17 de maio, de 2022 | 14:24

Cinderela: nova e deliciosa perspectiva...

Nena de Castro *

E lá fomos nós para o teatro do Instituto Cultural Usiminas, para ver o musical Cinderela. Não sou de sair muito, raramente vou a clubes e bares da moda, gosto mesmo é de ficar em casa, curtindo o Bredim, amo cuidar das minhas plantinhas, ler e escrever.

Mas sair com dois dos ovos que urubu botou em boa hora, o primeiro e terceiro, é algo que não se pode perder.
Ainda demos sorte de Larissa ter conseguido encontrar ingressos para o balcão, a demanda foi grande, o público prestigiou o presente da Usiminas pelos seus 62 anos; ela nos trouxe um espetáculo de nível internacional.

O espetáculo seria só um musical a mais, muito bem apresentado, vozes lindas, atores-bailarinos muito bons, cenário maravilho, vestes impressionantes, mas trouxe inovações em linguagem moderna que nos encantaram: ao lado do humor, sempre presente, aparece também uma linha de reivindicações sociais, com um rapaz que luta pelo povo que está sendo explorado e expulso de suas casas. Isso está sendo perpretado pelo tutor do príncipe, que o mantém quase como prisioneiro, ignorando o que acontece ao seu redor.

Cinderela vai ao baile, mas não permite que o príncipe pegue seu sapato de cristal, o que nos causa certa estranheza.

E as ações se sucedem, até que o líder do povo convence Cinderela a contar ao príncipe o que ocorria. Ao tomar conhecimento da situação, o herdeiro da coroa decide agir, tomando o poder que é seu por direito. Ao se comover com o absurdo da situação, o príncipe afinal recebe o sapatinho de cristal da moça.

Quando fala grosso com Cinderela dizendo que ela tem que casar com ele, ela o confronta e ele muda o discurso, tratando-a com mais gentileza. Ponto pras mulheres, abaixo o machismo.

O espetáculo trabalha a conciliação e o perdão: Cinderela perdoa à sua madrasta, o que é um balsamo nesse tempo de ódio em que vivemos.

E afinal vem o casamento, com muita música e grande festa. Fim. Aplausos infindos.

Um fato que me tocou profundamente, foi a presença dos alunos da Escola Municipal Mário Casassanta, do Ipaneminha, desde os mais novinhos até os da EJA, todos uniformizados, participando daquele banquete cultural. É assim que entendo a Arte, chegando às escolas através da música, dança, livros e espetáculos teatrais, abrindo mentes, levando alegria e paz.

E percebi maravilhada que o espetáculo Cinderela apresentado, é ao meu ver, uma ponte para o discurso do engagement de Jean Paul Sartre, entendido hoje como um empenho do indivíduo com os problemas sócio-políticos do seu tempo, sinônimo de responsabilidade cívica e de ideais como a Liberdade e Justiça. E nada mais digo!

* Escritora e encantadora de histórias
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Comentários

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Tião Aranha

17 de maio, 2022 | 15:43

“Ninguém sabe qual é a maneira correta de se encarar a vida. Mas uma coisa é certa: pedir a Deus energia positiva para manter a gente de pé. E Sartre cobrou dos intelectuais essa responsabilidade crítica. Se bem que pobre gosta muito é de luxo; intelectuais em nome da liberdade e da justiça gostam mesmo é de sofrimento, como bem dizia Joãozinho Trinta. Risos.”

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