30 de abril, de 2024 | 12:00

A crise moral na pós-modernidade

Wanderson R. Monteiro *

Vivemos em uma era marcada por profundas transformações culturais e sociais, onde a crise moral tem se sobressaído de maneira sutil, mas impactante. Em nossa era pós-moderna, a complexidade das relações humanas e o abandono dos valores morais por parte da população têm desafiado constantemente os estabelecidos conceitos de ética e moralidade. O relativismo moral, juntamente com o individualismo extremo de muitas pessoas de nossa sociedade, são dois dos fatores que contribuem para esse cenário caótico em nossa sociedade atual.

O relativismo moral, uma das principais características da pós-modernidade, se levanta contra a existência de verdades absolutas, contribuindo para uma visão onde cada pessoa é livre para escolher e formar seu próprio padrão de moralidade. Tal concepção, que parece proporcionar uma suposta liberdade de escolha, nos traz, como consequência, uma ausência de fundamentos objetivos para a moralidade, dificultando, ou impedindo, a definição de princípios morais absolutos embasados em valores transcendentes. Dentro disso, muitos cristãos são influenciados a adotar uma postura seletiva em relação aos ensinamentos bíblicos, optando por aqueles que coadunam com suas inclinações pessoais, ao passo que ignoram outros aspectos da moral cristã.

Além disso, o individualismo extremo, amplamente valorizado na pós-modernidade, tem enfatizado a autonomia e a liberdade individual, até mesmo em detrimento do bem coletivo e das responsabilidades que cada um de nós temos para com a nossa sociedade. Nesse contexto, as vontades e desejos pessoais frequentemente se sobrepõem às normas e valores morais que devem ser compartilhados por todos, gerando uma crise moral onde as pessoas são impulsionadas a buscar seus próprios desejos e satisfação pessoal, muitas vezes às custas daquilo que entendemos como ético e/ou correto.

“O relativismo moral, uma das principais características da pós-modernidade, se levanta contra a existência de verdades absolutas”

Tais ideias têm afetado de forma significativa os princípios propostos pela ética, principalmente os da ética cristã. A ênfase na busca do bem-estar individual e na satisfação imediata pode conduzir alguns cristãos a priorizarem seus próprios interesses em detrimento dos princípios morais e éticos que são propostos e ensinados pela Bíblia. Isso pode levar a condutas egoístas, que não levam em conta o comprometimento com valores como sacrifício e serviço ao próximo, distorcendo a essência da prática da vida cristã.

Diante disso, um profundo questionamento acerca dos fundamentos éticos que norteiam a conduta humana na pós-modernidade se mostra como algo extremamente importante.

É extremamente importante buscarmos resgatar o valor dos princípios morais objetivos, embasados em uma cosmovisão que transcende as barreiras temporais, e reafirmar nosso compromisso com o bem comum. Somente assim será possível enfrentar os desafios éticos impostos pela pós-modernidade e resgatar e proteger a integridade da ética, principalmente da ética cristã, em meio a todo o caos e complexidade de nosso mundo contemporâneo.

* Autor do livro “Cosmovisão Em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”. São Sebastião do Anta.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço