31 de dezembro, de 2025 | 08:00
IA: o futuro que nos espera
Antônio Nahas Júnior *
A Fundação Dom Cabral fez webinar para seus clientes com a futurista (existe a profissão), pesquisadora e palestrante Sabina Deweik. Fomos convidados, pois nossa empresa - NMC - é cliente da Fundação, com muito orgulho. Comecei a assistir com certo ceticismo. Afinal, prever o futuro não é lá muito fácil.
Mas logo mudei de ideia. A palestra foi um espetáculo. Didática, convincente e cheia de informações úteis a quem precisa entender um pouco melhor as transformações do mundo em que vivemos.
Para começar, ela define a época atual como Tempo Gasoso: estamos entrando num superciclo tecnológico, encabeçado pela inteligência artificial, em que tudo muda muito, mas muito rapidamente. Este superciclo, segundo Sabina, será tão agudo e vasto quanto a popularização da internet, que transformou definitivamente a nossa vida. Nossas relações sociais, a educação, compras, processo de trabalho, tudo passou por grandes mudanças. A IA fará o mesmo. Por isso, estamos saindo da modernidade líquida, tal como fora definida nossa era por profissionais do ramo, para o que passou a ser definido como modernidade gasosa.
Sabina cita o grande escritor egípcio Yuval Noah Harari, autor de Sapiens, Homo Deus e tantos outros livros maravilhosos, para explicar a razão. Segundo ele, até os dias de hoje, as tecnologias criadas pela humanidade foram ferramentas e instrumentos para nossa ação. A partir de agora, uma grande mudança: a IA toma decisões e se torna sujeito das ações humanas. A IA não é uma ferramenta. Ela é um agente. No sentido de que ela pode tomar decisões independente de nós, humanos, pode inventar novas ideias, pode aprender e mudar por ela mesma.”
O uso da IA de forma indiscriminada já nos traz consequências. Em 2026, cerca de 90% do conteúdo on-line será criado por IA. O que veremos na internet serão informações geradas, adjetivadas e selecionadas por ela. Este fato leva ao crescimento da desinformação na sociedade. A manipulação de informações terá consequências de toda ordem, devendo levar ao aumento da polarização política. E arremata: a internet morta inaugura o colapso dos vínculos reais.
A futurista coloca alguns dados impressionantes: a maioria dos usuários da IA o faz por absoluta solidão. Nosso cérebro não distingue se falamos com homens ou máquinas, nos ensina.
Soberania cognitiva - estamos entrando num momento em que o citado superciclo tecnológico vai criar uma nova condição humana.
Temos, então, que criar as condições - nas empresas, na nossa vida pessoal - para fazer com que a IA seja uma aliada para melhorar e transformar positivamente nossas vidas.
Estamos saindo da modernidade líquida, tal como fora definida nossa era por profissionais do ramo, para o que passou a ser definido como modernidade gasosa”
Os diretores e gerentes temem que suas empresas fiquem para trás devido a lacunas sobre o entendimento sobre IA por parte de suas equipes. Daí a busca crescente por estas tecnologias, capazes de agregar rapidez e resolutividade à vida empresarial.
Mas há outro lado nesta história: pesquisas de institutos internacionais importantes indicam que o uso frequente de ferramentas de inteligência artificial pode levar a uma redução significativa das habilidades de pensamento crítico, memória e resolução de problemas. É o que está sendo definido como preguiça metacognitiva”.
A partir daí, Sabina lapida o conceito de soberania cognitiva, procurando lançar uma visão positiva do futuro, em que o ser humano não perca o protagonismo da sua própria história. E aponta os quatro aspectos da inteligência humana que a IA não possui, o que nos separa e nos distingue dela: intuição, insight, invenção e imaginação.
Intuição seria a capacidade de perceber padrões e tomar decisões com base em experiência e contextos. Insight seria aprofundar-se nas informações para gerar significado e entendimento real. Invenção é a capacidade do ser humano de criar algo verdadeiramente novo e transformador. E, por último, imaginação, que acho o mais humano de tudo o que foi dito por ela: é nossa capacidade de sermos criativos, visualizar cenários futuros, criar novas possibilidades e conectar ideias inesperadas.
E pontua as seis habilidades humanas essenciais ao futuro: coragem para agir e falhar (que bom que o ser humano falha. É assim que aprendemos); curiosidade para fazer perguntas e aprender; criatividade para gerar coisas onde não há; compaixão para criar empatia com o ser humano; colaboração para somarmos e nos ajudarmos; e conexão, para reforçarmos nosso pertencimento às organizações e à sociedade em que vivemos.
Este universo compõe a soberania cognitiva, uma síntese formada por curadoria, pensamento crítico, discernimento e profundidade.
Vale a pena acompanhar o webinar. Segue o link. Feliz 2026 para nós todos. (1680) 2026: Cenários, Tendências e Como se Preparar para um Futuro Positivo YouTube
* Economista, empresário. Na luta pelo desenvolvimento sustentável do Vale do Aço.
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