, um coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, é visto pela Polícia Militar como o responsável pela criação de uma 'engenharia' para o recebimento de propinas supostamente em nome de TemerLima, um coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, é visto pela Polícia Militar como o responsável pela criação de uma 'engenharia' para o recebimento de propinas supostamente em nome de Temer

Presos

Temer e Moreira Franco, presos quinta-feira (21), em um desdobramento da Operação Lava Jato, ficariam detidos em uma cela especial da Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Entretanto, Temer passou a noite em uma sala especial na Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, conforme divulgou a Agência Brasil. Uma cama teve que ser improvisada. O local foi definido, segundo o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro, porque a defesa do ex-presidente argumentou que ele teria, pelo cargo exercido, direito a ser acomodado na PF, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está detido em Curitiba, no Paraná.

A defesa de Temer ingressou ontem (21) com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que será examinado pelo desembargador Ivan Athié, relator da Operação Prypiat, à qual o caso de Temer é conexo.

A determinação das prisões de quinta-feira é do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal, atendendo um pedido da Força-Tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal. Os procuradores alegaram que, por ser ex-presidente da República, Michel Temer tem direito a tratamento especial, assim como Moreira Franco, que foi ministro até dezembro de 2018.

O coronel Lima também terá direito a cela especial no Estado Maior da PM, em Niterói. Segundo o MPF, o coronel é o operador do esquema de corrupção chefiado pelo ex-presidente.

Michel Temer foi preso em casa, em São Paulo, e Moreira Franco, ao desembarcar no Aeroporto Internacional Galeão-Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Ambos devem passar por exame de corpo delito antes de serem levados para a unidade prisional.

O ex-presidente e o ex-ministro são investigados por recebimento de propina de obras relacionadas à Usina Nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro.

Quem é o Coronel Lima

O noticiário de quinta-feira trouxe à tona, novamente, o nome de João Batista Lima Filho, o coronel Lima, amigo de Michel Temer, acusado de ser o principal intermediário do ex-presidente para recebimento de propinas.

O ex-presidente Temer e o Lima são amigos há mais de 30 anos e se conheceram desde quando o ex-presidente foi secretário de Segurança Pública em São Paulo, nos anos 1980, durante o governo de André Franco Montoro.

Lima, um coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, é visto pela Polícia Militar como o responsável pela criação de uma 'engenharia' para o recebimento de propinas supostamente em nome de Temer. Citado por delatores em diferentes investigações, ele tem uma relação pessoal com Temer. As suspeitas acerca das operações entre o policial militar da reserva e o ex-presidente envolvem familiares dos dois.

Defesas

O advogado do ex-presidente, Eduardo Carnelós, disse, por meio de nota, que a prisão de Temer não tem fundamentos. Em nota, a defesa de Moreira Franco manifestou "inconformidade com o decreto de prisão cautelar". (Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil )
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Comentários

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José Carlos Oliveira

22 de março, 2019 | 09:33

“Quando vão prender o Aécio Neves? Quando vão prender o Queiroz, o laranja do Flávio Bolsonaro? Essa prisão do Temer mais parece uma espetacularização da briga Moro x Rodrigo Maia mais STF x Lava Jato. Querem enganar a quem?”

Carla Gomes

22 de março, 2019 | 08:37

“Como conseguem prender um ex presidente, um ministro e ex governador, mais tanto de grande grande e não conseguem nem ouvir o Queiróz, suposto laranja de organização criminosa do filho do Bolsonaro?”

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