12 de março, de 2023 | 06:00
Muito favorito
Fernando Rocha
A partir das 16h, no modesto Estádio Joaquim Portugal”, em São João del-Rei, com capacidade para apenas 2.303 espectadores, o Atlético inicia a disputa da semifinal do Campeonato Mineiro, onde busca o tetra, contra o motivado Athletic Club, que chega pela segunda vez consecutiva à fase final da competição.Por conta do jogo decisivo de quarta-feira pela pré-Libertadores, frente ao Millonarios da Colômbia, no Mineirão, que vale classificação à fase de grupos e muito dinheiro no cofre, algo que o clube está precisando demais da conta, o técnico Eduardo Coudet deve mandar a campo hoje um time composto quase todo por reservas, o que não diminui o seu favoritismo para vencer a partida.
Somente três atletas de todo o grupo alvinegro, que atuaram em todos os jogos do Atlético na temporada, devem começar a partida de hoje: o goleiro Everson e os meias Igor Gomes e Hyoran.
Certamente, o Athletic não será a mesma vaca morta como foi o Democrata, em Governador Valadares, na semana passada, mas também não espero surpresa alguma de sua parte, pois com esse time reserva, se entrosado, o Galo poderia disputar até o Campeonato Brasileiro, sem fazer raiva ou passar vergonha na sua torcida.
Rasgou o verbo
Diante dos maus resultados e do fraco desempenho do time na fase de classificação do Campeonato Mineiro, o dono da SAF/Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno, foi à uma rede social responder todas as críticas que a sua administração vem sofrendo, o que repercutiu intensamente junto à torcida celeste.
O Fenômeno parecia muito irritado com as críticas, algumas bastante ácidas, às quais ele não está acostumado, e rasgou o verbo usando até palavras chulas nas respostas. Concordo, plenamente, com tudo que o disse sobre herança maldita”, dívidas herdadas de diretorias anteriores, política de pés no chão para realizar contratações, mas não se pode dizer que está tudo certo, pois os resultados e as atuações pífias do time até então dizem o contrário.
Foram dispensados do time campeão da Série B e contratados quase duas dezenas de jogadores, a maioria deles desconhecidos ou encostados em seus clubes, sendo que a maior mais esquisita foi a contratação de Wesley junto ao Palmeiras, que teria custado R$ 18 milhões, e hoje o jogador é reserva no time de Paulo Pezzolano.
A chegada do ex-jogador DAlessandro, para comandar o Departamento de Futebol, pode ser positiva no sentido de melhorar a qualidade das escolhas de reforços que ainda virão, mas, para quem tem de medir a água e o fubá para fazer o angu de cada dia, o estrago já causado pela má gestão desse setor é fato, e não adianta fazer beicinho, ficar nervosinho, pois não há como negar.
FIM DE PAPO
Ronaldo Fenômeno falou, também, sobre a crise com o Mineirão, que obrigou o clube, neste 2023, a mandar seus jogos no Independência ou até em estados vizinhos, como o Espírito Santo. Disse que o Cruzeiro não aceita as altas taxas” cobradas pela Minas Arena, gestora do estádio. Disse, ainda, que o Mineirão foi outra herança maldita”, já que ainda paga por dívidas com o Mineirão deixadas pela associação. Afirmou que essa briga vai demorar, mas espera que mais adiante o Mineirão seja, de fato, do Cruzeiro.
Nasci e cresci aqui, nestes nossos grotões, ouvindo meu saudoso pai dizer que mais vale um mau acordo do que uma boa briga”. Apesar das taxas abusivas” cobradas pela administração do Mineirão, jogar no estádio para 50 mil ou 60 mil pagantes será sempre mais do que mandar jogos no acanhado Independência, para no máximo 22 mil torcedores, mesmo com despesas menores. Sem contar o ganho técnico pelo apoio maciço da torcida celeste ao time.
Ronaldo está perdendo a chance ou o momento certo de recuar, sem prejuízo à sua imagem, sem fraquejar. Ao contrário, se o fizer agora, antes do início do Campeonato Brasileiro, seria o oposto, uma demonstração de inteligência ou de que estaria no comando de suas emoções. Ganharia, também, um tempo essencial para refletir melhor sobre a situação, reorganizar as suas ideias, angariar mais apoio para desenvolver uma estratégia ofensiva superior, que pudesse levar à solução que atenda aos interesses do clube.
A Minas Arena está agindo dentro do contrato firmado pelo então governador e hoje deputado federal Aécio Neves, que entregou de bandeja o nosso maior estádio às empreiteiras, que financiaram as reformas para a Copa do Mundo de 2014. Para tirar os atuais gestores e entregar o Mineirão para o Cruzeiro chamar de seu, o governo atual precisaria desembolsar algo em torno de R$ 400 milhões. Com tantas demandas prioritárias na frente, mesmo que queira tomar alguma atitude em favor da Raposa, o governo estadual vai pensar setenta e sete vezes antes de se decidir. "O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes", ensinou há tempos o italiano Arrigo Sacchi, em uma das mais felizes frases da história. (Fecha o pano!)
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