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18 de outubro, de 2020 | 08:00

Em um ano atípico, médicos reforçam importância e amor à profissão

(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
Num ano em que um vírus abalou o mundo inteiro, comemorar o Dia do Médico nunca fez tanto sentido. Celebrada neste 18 de outubro, a data é uma forma de homenagear os profissionais, que em 2020 se viram em meio ao caos, em razão da pandemia da covid-19. Para cuidar de desconhecidos, tiveram de deixar suas famílias em casa, mas sem perder o amor pela profissão.

Álbum pessoal
Formada há quatro anos, Isabela Rossi Oliveira atua na área de ginecologia e obstetríciaFormada há quatro anos, Isabela Rossi Oliveira atua na área de ginecologia e obstetrícia
A médica Isabela Rossi Oliveira é formada há quatro anos e atua na área de ginecologia e obstetrícia. Natural de Coronel Fabriciano, ela reside atualmente em Uberaba, onde faz uma subespecialidade em medicina fetal. Para ela, este tem sido um ano desafiador em todas as áreas, por causa do cenário desconhecido.

“Ninguém sabe o que realmente o vírus pode causar, por mais que nesse momento tenhamos alguma experiência, após meses de pandemia, não sabemos das complicações, por quanto tempo irão ocorrer. Temos visto pessoas que se contaminaram no início e que ainda apresentam complicações atualmente”, pondera.

“Atuar na área da saúde em tempos de covid, além de um desafio profissional, tem sido um também um desafio em relação ao cuidado conosco, também com aqueles que nos são queridos. Essa relação entre família e profissão é extremamente difícil, porque somos grupo de risco, a partir do momento em que estamos dentro de um hospital. Tem também a questão da consequência emocional, de pessoas que necessitam da gente, e que acabamos expondo, por não termos escolha”, lamenta.

Isabela, que atualmente está em um hospital escola, relata que um mesmo paciente seria examinado por quatro ou cinco pessoas, o que não é mais via de regra. “A chance de algum problema passar batido seria muito menor, mas se esse for um paciente com suspeita de covid, será avaliado por apenas um. É bom no sentido de proteção, mas ruim para ele, que teria possibilidade de ser olhado por mais gente, assim como é ruim para os residentes, no caso de aprendizado”, salienta.

Gestantes

Em sua área de atuação, a profissional chama atenção para outro fator de dificuldade. “Lidar com as gestantes foi um caso à parte, porque é um grupo que não para, e que apesar da pandemia, o nosso fluxo foi o mesmo. Você não pode deixa-las em casa, precisa ver nos pré-natais. E por mais que se adapte um pouco, é uma população que normalmente é grupo de risco para todas as doenças. Ficamos sempre naquela do que pode acontecer. Outro ponto é que, em vez de as pessoas terem consciência de que vivemos tempos de incerteza e pensar ‘essa não é a hora de engravidar’, tem ocorrido justamente o contrário. Mais tempo em casa tem aumentado o número de grávidas”, revela.

Cuidado

No Dia do Médico, Isabela Rossi parabeniza a todos os profissionais e também os estudantes, que estiveram e ainda estão, na linha de frente. “Assim como os que não estão, mas que lidam direta ou indiretamente com a covid, e mais do que nunca merecem esses parabéns nesse dia, principalmente em 2020. Que continuem firmes e lembrando de seu juramento. Não se deixem levar pela gravidade da doença, pelo medo ou por qualquer outra coisa. Que se cuidem, é um dia para lembrar porque viemos e para quem estamos aqui, que é nosso paciente”, destacou.

Divulgação
Esmeralda Pereira é intensivista e gerente de assistência do Hospital Márcio CunhaEsmeralda Pereira é intensivista e gerente de assistência do Hospital Márcio Cunha
Desafio

Intensivista e gerente de assistência do Hospital Márcio Cunha (HMC), Esmeralda Pereira, tem 14 anos de profissão. Vinda da cidade mineira de Ipanema, a profissional está no Vale do Aço já há alguns anos. Ela avalia que a pandemia surpreendeu mundialmente a toda comunidade médica, por ser uma doença nova, sem histórico de tratamento. “Um desafio enorme, porque ao longo dos anos, as diretrizes foram respaldadas por protocolos, mas com a emergência da pandemia, não existia conhecimento da doença e isso tem sido galgado com ela em curso. Os desafios estão sendo grades no sentido de tratar esse paciente”, opina.

Família

Mãe de dois, a médica, que não chegou a ser contaminada pelo vírus, explica que esse cuidado com a família ocorre desde sempre, em razão dos riscos que profissão oferece. Mas que o contato com os familiares continua ocorrendo, com cautela. “Os profissionais que estão na linha de frente não tiveram escolha, não puderam sair de seus postos de trabalho, precisamos das equipes mobilizadas. No ambiente familiar tivemos de nos cercar de cuidados. Um equilíbrio em ter de sair para atender e o convívio em casa. Meus filhos têm sete e três anos. Mas a Laura, a mais nova, não aceitava que eu usasse máscara, por exemplo, são e tem sido desafios diários. Redobrei alguns cuidados que já tinha, como tomar banho antes de ficar com eles, higienizar as mãos com mais frequência e limitar as saídas desnecessárias ao máximo”, relata.

Para os colegas de profissão, sua mensagem neste dia é que os desafios têm mostrado o verdadeiro valor de algumas profissões. Assim como os médicos, professores – que celebraram dia 15 -, dentre outros, especialmente nesse contexto de pandemia, as funções ligadas à área de saúde, foram postos em que houve demanda emergencial. “E fomos abraçados pelas equipes, fizemos um trabalho conjunto no sentido de prestar um atendimento humanizado. É gratificante perceber a colaboração e atuação desses profissionais de linha de frente. Aqui no HMC houve um remodelamento para atender casos de covid, profissionais que não estavam atuando em plantões voltaram, por ter sido necessário. Vimos uma vontade de acolher esse paciente. Então, minha mensagem é de agradecimento e de esperança. Temos processos, mas o que fez mais diferença nessa pandemia, foi o cuidado, a observação clínica da evolução dos pacientes e intervenções imediatas. Esse olhar médico, esse carinho, foi primordial”, concluiu.
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