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28 de dezembro, de 2021 | 13:43

Das cavernas ao BIM

Bruno Marciano *

Lá se vão uns cem mil anos desde que o ser humano decidiu abandonar as cavernas e buscar outra forma de moradia. Talvez não seja tão absurdo pensar que foi esse acontecimento histórico que fez inaugurar a engenharia civil. A escolha deve ter sido tão difícil quanto foi audaciosa: era necessário pensar em novas matérias-primas que garantissem mais conforto, sem abrir mão da segurança contra animais perigosos e fenômenos naturais.

Se é interessante imaginar como deve ter sido essa ruptura, considere então que, passados todos esses anos, ainda hoje continuamos inquietos, pensando em novos modelos de construção. Seguimos inovando, buscando novos materiais, estudando a aplicabilidade de matérias-primas e tecnologias que viabilizem empreendimentos mais modernos, mais sustentáveis e que levem a um mundo de possibilidades que nos deixam ainda mais distantes das cavernas de onde saímos.

Nossos ancestrais não tinham alternativa senão recorrer a pedras, troncos, folhas e até partes de animais para, com muito esforço, e na base da experimentação e do descarte, ir encontrando pequenas soluções para as versões seguintes do que consideravam como lar. Por milênios, o desperdício continuou, até que os avanços nos trouxeram para essa contemporaneidade high tech, impulsionada pelo desejo de evoluir, mas com respeito à natureza.

Também houve um tempo, agora falando de pouquíssimos anos atrás, em que falar de construção civil parecia significar o trabalho de diferentes profissionais independentes, como se cada um fosse totalmente alheio à parte do outro. No fim, a obra ficava pronta e até bem-acabada. Mas era como uma apresentação paralela de diferentes músicos, tocando ao mesmo tempo, sem sintonia – ainda que os sons fossem agradáveis. Essa autonomia é certamente uma das últimas marcas perpetuadas desde os nossos ancestrais.

É bastante recente, ao menos para a engenharia civil, a descoberta do trabalho feito totalmente em equipe. Hoje há uma sinergia entre diferentes profissionais, promovendo uma coesão que flui para resultados incrivelmente precisos. A tecnologia BIM – na tradução, Modelagem de Informação da Construção – representa o que existe de mais avançado em aplicação tecnológica para o desenvolvimento de projetos de engenharia e arquitetura. Essa metodologia consiste na construção digital completamente detalhada e precisa, por meio da qual todos os especialistas envolvidos no trabalho interagem, trocam ideias, propõem modificações de modo a tornar o projeto impecavelmente esboçado.

Como disse, essa é uma ferramenta nova, e ela ainda está em processo de aplicação. Mas já é tida como instrumento imprescindível nos escritórios que visam a alcançar novos níveis de excelência, o ápice do momento em que hoje se encontra a engenharia. Se nossos antepassados, com todas as limitações à frente, decidiram sair do status quo rumo à evolução, não seremos nós, com tantas possibilidades à frente, a interromper o plano de crescer sem parar. Trabalharemos com afinco para que amanhã os homens das cavernas não sejamos nós.

* Engenheiro e diretor técnico da Projelet - [email protected]

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Comentários

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Javé - do Outro Lado do Mundo

29 de dezembro, 2021 | 19:58

“O uso da boa tecnologia sempre tem um alto custo, onde as grandes empresas da construção civil procurando ocupar os espaços centrais das cidades, em detrimento da periferia. A luta que se trata entre o homem da caverna e o homem burguês. Risos.”

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