17 de agosto, de 2021 | 15:35

Museu da Loucura, em Barbacena, completa 25 anos

(Agência Minas)
Arquivo CHPB
Espaço que gera reflexões sobre a saúde mental recebe média de 20 mil visitantes por anoEspaço que gera reflexões sobre a saúde mental recebe média de 20 mil visitantes por ano

Inaugurado em 16 de agosto de 1996, por meio de um convênio entre a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e a Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac), o Museu da Loucura completa 25 anos.

Localizado no terreno onde estão construídos o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB) e o Hospital Regional de Barbacena - Dr. José Américo (HRB-JA), o espaço conta a história do antigo Hospital Colônia. Objetos, equipamentos, acervo de fotografias e vídeos, além de documentação coletada em todo o estado, são exibidos e traçam um paralelo com a abordagem do tratamento psiquiátrico que vem sendo desenvolvida junto aos pacientes.

O Museu da Loucura é ponto de carimbo do Passaporte Estrada Real, e recebeu do site de viagens TripAdvisor o Certificado de Excelência, nos anos de 2017, 2018 e 2019, em razão das ótimas avaliações que obteve. Em 2020, ganhou a certificação Traveller’s Choice (Escolha do Viajante) pelo mesmo site. O museu recebe quase 20 mil visitantes por ano. Por causa da pandemia, o local ficou fechado por um período, e foi reaberto em 18/7, seguindo todos os protocolos de prevenção à covid-19. Desde então, cerca de 500 pessoas já estiveram no museu.

Avanço

Já na época da inauguração, o museu foi considerado um avanço no processo de humanização do CHPB e hoje é referência histórica sobre o primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais. “O museu abre espaço para discussões e reflexões sobre as atuais diretrizes no campo da saúde mental, buscando a interatividade com o visitante. Dessa forma, ele atua como um elo entre a instituição e a sociedade, proporcionando quebra de estigma a respeito do portador de sofrimento mental, despertando a conscientização de que a participação de cada um é fundamental para a transformação social”, afirma a coordenadora do museu, Lucimar Pereira.

Em 2014, o museu recebeu projeto de revitalização que incluiu a reestruturação e a adequação do prédio, e a incorporação de inovações tecnológicas - como monitores de vídeo e áudio. “A obra permitiu a ampliação e evolução do circuito expositivo, com a inserção de informações sobre a reforma psiquiátrica e os serviços da rede de saúde mental”, relembra Lucimar.

Histórico

A ideia da criação de um museu relacionado à assistência psiquiátrica surgiu inicialmente em 1979, durante o III Congresso Mineiro de Psiquiatria, quando foi exibida uma exposição de fotos do então Hospital Colônia de Barbacena. Em 1987, o projeto ganhou força com nova mostra montada no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Neste momento, foi definido que o futuro museu, além de ser um centro de documentação e pesquisa, resgataria a história da psiquiatria pública em Minas Gerais.

Em 1996, com o lançamento do projeto Memória-Viva, pela Fundac, que tinha o objetivo de divulgar a história de Barbacena, foi possível concretizar a instalação do museu, por meio de uma parceria com a instituição. O prédio escolhido foi o Torreão, localizado dentro do CHPB, o que possibilitou também que a história fosse contada nos locais originais em que ocorreu. A construção, que data de 1922, foi restaurada e totalmente adequada para abrigar o novo museu.

Percurso expositivo

Durante a visita ao Museu da Loucura, é possível acompanhar a evolução na trajetória da psiquiatria como especialidade médica a partir do século XIX, com destaque para a criação, em 1852, do Hospício Dom Pedro II, primeiro hospital psiquiátrico do Brasil. Em seguida, a exposição traz a inauguração do Hospital Colônia de Barbacena, em 1903, apontando, a partir deste momento, os caminhos e descaminhos percorridos na área da psiquiatria ao longo da história.

Segundo Lucimar Pereira, o museu mostra como, em meio à demanda crescente de pacientes, às limitações das diretrizes assistenciais e aos preconceitos, o Hospital Colônia se transformou em um local de isolamento, exclusão e abandono, resultando em internações compulsórias e em um modelo asilar prolongado. Ela explica que a partir da inserção da filosofia da Reforma Psiquiátrica, o Hospital Colônia iniciou a desconstrução deste modelo assistencial segregador, aplicando uma nova abordagem de atenção pautada por princípios humanitários.

“O percurso expositivo do museu consegue mostrar esta evolução, ocorrida com as mudanças no país que resultaram na expansão da rede extra-hospitalar em Barbacena e na implantação dos serviços substitutivos que objetivam a reabilitação psicossocial dos egressos de hospitais psiquiátricos, além da criação de outros mecanismos para fortalecer a rede de saúde mental”, contextualiza a coordenadora do museu.
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

17 de agosto, 2021 | 18:05

“O livro "Holocausto Brasileiro", da jornalista Daniela Arbex, conta a história de maus tratos e sofrimentos a que as pessoas eram submetidas, nem todas com problemas psiquiátricos, nesse "campo de concentração" de Barbacena.”

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