10 de julho, de 2013 | 16:50

Metalúrgico pega 27 anos de prisão

Acusado de mandar matar a mulher em outubro do ano passado, Adelino Lane foi considerado culpado pelo Júri Popular

Reprodução
Adelino Lane dos Santos (38 anos), escutou a leitura da sentença a que foi condenado por mandar assassinar a mulher dele, Joana Aparecida da Silva SantosAdelino Lane dos Santos (38 anos), escutou a leitura da sentença a que foi condenado por mandar assassinar a mulher dele, Joana Aparecida da Silva Santos

Com olhar fixo, ora para o alto, ora com a cabeça inclinada para baixo, o metalúrgico Adelino Lane dos Santos, de 38 anos, escutou a leitura da sentença a que foi condenado na tarde desta quarta-feira, na Justiça Criminal da Comarca de Ipatinga, por mandar assassinar a mulher Joana Aparecida da Silva Santos, em outubro do ano passado.

Ele foi julgado culpado pelo Júri Popular em sessão aberta às 9h de ontem no Fórum Valéria Vieira Alves. Joana Santos, 49 anos, foi assassinada dentro da própria residência na rua Serra Azul, bairro Jardim Panorama.

Dois adolescentes foram os responsáveis pelo crime, cometido em 5 de outubro do ano passado, por volta das 2h da manhã. Após a sentença, Adelino saiu do Fórum de Ipatinga e retornou para uma cela do Ceresp, em Ipatinga, de onde aguardará a transferência para a  Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba.

O julgamento foi presidido pela juíza Ludmila Lins Grilo e a acusação feita pelo promotor de Justiça Criminal, Bruno Cesar Medeiros Jardini. O réu foi defendido pelos advogados José Ailton de Fátima e Eliseu Borges.
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Julgamento ocorreu na tarde de hoje, no Tribunal do Júri da Comarca de IpatingaJulgamento ocorreu na tarde de hoje, no Tribunal do Júri da Comarca de Ipatinga

No início da sessão, a juíza questionou o réu quanto à veracidade de seus depoimentos. Adelino já tinha dado quatro depoimentos diferentes ao longo do processo e, em cada um deles, apresentava uma nova versão.

Diante do Júri, o réu contou que mandou os adolescentes “darem um susto” em sua mulher, mas não ordenou que cometessem o homicídio. “Eu só queria que ela levasse um susto e percebesse que precisava de mim para protegê-la e aos meus filhos”, afirmou. Ele e Joana tinham brigas constantes e ela ameaçava pedir o divórcio e levar os filhos embora de Ipatinga.

O promotor de Justiça lembrou-se de fatos anteriores ao crime, em que Adelino entregou uma arma a um rapaz e pediu que ele matasse Joana. Bruno Jardini também falou sobre o desejo do réu de se apoderar de um seguro de vida no valor de R$ 60 mil, que só seriam recebidos caso Joana morresse.

O representante do Ministério Público ainda reforçou que, apesar de Adelino não ter atuado diretamente no crime, o fato de ter dado a ordem de assassinato o tornava coautor. “Está na lei, no Código de Justiça. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas. Ele não degolou Joana, mas pagou para que a matassem. É culpado do mesmo jeito”, afirmou.

Já os advogados de defesa, pautaram a fala visando a redução da pena do acusado. José Ailton apontou que o réu deu cinco depoimentos diferentes em função de uma confusão de entendimento. “Qualquer um que o conheça vai falar que ele é uma pessoa tranquila e honesta. Mas a gente percebe que Adelino também é uma pessoa que tem certa confusão mental. Não estou dizendo que ele é louco, mas é possível perceber que ele tem dificuldades para ouvir e se expressar”, afirmou.
Wellington Fred
O julgamento foi presidido pela juíza Ludmila Lins GriloO julgamento foi presidido pela juíza Ludmila Lins Grilo

O advogado José Ailton também tratou da condição dos adolescentes envolvidos no crime. “São dois jovens que já tinham várias passagens pela polícia, então não podemos acusar Adelino de corrupção de menores. Não se pode corromper o que já é corrompido. Ele não deu arma e nem ordenou que matassem Joana. Os jovens mataram por vontade própria”, justificou.

Ao fim do julgamento, por volta das 16h, o corpo de jurados composto por três mulheres e quatro homens, se reuniu com a juíza para a determinação da sentença. Os sete jurados votaram unanimemente e condenaram Adelino por todos os crimes. A juíza leu a sentença e informou que o réu pagará pena de 27 anos de reclusão por ser o mandante do crime praticado de forma cruel, sem a possibilidade de defesa por parte da vítima e mediante o pagamento de recompensa. Além disso, foi condenado também por corrupção de menores.

A família de Joana, que acompanhou a sessão do começo ao fim, aplaudiu a sentença da juíza. Elenice da Silva, de 39 anos, irmã da vítima, falou sobre o alívio da família. “Nada vai trazer a minha irmã de volta, mas eu e minha família tivemos muita fé e acreditamos na Justiça. Achamos que a pena seria menor, mas eu espero que, com esses 27 anos, ele pague pelo que fez”, contou emocionada.
Wellington Fred
José Ailton apontou que o réu deu cinco depoimentos diferentes em função de uma confusão de entendimentoJosé Ailton apontou que o réu deu cinco depoimentos diferentes em função de uma confusão de entendimento

Guarda dos filhos com avós paternos

Após o crime, os dois filhos de Joana passaram a viver com a avó paterna. O processo de guarda das crianças segue em andamento e uma das irmãs de Joana poderá ser a tutora. O advogado de Adelino informou que os filhos do réu vivem com a avó paterna por opção própria. “As crianças pediram para viver com a avó, pessoa com quem sempre tiveram uma proximidade maior”, contou.

Joana Aparecida da Silva Santos, de 49 anos, se encontrava dormindo em seu quarto na companhia de seu filho de 14 anos quando foram surpreendidos por uma dupla de adolescentes. O crime ocorreu por volta das 2h no dia 5 de outubro de 2012 na residência de Joana, na rua Serra Azul, bairro Jardim Panorama.

Os adolescentes amarraram e amordaçaram Joana e seu filho e os atacaram com socos. Após rasgarem o colchão em busca de dinheiro, um dos jovens cortou a garganta de Joana com uma faca encontrada na cozinha da residência. Em seguida, eles fugiram na motocicleta de Adelino.
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Elenice da Silva, irmã:  ?Nada vai trazer a minha irmã de volta, mas eu e minha família tivemos muita fé e acreditamos na JustiçaElenice da Silva, irmã: ?Nada vai trazer a minha irmã de volta, mas eu e minha família tivemos muita fé e acreditamos na Justiça"

O filho da vítima conseguiu se soltar e chamar o socorro, mas no momento em que os médicos do Samu chegaram ao local, a vítima, que havia perdido muito sangue, já estava morta.

O caso foi tratado, inicialmente, como latrocínio - roubo seguido de morte. Entretanto, após os primeiros depoimentos coletados pela Polícia Militar e investigações da Polícia Civil, foi atribuída a Adelino a suspeita do mando.

Ele foi preso em 19 de outubro do ano passado e confessou que tinha mandado os dois adolescentes assassinarem Joana e em troca os pagaria R$ 10 mil. Também disse que tinha fornecido cópia da chave do portão da residência.

Familiares de Joana contaram que ela e Adelino estavam em processo de separação e que ela dizia que sairia de Ipatinga levando os filhos. Com receio de perder os filhos e por querer se beneficiar com um seguro de vida de R$ 60 mil que só seria pago com a morte de Joana, Adelino deu a ordem para o crime.

Familiares de Joana também relataram que Adelino havia tentado matá-la em outras oportunidades e que ele mantinha um relacionamento extraconjugal com duas mulheres.

Já publicado:
Metalúrgico volta atrás e, perante o Júri Popular, nega que tenha mandato matar a mulher em outubro do ano passado
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