14 de dezembro, de 2020 | 14:13
Porque precisamos de uma comunicação humanizada
Vera Lucia Rodrigues *
Olá, como vai? Eu vou indo e você tudo bem? Tudo bem. Eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro. E você? Tudo bem eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe? Quanto tempo, pois é, quanto tempo”Esse trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da Viola, retrata bem o processo pelo qual todos os seres humanos vêm passando e como a comunicação foi se tornando mecânica e automatizada, desde um encontro em um farol, até uma mensagem que pode impactar milhares de pessoas.
A invenção da internet modificou tudo aquilo que conhecíamos a respeito das formas de comunicação. Essa rede que integra mundialmente milhares de computadores foi capaz de aproximar pessoas, diminuindo longas distâncias e reduzindo o tempo de transmissão de uma informação. Assim, vieram os e-mails, os programas automatizados de transmissão da informação, e a própria inteligência artificial, criando uma nova força de trabalho colaborativa entre humanos e máquinas. A automação veio para transformar procedimentos complexos e aumentar a velocidade e eficiência dos processos de transmissão de informação.
A comunicação, no entanto, vive hoje um dos seus maiores dilemas. Tendo surgido da necessidade de o ser humano passar informação uns aos outros, hoje sua grande questão é como dar credibilidade a esse processo, levando em consideração a aldeia global de Mcluhan.
Aldeia global é um termo que foi criado pelo filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan. Ele tinha o objetivo de indicar que as novas tecnologias eletrônicas tendem a encurtar distâncias e o progresso tecnológico tende a reduzir todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia: um mundo em que todos estariam, de certa forma, interligados. A expressão foi popularizada em sua obra A Galáxia de Gutenberg” (1962) e, posteriormente, em Os Meios de Comunicação como Extensão do Homem” (1964). McLuhan foi o primeiro filósofo a tratar das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações. Dentro desse contexto, quando se procura humanizar a comunicação nesse momento de pandemia, webinars e outros sistemas de interligação dos processos de comunicação, tudo o que se consegue é encontrar dicas e literatura sobre um humanizar voltado para as máquinas, tentando descobrir técnicas que tornem a sua comunicação mais próxima da que um ser humano faria.
Mas aqui cabe uma profunda reflexão: Precisamos humanizar os sistemas de automação, ou os robôs propriamente ditos, humanizando a maneira como se comunicam? Ou precisamos levar em consideração que somos humanos falando com humanos? Precisamos mostrar às nossas esposas, ou aos nossos maridos que eles são únicos. Vivemos coletivamente a necessidade de mostrar ao outro que ele não é só mais um número, um colaborador, um cliente, e sim que precisamos enquanto sociedade, resgatar a parte humana da comunicação.
Porque? Qual a razão do questionamento dessa necessidade nesse momento? Simples, estamos todos carentes. Com a robotização, perdemos muito da qualidade original e de uma das ferramentas mais poderosas da comunicação, que é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, para que a mensagem seja mais assertiva.
Precisamos urgentemente humanizar esses processos, porque se comunicando de maneira humanizada seremos seguramente mais ouvidos, aumentando assim a efetividade de nossas comunicações. Mas para isso precisamos de profissionais competentes que busquem suporte na filosofia, sociologia e, mais que tudo, entendam a alma humana e os seus anseios. Precisamos de profissionais que entendam que comunicação não se improvisa, ela é uma ciência, como tantas outras. Se não ensinamos dentro das corporações alguém a realizar balanços contábeis e quando vamos ser operados precisamos de cirurgiões, porque achamos que podemos adaptar na área de comunicação? Não podemos. Precisamos de formação, entendimento, experiência.
Na comunicação humanizada o ponto de partida é o indivíduo. E o de chegada também. Assim, precisamos que a mudança ocorra por meio de um olhar para essa pessoa, perguntando, ouvindo e buscando espaços seguros para o diálogo e efetiva comunicação.
* Jornalista, mestre em comunicação social e fundadora da Vervi Assessoria de Comunicação, que há 39 anos desenvolve projetos na área de assessoria de imprensa. [email protected]
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Tião Aranha
14 de dezembro, 2020 | 23:49Eu antigamente. Entre as casas não existiam as cercas, computador, telefone, nem pensar. O feijão tombado, aiúdo, gostoso que a minha mãe amassava com colher de pau a vizinhança toda comia, lata da água era carregada nas costas e feixes de lenha que doíam as costas; comi muita banana e muita mandioca que meu pai plantava no cemitério, pois ele lá trabalhava; tinha que vender pão, pirulito, engraxar sapato pra ajudar em casa senão os irmãos morriam de fome; meu pai era doente; os lotes eram vagos onde jogávamos bola, queimada e peteca eram na rua, fazia arapuca, pescava, tomava banho no rio e matava passarinho com estilingue que a gente mesmo fazia.
Tempo bom aquele. Eu era feliz e não sabia. Hoje em dia a gente só respira fumaça da usina e poluição. Sem falar a cidade toda que fede. Agora pra completar, apareceu uma pandemia que nem sabemos quando vai terminar.”