17 de março, de 2021 | 10:00

Infectologista defende medidas restritivas para combate à covid-19

Para Carmelinda Lobato, população está vivendo como se a pandemia não existisse

Arquivo DA
Seguir medidas leves, como uso de máscara, poderia ter evitado o momento caótico da saúdeSeguir medidas leves, como uso de máscara, poderia ter evitado o momento caótico da saúde

Após o governador Romeu Zema detalhar na manhã de terça-feira (16), que a partir desta quarta-feira (17) todas as regiões de Minas Gerais entrarão na onda roxa, fase mais restritiva do programa Minas Consciente para enfrentar a pandemia de covid-19, o assunto tem repercutido em todos os setores. O decreto, a princípio, terá validade por 15 dias. A infectologista de Ipatinga e referência na região, Carmelinda Lobato, avalia a decisão de Zema como necessária e alerta: a população tem levado a vida como se a pandemia não existisse.

Com a determinação estadual, haverá o fechamento de segmentos considerados não essenciais e a restrição à circulação de pessoas entre 20h e 5h.

A médica avalia que, infelizmente, o Vale do Aço necessita de medidas mais duras. Carmelinda explica que desde o fim do ano os técnicos têm elaborado relatórios e pedido que sejam tomadas medidas de fiscalização com relação a aglomeração de pessoas, uso de máscaras e outras medidas mais leves. Segundo a profissional, as ações poderiam ter evitado que se chegasse ao ponto de ter o sistema de saúde totalmente esgotado e pacientes com quadro grave de covid esperando por leito de UTI.

“Ninguém está desassistido até o momento. Os pacientes que precisaram foram remanejados para outras cidades, mas se essas medidas não forem endurecidas, da maneira como foi colocado, vai começar a morrer gente por desassistência, porque não vamos ter condições de atender esses pacientes que vão chegar. Vamos ter de fazer um esforço maior, porque a situação realmente está caótica, infelizmente”, alerta.

Para a infectologista, a vacinação é a maior esperança. A imunização começou, mas Carmelinda lembra que é preciso vacinar muita gente. “Estamos vacinando os grupos prioritários, precisamos da segunda dose para garantir uma efetividade dessa vacina e isso só vamos observar lá o mês de maio ou junho. Tem muito tempo pela frente e essas medidas de isolamento e de precaução precisam sim ser implementadas. É responsabilidade de todo mundo e infelizmente a população está se comportando como se a pandemia não existisse mais. Além disso existe essa apatia que pairou sobre nossos gestores, se ela não existisse poderíamos estar numa situação mais confortável”, aponta.

Para a especialista, as medidas que foram implementadas recentemente no Vale do Aço são muito tímidas, mediante o caos e o alto número de casos confirmados. “Sobre as medidas do governo do estado, elas são boas, mas não serão suficientes para conter a pandemia nesse momento. Deveriam ter sido implementadas por volta do mês de janeiro, para evitar que chegássemos a esse ponto, agora que chegamos nessa situação caótica, vamos ter de implementar medidas mais duras durante alguns dias, se não as pessoas vão começar a morrer por desassistência e nós não queremos isso”, reiterou.

Perspectiva do fim

Questionada sobre haver perspectiva para o fim do furacão que recaiu sobre a saúde, Carmelinda Lobato pondera que é muito difícil prever o fim da pandemia. Ela recorda que o vírus é novo e tem sido observado seu comportamento a cada período. “Temos um alento de esperança com essa vacinação, e somente quando tivermos vacinado os grupos de risco, principalmente os idosos, com as duas doses, passado um período de duas a quatro semanas, imaginamos que as formas graves da doença nesse público irão diminuir”, vislumbra.

Carmelinda acrescenta que somente após esse período será possível pensar na possibilidade de se ter hospitais menos cheios, o que pode ocorrer por volta dos meses de maio ou junho. Para a população em geral, será preciso aplicar a vacina, e somente quando houver de 50 a 60% da população vacinada é que será possível, talvez, pensar numa imunidade de rebanho.

“E também poder relaxar mais nessas medidas preventivas. Por isso é importante ouvir o grupo técnico, o gestor precisa participar mais e participando no momento em que é orientado, com as medidas para aquele momento epidemiológico. Nós acompanhamos os números, esboçamos os gráficos e fazemos as recomendações que precisam ser seguidas em tempo hábil, de modo a evitar que o momento caótico chegue novamente e a gente tenha que tomar medidas mais duras, como as que estão sendo implementadas”, concluiu.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Hélio Cota de Souza

17 de março, 2021 | 16:11

“Infelizmente vivemos em um país onde a insanidade política de nossos governantes reina sobre o conhecimento e ciência.O ego inflado desses políticos não permite que usem a razão e o bom sendo em prol do coletivo.Com isto a população agoniza de todas as formas.
Medidas mais severas já foram necessárias a mais tempo,entretanto, o jogo político e de interesses excusos não permitiram que fossem adotadas e estamos pagando o preço por isto,quer seja no caos na saúde pública,quer seja na economia,onde milhares de brasileiros agonizam pela falta de emprego.
A saída é ter fé, confiar em Deus,pois somente ELE é a nossa esperança de dias melhores.”

Envie seu Comentário