28 de agosto, de 2022 | 10:30

Mesmo com valorização dos imóveis, corretores apontam que o sonho da casa própria fala mais alto

Uma previsão da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) aponta que os preços de imóveis no Brasil devem continuar em alta, puxados pelos custos da construção acima da inflação no país. O material foi divulgado no dia 15 de agosto e projeta que, mesmo com a queda na renda das famílias e a elevação dos preços, a demanda vai seguir aquecida. Em Ipatinga, os corretores Michelle Lima e Wayronn Lima, que trabalham em empresas diferentes, relatam como o mercado tem se comportado.

Michelle Lima, que trabalha no mercado de alto padrão, explica que os imóveis estão cada dia mais valorizados e o aumento é geral. “Tem ocorrido em todo os estados esse aumento, e vai continuar a aumentar mais até o final do ano”, pontua.

Ela acrescenta que os financiamentos ainda são comuns. “Mesmo com a taxa aumentando, as pessoas continuam a investir, pois quando a taxa cair, automaticamente o imóvel vai subir mais o preço. Tem pagamentos à vista, porém, a maioria prefere não descapitalizar o valor total, mas sim uma parte e usar o financiamento bancário”, relata.

O estudo "Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2022" foi feito pela Cbic em parceria com o Senai Nacional e a Brain Inteligência Estratégica.

Crédito

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) apontam que a concessão de crédito pelo SBPE (principal facilitador habitacional do país) deve cair 12% em 2022, em relação ao ano passado, enquanto pelo FGTS deve ter aumento de 31%. Para a Cbic, os números mostram que a atividade está mais aquecida do que as projeções do mercado no início deste ano.

Corretor e construtor, Wayronn Lima recorda que nos últimos meses, se considerados os meses iniciais de 2021 até agora, houve sim uma alta substancial no valor dos imóveis, entre 25 a 30%, preço que agora alcançou estabilidade.

“Trabalho com imóveis de alto padrão e popular, hoje existem poucas opções de padrão popular, temos trabalhado mais de médio a alto padrão. Temos vendido muitos imóveis, o sonho ainda fala mais alto, mas acredito que o que mais tem direcionado as pessoas para compra é justamente a condição de pagamento que o financiamento dá. Os bancos têm hoje uma linha de crédito específica para financiamento imobiliário e isso tem feito com que as pessoas ainda mantenham a compra dos imóveis”, opina.

Financiamento

Wayronn salienta que o financiamento é uma realidade e que 80% das pessoas optam por esse caminho. “O que diminuiu bem são os imóveis financiados dentro do programa Casa Verde e Amarela. O que temos percebido é que com a alta do preço dos imóveis, consequentemente a qualidade dos imóveis melhorou, as pessoas estão comprando em outras modalidades de financiamento e não mais no programa Casa Verde e Amarela”, reitera.

Os números referentes aos imóveis do Casa Verde e Amarela caíram no 2º trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo dados da Cbic, houve queda de 36,5% nos lançamentos, 14,6% nas vendas e 15,1% na oferta final.

Para a Câmara Brasileira, os dados são reflexo de um temor dos empresários em relação ao baixo poder de compra da população e os altos custos da construção. No segundo trimestre deste ano, 36% dos imóveis lançados atendiam ao Casa Verde e Amarela – no mesmo período de 2021, foram 48% do total de unidade lançadas.