23 de dezembro, de 2025 | 07:30

O verbete do ano é ''gatilho da raiva'' e eu ainda acredito na educação

Carlos Alberto Costa *


O “verbete do ano”, pelo dicionário Oxford, em 2025, é “rage bait”, que significa “isca de raiva” ou “gatilho da raiva”, conteúdo online criado propositalmente para gerar raiva, indignação ou frustração, impulsionando o engajamento nas redes sociais. O termo reflete a manipulação emocional e a cultura de conflito digital, superando concorrentes como “aura farming” e “biohack”, e mostra a crescente consciência sobre táticas online.

Nesse contexto, o professor Cláudio Rabelo, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) dá uma aula. Historicamente, os povos que quiseram expandir os seus impérios ou evitar ser invadidos por outro sempre estimularam a raiva de uns contra os outros. E uma constante nessa luta era o uso das novas tecnologias. Aqueles que dominavam as novas tecnologias acabavam conquistando e ampliando cada vez mais seu poder. Um povo que cresceu no uso da clava (arma que consiste em um pedaço de pau) foi dizimado por outro que dominava a espada. Os povos que dominavam a espada eram dizimados por aqueles que dominavam o uso do cavalo em combate. Quem dominava só o cavalo acabou sendo dizimado pelos povos que dominavam as armas de fogo. E hoje grande parte desse domínio está na informação. E, nesse contexto, o emocional sempre moveu as pessoas. A raiva move os humanos.
“O emocional sempre moveu as pessoas. A raiva move os humanos”


Ao longo da história, sempre um povo que queria dominar outro criava histórias, fantasias, para estimular a raiva do outro. Então, neste momento do século XXI, não causa estranheza que o termo do ano seja “gatilho da raiva”. A busca é pela conquista de uma audiência cada vez maior, para gerar alguma monetização ou defender algum lado do espectro político. E quem realmente lucra com tudo isso são as “big techs”, as grandes empresas de tecnologia. Aproveitam-se de que os emocionados não conseguem se conter e geram engajamento.

O problema maior decorre do fato de que, às vezes, esse engajamento se dá por notícias falsas, seja na política, na economia, na sociedade onde as pessoas vivem. Muitas das postagens são baseadas em desinformação. E a única intenção é mexer com o emocional das pessoas. Como proposta para enfrentar tudo isso, não dá para defender outro posicionamento que não seja a educação. Eu ainda acredito na educação como a porta para esse buraco em que as pessoas estão se enfiando.

* Professor aposentado.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário